16 julho 2010

uma forma de oração

em istambul, como em lisboa,
é para o mar que caminhamos,

enquanto imaginamos o olho de falcão
que pelas costas nos captura,

enquadrando-nos para sempre
num polaroid de figuras distintas

- palavra que nos salva dessoutra:
um polaroid de figuras extintas.

em istambul, como em lisboa,
a nossa vez já passou a livro encadernado.

mas de lágrima janota e flor ao peito
fingimos sóis e estrelas em formato digital,

mantemos aparências, dignidade,
calorífero em mínimos serviços mínimos.

entretanto, a tarde cai aqui bem perto
contra meu coração feito em farrapos,

e flutua em mim a memória próxima da menina da loja
que cheirava a passado, a felicidade, ao

teu perfume e cabelo, ao teu nome ao vento,
coisas assim - detalhes que mais ninguém vê.

homens como eu são lugares mal situados
- diria o daniel faria se fosse vivo sobre a Terra.

mas ele vive em mim, ao som dos the go-betweens.
apologies accepted, my Lord. e ajoelho.


gi.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom dia Gi,

Hoje a sua poesia traz um cheirinho a maresia. Que bom!

And finishes with a defiant attitude...

Tenho que ir. Obrigada por este bocadinho no começo do dia.

Maria Lemos

ZdT disse...

Um mimo, como é costume.

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