Almada Negreiros escreveu algures qualquer coisa como que ninguém é estúpido senão por não saber estar onde está.
Por certo com presunção, acho que corro tal risco de forma particular nestes fóruns novos, que me continuam a deslumbrar. Para que vejam onde quero chegar, esclareço que ponho vírgulas, aspas e tiles nos SMS e me despeço por extenso com beijos e abraços.
É à luz deste registo necessário que compreenderão que, quebrando provavelmente respeitáveis conveniências blogosféricas, vos diga que este encerrar da primeira semana e do plantel (de onde raio terá saído esta extraordinária palavra?) me impõem um "muito obrigado" (ao anfitrião) e vários "prazer em conhecer" (a todos os outros).
Para lá da qualidade e profunda sensibilidade a que o J.B. nos foi habituando nos seus textos, antevejo-me com gosto com A.T.M. no banco do Largo da Boa Hora (a introdução é notável) e a seguir fiel as dicas de Mónica Bello (a julgar pela amostra, a coisa será surpreendente - ouviram a moçambicana Stella Mendonça a cantar Porgy and Bess?). Aguardarei com expectativa as cachimbadas opiómanas que g.i. nos promete, serei decerto apresentado à humanidade de várias Marias (Donas e meninas) por DaLheGas e antecipo com curiosidade as viagens do nosso confrade J. Buggs (súbdito de Sua Majestade?) pelo seu País.
E, posto isto, retomo as minhas histórias:
O começo das histórias
O apanhador da lua
sacudiu a chuva,
dobrou com cuidado a noite
e guardou o céu já gasto.
Aproveitou o alvor precoce,
sacou do orvalho ainda bom
com que esfregar a cara
e pôs o penduricalho de sempre
com um sol bordado
pendurado ao fundo.
Na abundância dos pormenores
contou pelos dedos
todas as histórias:
História para vos receber
“Pintei de bosque por dentro
o sitio dos meus dias.
Deixei inacabado o tecto em branco
(que não é cor nenhuma),
e vai bem com a madeira velha
nas portadas e pelo chão
(que também não).
Desarrumei para vos receber
este canto donde vos conto as cores.
Desarrumei-o
porque é assim que os bosques devem ser,
com pernadas fora do sitio
e folhas e livros despenteados pelos cantos.
A ideia é que entrem e se acomodem
ou cavem ou plantem
ou tentem o mais difícil
que é estar calados por dentro.
A ideia é que fiquem coisas novas à passagem,
que deixem marcas na erva
e escrevam o vosso nome a canivete
numa palavra qualquer que vos venha à cabeça.
Aproveitem as correntes de ar
para embalar o que pensam
e deixem depois o que pensarem
pendurado num galho, como se fosse fruta
porque há sempre quem venha mais atrás.
A ideia é essa ou outra que vos venha
e a regra é deixar, ao sair, a porta aberta.”
Por certo com presunção, acho que corro tal risco de forma particular nestes fóruns novos, que me continuam a deslumbrar. Para que vejam onde quero chegar, esclareço que ponho vírgulas, aspas e tiles nos SMS e me despeço por extenso com beijos e abraços.
É à luz deste registo necessário que compreenderão que, quebrando provavelmente respeitáveis conveniências blogosféricas, vos diga que este encerrar da primeira semana e do plantel (de onde raio terá saído esta extraordinária palavra?) me impõem um "muito obrigado" (ao anfitrião) e vários "prazer em conhecer" (a todos os outros).
Para lá da qualidade e profunda sensibilidade a que o J.B. nos foi habituando nos seus textos, antevejo-me com gosto com A.T.M. no banco do Largo da Boa Hora (a introdução é notável) e a seguir fiel as dicas de Mónica Bello (a julgar pela amostra, a coisa será surpreendente - ouviram a moçambicana Stella Mendonça a cantar Porgy and Bess?). Aguardarei com expectativa as cachimbadas opiómanas que g.i. nos promete, serei decerto apresentado à humanidade de várias Marias (Donas e meninas) por DaLheGas e antecipo com curiosidade as viagens do nosso confrade J. Buggs (súbdito de Sua Majestade?) pelo seu País.
E, posto isto, retomo as minhas histórias:
O começo das histórias
O apanhador da lua
sacudiu a chuva,
dobrou com cuidado a noite
e guardou o céu já gasto.
Aproveitou o alvor precoce,
sacou do orvalho ainda bom
com que esfregar a cara
e pôs o penduricalho de sempre
com um sol bordado
pendurado ao fundo.
Na abundância dos pormenores
contou pelos dedos
todas as histórias:
História para vos receber
“Pintei de bosque por dentro
o sitio dos meus dias.
Deixei inacabado o tecto em branco
(que não é cor nenhuma),
e vai bem com a madeira velha
nas portadas e pelo chão
(que também não).
Desarrumei para vos receber
este canto donde vos conto as cores.
Desarrumei-o
porque é assim que os bosques devem ser,
com pernadas fora do sitio
e folhas e livros despenteados pelos cantos.
A ideia é que entrem e se acomodem
ou cavem ou plantem
ou tentem o mais difícil
que é estar calados por dentro.
A ideia é que fiquem coisas novas à passagem,
que deixem marcas na erva
e escrevam o vosso nome a canivete
numa palavra qualquer que vos venha à cabeça.
Aproveitem as correntes de ar
para embalar o que pensam
e deixem depois o que pensarem
pendurado num galho, como se fosse fruta
porque há sempre quem venha mais atrás.
A ideia é essa ou outra que vos venha
e a regra é deixar, ao sair, a porta aberta.”
JCN
Posso entrar? Gostei do desalinho, não intimida, é confortável, dá-nos espaço á alma.
ResponderEliminarJBê: eu renomeava este colaborador por mérito. JdaConservaçãodaNatureza
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