Faz hoje uma semana que saí de casa para a minha estadia de dois meses no Zimbabué. Despedi-me da Praceta Marquesa do Cadaval, lembrando-me de que já se chamou Praceta projectada à Avenida do Lago. Em termos toponímicos, penso que não se poderia ter batido mais fundo - uma morada assim não tem inspiração, não tem homenagem, não tem futuro, não dignifica o munícipe. Em boa hora a edilidade cascaense se lembrou de substituir a projecção pela nobreza.
Não é sobre endereços, no entanto, que espraio as minhas ideias neste manhã de segunda-feira. Ontem, ao fazer uma caminhada pelas redondezas da embaixada - uma zona de casas boas servidas por uma estrada de qualidade relativamente baixa -, dei por mim a pensar na saudade do que (não) há-de vir. Pensamento singelo? Certamente. Pouco original? Sem dúvida alguma. Interessante? Questiono-me...
Achei sempre que teria saudades do que já passou: as férias em sítios que me encantaram, os tempos felizes da juventude, a sensação intoxicante das paixões, os braços dos meus filhos à volta do pescoço, a cama que lhes compunha numa ternura de protecção paternal. Olhar a saudade era olhar para trás, para aquilo que já foi.
Por uma vez na minha vida - e de uma forma brutal - fui confrontado com o sentimento da nostalgia olhando em frente: tive saudades do que não viveria, não acompanharia, não saberia como ia ser.
Estou em Harare em condições privilegiadas, com mordomias que nunca terei em casa, na companhia de um amigo a quem me ligam confidências, férias, afastamentos e reaproximações. Todas as refeições são uma surpresa; o tempo é esplêndido; adivinham-se, num futuro próximo, viagens ao sul do país - onde os gatos que miam na praceta são substituídos pelos leões que rugem no mato - e a Moçambique, onde nos abasteceremos de praia, encanto, camarão e bacalhau em proporções incertas.
Em mais do que uma ocasião estive ausente de casa uma semana - em trabalho ou lazer - e, quando era novo, muito mais do que isso. Embora, tal como disse ontem, o regresso fosse importante, tudo se passava com uma tranquilidade de alma própria da juventude que ambiciona a ausência, ou com o sossego do quarentão que volta para o conhecido. Em nenhuma ocasião, no entanto, esteve previsto estar dois meses longe. Por isso, ao contrário do que poderia pensar, esta semana foi carregada de saudades, não daqueles que não vi em sete dias, mas daqueles (consistentemente próximos) que não verei nos próximos quarenta e nove.
Estará de regresso? perguntarão alguns mais alarmados (ou mais esperançados, dependendo...) De todo! Ainda não cumpri, nem pouco mais ou menos, o que me trouxe a este país. E por isso fico, acompanhando a nostalgia, que anda de braço dado comigo, com a perspectiva da aventura, que me espreita por cima do ombro.
Porquê este post, então? Se sofresse de bronquite, tomaria um expectorante. Como tenho saudades, decido-me pela escrita.
Adeus, até ao meu regresso...
PS: olhei para o contador que revela a evolução de visitas a este blogue e reparei, num repente que me surpreendeu, que já tive mais de 1000 - não, certamente, um milhar de pesssoas diferentes, mas número igual de espreitadelas. Sinto crescer em mim um frémito juvenil que não me impede, no entanto, de agradecer a quem se aprochega para me ler. Quando chegar aos mil cento e quarenta e três (o número parece-me historicamente entusiasmante) talvez beba uma cerveja local. Sounds exciting...
Bom dia, Gaivota. A tua escrita apura-se galopantemente e vou-te lendo com um gosto crescente. O meu livro começou como vivo agora: sem preocupações com os outros nem medo de desclassificação social. Tenho um vago medo, apenas de que mo rejeitem no fim - a editora, bem entendido. De resto, olha: cá se marcha. Descobri uma nova palavra, que sempre lá esteve, mas acho gira (lembras-te de como gostava de partilhar palavras contigo?): pávido. Estou pávida nalgumas coisas. Pávida. Não é gira. E tu? Andas pávido ou impávido? Um beijo
ResponderEliminarPávido e irrequieto é o antónimo de impávido e sereno? Seja o que seja, já escolhi o flavour of the month... Boas inspirações para si.
ResponderEliminarBy the way - obrigado pelo elogio da escrita. Talvez seja altura de por a referencia ao meu blogue no seu. Se calhar não deslustr, sei lá eu...
É para já, Canguru...
ResponderEliminarOlha, vês? Tentei pôr o teu e consegui esta proeza espantosa: apagar todos os outros links! E agora não sei recolocá-los! Nem o teu nem os dos outros, já viste isto? Espantoso como tu, aí do Zumbanacaneca continuas a determinar a minha vida! Isto!!!!
ResponderEliminarOi,Amiguinho!
ResponderEliminar( não gosto do tratamento Gaivota, Canguru, desse seu anónimo...)
Feita esta introdução percebe que só hoje "pus a escrita em dia".
Li tudo, e fico contente com o que li...
No comentário que tentei enviar do Algarve, onde estive em trabalho, dava notícias, tanto da FTF e sua pujança física, (insiste no galope apressado)como daquele casal, cuja Senhora,não resisto em contar-lhe.
Queriam .... queriam saber!!!
Não, não vou contar aqui.Falo para os colegas de comentários,...ele há história, há, mas é Privada. Fica para depois ...
No "nosso" paredão tudo igual a sempre. De diferente, uns chuviscos.Uma beleza!Este tempo que a todos dá neura dá-me calma.Como dizia uma colega de comentário " deixa-nos ir" e remete-nos à nossa dimensão. Ora chove, ora faz calor , ora vento. Nada , não podemos fazer nada por isso deixemo-nos ir.
De novo, de novidade temos; as derrotas nas olimpíadas do Marco Vasconcelos (só com 1 éle) no Badminton, afectado pelo vento;da pouca sorte do Venâncio e da Diana, nos 200m livres e nos bruços e... resta-nos a esperança da Vanessa que já está em Pequim (acompanhada pela família).
Para alguns anónimos poderá este relato não ter qq interesse mas, amiguinho, isto somos nós, é Portugal.
Ah, quase esquecia, e o assalto ao BES alguém lhe contou? (só se foi em Privado!)
Tivemos tudo em directo na TV, com reféns e tudo. A intervenção policial, a nível olímpico, armas apontadas às cabeças dos reféns , tudo em directo...um filme!(com mortes e tudo)
P.S.Estou menina para meter conversa com a FTF pois sinto que ela me olha como que a perguntar "E ele? Não vem andar? Está doente?"..
Até já,
Ó menina da «escrita em dia»! Quer fazer o favor de não se meter com o meu tratamento canguru-gaivota ao JB? Isto ele há coisas! Se lhe faz nervos faça mais dois paredões ou três para acalmar, boa?
ResponderEliminarOlhe que NAO GOSTAR não é igual a FAZER NERVOS.Eu não gosto.Aceite esta minha humilde, mas sincera, opinião.
ResponderEliminarMas este não é o local para tratar destes "blogs".
Este é o blog do JB e não de um canguru-gaivota, percebeu a diferença?
Se não percebeu , talvez um dia , num desses "andares" de paredão lhe consiga explicar.Sem nervos e com calma. Faço-o melhor a andar do que a escrever.A escrita não é para todos.....
Canguru-gaivota? Esse cruzamento daria um... Gaivuru! Temos que perguntar ao interessado se se importa com o petit-nom, ó assanhadas do paredão! Ele é que pode dizer se gosta ou não...
ResponderEliminarO que tem a dizer a isto, Gaivuru?
(Eu sou a única que não comenta anónima? Isto!!!!)
Ai meu Deus! No que isto se tornou. Não me desgracem mais do que já estou. Não me desgracem, por tudo o que é sagrado na vossa vidinha.
ResponderEliminarResposta a Ana V. Gostaria que me tratassem por senhor major, é uma espécie de fetiche com fardas.
Anónima do paredão: a FTF que reze um mistério por mim, que estou precisado. Histórias privadas agradeço que sejam enviadas para o meu mail. Ouvi o relato do BES pelas notícias portuguesas. Telefonei logo oa meu gestor de ocnta, a perguntar se tinha aplicações em Campolide. Está tudo tão diversificado...
Tchhhhhhhhhhhhh.........
ResponderEliminarMas desde quando é que a Dama do Paredão se tem que pronunciar a respeito dos códigos que travo com o meu amigo JB? E o que significará este insolente e provocatório «percebeu a diferençaaaaa»? Ó João, será que tu ainda tens aqui malta da velha e pouco fosfórica Parada de Cascais? E logo malta da Parada perdida da sua identidade, ou seja, tão longe das suas raízes que já acha «bué» o tratamento de «Oi, Amiguinho»? Oi, Amiga, aproveito então para lhe dizer que escusa de me falar com calma: eu gosto de gritos e de berros e de arroubos e de maquilhagens trágicas. Eu sou pelos excessos, pelo desequilíbrio e pelo delírio infrene. Eu não sou senhora. Sou muito mais do que isso: sou Mulher! Lol
Pronto, pronto, Sr. Major... os fétiches são para serem cumpridos, ora essa. Mas eu não desgostava do anterior, o "Sheik da Tribo"...
ResponderEliminarMeninas anónimas, querem parar de medir forças? lol
Li algures por aqui que existem diversos pontos na vida, ponto de partida, ponto pérola e como diria o humorista "and soi on, and soi on" cheira-me que aqui estamos em ponto de rebuçado!!!! Quer alguém pôr um ponto final ou um ponto nos iii's? De qualquer forma o meu obrigado às anonimas pela nostalgia do regresso ao passado e pela lembrança, com saudade, dos arrufos colegiais.
ResponderEliminarGostaria eu de por um ponto final parágrafo. Sigamos para bingo.
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