12 dezembro 2017

Duas Últimas

Há em mim, com um agrado que pode ser pernicioso, uma dimensão de engenheiro de fábrica, preocupado com eficiências, produtividades, agilização de processos, ausência de paragens desnecessárias. Vou a uma repartição, a um self-service, a um serviço e tento perceber qual é o bottleneck, o que encrava o processo ou dificulta a agilização. O pensamento não serve para nada, a não ser para passar o tempo, porque ninguém quer saber da minha opinião.

Ontem fui aos Correios de Alcabideche levantar uma encomenda - no caso vertente um livro. Tirei a senha nº 66. O indicador marcava o 41, o que significava que tinha 25 pessoas à minha frente...

Os Correios, estou em crer, são o serviço mais ineficiente de Portugal. O ritmo é lento, a burocracia grande, a desmotivação deve campear, os processos não são estudados. Queremos uma carta registada com aviso de recepção e preenchemos dois papéis, penso que com muitas informações em comum - um processo que pode demorar quase dez minutos, entre pesagem, carimbo, verificação das informações, etc. 

Chegada a minha hora entreguei a senha, o aviso dos Correios e o cartão de cidadão. A funcionária levantou-se e dirigiu-se a um tabuleiro onde procurou na divisória que tinha cartas. Como estava atento, disse-lhe que era um livro. Ah, obrigada... Se eu não estivesse atento teria voltado atrás para conformar comigo o nome, o posto de correios, o remetente, etc. 

Recebi o livro: Elementos de Retórica Literária. O título é auspicioso, talvez o conteúdo seja tão ligeiro como 40 minutos de espera no posto de Correios de Alcabideche...

Deixo-vos com o tópico cartas de amor. Escrevam-nas, mas não mandem em correio registado com aviso de recepção, a menos que tenham tempo disponível...

JdB

  

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem escreve cartas de amor tem sempre tempo!

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