Ainda não tenho idade suficiente para ter desconto sénior no cinema, por isso não sei até que ponto é indicado começar uma frase da maneira seguinte. Mas aqui segue o atrevimento...
Ainda sou do tempo em que ver o Natal dos Hospitais era uma actividade da quadra em questão que quase rivalizava com a ceia, ou até mesmo com o nascimento do Menino. Era uma tarde inteira passada à frente da televisão, em que as pausas para casa de banho ou para trincar uma bucha tinham obrigatoriamente de coincidir com os intervalos do programa. Eram cinco ou seis horas do melhor que o entretenimento nacional tinha para dar.
E, infelizmente, o Natal dos Hospitais continua a oferecer o melhor que o entretenimento nacional tem para dar. Mas este já não entretêm. Desde bailarinas com fatos 100% poliéster a abanar as ancas ao som de uma musica de Natal tocada em xilofone, à Ruth Marlene a dizer com um ar atrevido e maroto a crianças de oito e nove anos frases do calibre de ‘quando o rapaz quer mexer sem ter licença’, passando ainda por bandas com tão pouca qualidade que não conseguem coordenar os tempos e os instrumentos com os do playback, e acabando no triste número dos tristes palhaços tristes.
Isto para não referir que toda a emissão era um pingue-pongue entre o Hospital de São João no Porto e um outro qualquer na capital. Já não chega ser só um hospital, é preciso espalhar o mal pelas aldeias. E para isto funcionar, é preciso então procurar o dobro da falta de talento que seria preciso se continuássemos com o modelo mono-hospital. Isso no entanto tem a vantagem de dar o dobro da diversão que teríamos com esse sistema.
Na Invicta tínhamos o Jorge Gabriel e a Sónia Araújo, que ganhou um lugar no Guiness pelo sorriso aguentado durante mais tempo. Na capital tínhamos o João Baião, que apresenta qualquer coisa, desde que o possa fazer aos pulos. E todas as nove horas de emissão (sim porque agora este certame arranca logo depois das notícias da manhã) foram um demorado jogo do empurra com a emissão entre Porto e Lisboa.
A melhor coisa que saiu deste espectáculo foi o facto da economia portuguesa ter estagnado no último trimestre apenas devido ao boom da venda de gorros de Pai-Natal. Porque as pessoas só se divertem realmente quando põem um gorro que pisca na cabeça.
Tirem-me a ceia e o jantar de Natal, os sonhos e as rabanadas, a Família e o nascimento do Menino, o Presépio e a árvore de Natal, só peço que me devolvam o meu Natal dos Hospitais.
SdB (III)
Ainda sou do tempo em que ver o Natal dos Hospitais era uma actividade da quadra em questão que quase rivalizava com a ceia, ou até mesmo com o nascimento do Menino. Era uma tarde inteira passada à frente da televisão, em que as pausas para casa de banho ou para trincar uma bucha tinham obrigatoriamente de coincidir com os intervalos do programa. Eram cinco ou seis horas do melhor que o entretenimento nacional tinha para dar.
E, infelizmente, o Natal dos Hospitais continua a oferecer o melhor que o entretenimento nacional tem para dar. Mas este já não entretêm. Desde bailarinas com fatos 100% poliéster a abanar as ancas ao som de uma musica de Natal tocada em xilofone, à Ruth Marlene a dizer com um ar atrevido e maroto a crianças de oito e nove anos frases do calibre de ‘quando o rapaz quer mexer sem ter licença’, passando ainda por bandas com tão pouca qualidade que não conseguem coordenar os tempos e os instrumentos com os do playback, e acabando no triste número dos tristes palhaços tristes.
Isto para não referir que toda a emissão era um pingue-pongue entre o Hospital de São João no Porto e um outro qualquer na capital. Já não chega ser só um hospital, é preciso espalhar o mal pelas aldeias. E para isto funcionar, é preciso então procurar o dobro da falta de talento que seria preciso se continuássemos com o modelo mono-hospital. Isso no entanto tem a vantagem de dar o dobro da diversão que teríamos com esse sistema.
Na Invicta tínhamos o Jorge Gabriel e a Sónia Araújo, que ganhou um lugar no Guiness pelo sorriso aguentado durante mais tempo. Na capital tínhamos o João Baião, que apresenta qualquer coisa, desde que o possa fazer aos pulos. E todas as nove horas de emissão (sim porque agora este certame arranca logo depois das notícias da manhã) foram um demorado jogo do empurra com a emissão entre Porto e Lisboa.
A melhor coisa que saiu deste espectáculo foi o facto da economia portuguesa ter estagnado no último trimestre apenas devido ao boom da venda de gorros de Pai-Natal. Porque as pessoas só se divertem realmente quando põem um gorro que pisca na cabeça.
Tirem-me a ceia e o jantar de Natal, os sonhos e as rabanadas, a Família e o nascimento do Menino, o Presépio e a árvore de Natal, só peço que me devolvam o meu Natal dos Hospitais.
SdB (III)
É verdade, o velho Natal dos Hospitais. Era tão giro! Fazia parte do Natal, era uma festa calorosa, sentida, tinha tudo a ver com a quadra. Ainda bem que o recordou aqui. Gostei imenso do humor que permeia as descrições. Bom Natal. pcp
ResponderEliminarObrigado pcp! Bom Natal também.
ResponderEliminarSdB
Este ano vi o Natal dos Hospitais num Hospital e na situação de doente. A conclusão a que cheguei é semelhante à sua, devolvam-me o antigo, sff.
ResponderEliminarFeliz Natal, João. Saúde e paz para si e para os seus.
Parabéns pelo texto mano. I'm proud of you every single day. T.
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