digo-te:
desculpa-me a ternura em que tropeço
a cada instante.
desculpa-me o laços que ato e desato
e assim por diante.
desculpa-me a total falta de esqueleto
a todo o tempo.
desculpa-me a lentidão da alma, de resto,
mais a falha no fermento.
desculpa-me a raiva emudecida e trôpega
em qualquer estação.
desculpa-me a inutilidade doce e sôfrega
ah, meu animal de estimação.
desculpa o versejar melancólico e triste
hábito de criança.
desculpa-me o trovejar intenso e febril
esta falta de esperança.
desculpa-me tudo, melhor, desculpa-me todo
só não me desculpes, nenhuma vez nem mil,
a sobriedade do azul-rosa e do preto-anil,
epigramas infames sob a capa quase dócil,
uma forma de dizer sim com um 'a com til'.
e tu dizes:
s-i-m-o-u-n-ã-o-afinal-então?
e rematas com gelado gelo
este episódio de coroação,
majestosa tristeza soberba,
minha fiel ave de arribação.
gi
* título de poema da por nós mui amada ana luísa amaral.
As melhores viagens são, por vezes, aquelas em que partimos ontem e regressamos muitos anos antes
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1 comentário:
na hora da desculpa, tivéssemos todos este, em papelinho impresso no fundo de um bolso. é de fazer outdoors! beijas :)
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