30 abril 2011

Pensamentos impensados

Esta pode ter várias interpretações
Portugal terá cromos ou bonecos para a troika?

Por que é que Deus mandou um dilúvio e não uma seca? Porque sabia que Noé não tinha capacidade para fazer um aquário que comportasse baleias, orcas, golfinhos, etc.

Os arrumadores de automóveis deveriam estar sindicalizados, criando-se o Sindicato da Gorjeta. Pensando melhor, visto tratar-de de uma profissão liberal, deveria ser a Ordem da Gorgeta, e os arrumadores que têm uns papeis enrolados em forma de bastão, seriam os bastonários.

O quadrado da mulher obtusa é igual à soma do quadrado dos patetas.

Dadas as trapalhadas com as "off shores", seria salutar criar o Mi(ni)stério dos Negócios no Estrangeiro.

Os sem-abrigo dormem em cima de cartões; não sei se não seria preferível estarem em maus lençóis.

Não é costume, em Portugal, os Presidentes da República terem cognomes; caso fosse, Cavaco Silva seria cognominado o "não comento".

Anedota ouvida por aí:
Diz o cavalheiro: a senhora tem uns dentes lindíssimos, tanto um como o outro.


SdB (I)

29 abril 2011

der himmel über lissabon

ler-te, hoje,

foi como ter wim wenders
e a sua corte de anjos brandos
sob os céus brancos de lisboa.

(eu disse sob.)

gi.

28 abril 2011

Deixa-me rir...

"Caros audiophiles, before I introduce this week's musical composer Philip Glass, let me mention that last week I took my 13 year old nephew to London's Design Museum to see an exhibition of 100 Innovative Designs of 2010. My nephew likes creating and constructing things, currently he is building a boat in the garden, and his ambition one day is to be an aeronautical engineer.
The exhibition is split into seven disciplines - architecture, fashion, furniture, graphics, interactive, product and transport - and illustrates the expanding range of design and its influential role in shaping society. Many designs offer support to communities or provide life-saving solutions for developing countries. Other designs are less evident in their impact but still offer important solutions to aspects of our daily life such as seating and transport. To reflect current trends in design and culture, the exhibition is orientated around five themes - city, play, learn, home, and share.
One notable trend is the emergence of the iPad and other tablet devices. Advances in portable touch-screen technology have produced an accessible new archetype which is leading innovation in content, in design and in the human interface for applications.
Another continuing trend is the presence of sustainable and environmental design. Sustainable elements are now being embedded within a design, an indicator that sustainability is becoming the rule instead of the exception in our social lives.
One of the most amazing designs that I viewed was (a video of) the UK Pavilion at the Shanghai Expo 2010. It is called the Seed Cathedral, and is constructed of 60,000 7-metre transparent acrylic pipes each containing at its end the seed of a different plant taken from Kew Gardens Botanical Seed Bank near London. The interior of this 'cathedral' is illuminated only by daylight filtering through each pipe, The concept is that each 'optical filament' contains the potential for life. The Expo has now closed, and the Seed Cathedral, like seeds in the wind, has been taken apart and each pipe has been distributed to schools in China and the UK to inspire our future generations.
Here is a video showing this amazing project. I don't particularly like the accompanying music, but you can mute the volume if you prefer.
I urge you also to search for other videos of the Shanghai Expo. Its theme was Better City Better Life, and some of the other pavilions and displays such as Urban Panet are extraordinary.



And so I was reminded of a video of the New York City Expo 1964, which is accompanied by the haunting beautiful rhythmic harmonic repetitive looping music ofPhilip Glass. This piece is called Façades from his album Glassworks, but, ironically in our context here, the piece was originally an un-used part of the musical score that Philip Glass wrote for the film Koyaanisqatsi (meaning 'unbalanced life' in the language of the Hopi Indians) which shows the apocalyptic clash between two cultures: that of city life and its technology and that of nature. The music accompanied the film's apocalyptic images of the façades and skyscrapers of a deserted New York.



A proxima.

PO

27 abril 2011

30 Day

Para descomprimir há quem durma a sesta, quem cozinhe, quem faça desporto, e existe quem opte por fazer listas. Dos mais variados assuntos. Não me enquadro nesta categoria, mas talvez no público deste estabelecimento exista alguém assim. E são essas pessoas o público-alvo do post de hoje.

Descobri (melhor dizendo, foi-me dado a descobrir) na internet um desafio chamado 30 Day Song Challenge. Existe também o 30 Day Movie Challenge e o Book Challenge. Quanto ao dos filmes, a minha cultura cinematográfica é muito pobrezinha. Não sou um cinéfilo. Adorava conseguir dizer frases como 'este filme é um thriller minimalista ou um dramalhão barulhento', como ouvi hoje de um crítico de cinema, mas a minha criatividade não chega a tanto. Por isso seria dificil fazer este desafio tendo como universo de escolha só blockbusters que, confesso, é até onde vai o meu conhecimento.

Quanto ao book challenge, também também aqui se põe um problema grande. Por si só seria um grande desafio escrever 30 livros que já tenha lido. O meu interesse pela leitura é muito recente. E quando digo recente, não é um eufemismo. Fazendo um paralelo com o crescimento de uma criança, o meu interesse pelos livros ainda não começou a gatinhar.

Mas o 30 Day Song Challenge é uma ideia muito interessante. Nesta área já sei o suficiente para isto ser, como o título sugere, um desafio. Passo a explicar. Existe um conjunto de categorias, uma para cada dia, que são, por exemplo, a música preferida, uma música que se saiba tocar num instrumento, uma música de uma banda que se odeie, etc. Enquanto alguns desafios são bastante óbvios, outros obrigam a que se pense durante um bocado, e geralmente daqui saem escolhas muito interessantes.

Dou como exemplo de uma escolha minha o desafio do dia 29 - A Song From Your Childhood. A que eu escolhi segue abaixo. Escolhi-a porque, tanto quanto eu me consiga lembrar, quem canta foi a minha primeira banda preferida, e o CD do Best Of ouvia-se em repeat cá por casa.

E deixo como proposta para a blogosfera o dia que acho mais difícil: Day 15 - A Song That Describes You.



SdB(III)

26 abril 2011

Duas últimas

Começa hoje o Harare International Festival of Arts (HIFA). Para quem vive no Zimbabwe, como eu, esta é uma semana fantástica, durante a qual é possível tirar a barriga da miséria cultural que este país vive ao longo do resto do ano. São espectáculos musicais, teatro, leitura de poesia, dança e todas as demais manifestações artísticas que se possam imaginar, interpretadas por gente de todo o mundo, com estilos o mais diferentes possível.

À frente do Festival estão dois irmãos luso-descendentes, Manuel Bagorro e Maria Wilson, que à custa de muita perseverança têm conseguido ano após ano reinventar esta iniciativa contrariando a vontade do regime (ainda) no poder no Zimbabwe que odeia o multi-culturalismo e a diversidade. Mesmo quando a inflação em 2008 chegou aos 23 mil milhões ao ano e um simples pão custava 100 triliões de dólares zimbabweanos, o HIFA não deixou de realizar-se e nem sequer baixou o nível das actuações.

Este ano vou assistir a ópera, música tradicional zimbabweana, jazz moçambicano, flamenco espanhol, rock americano, música italiana, música cabo-verdeana, música nigero-alemã, dança indiana, teatro inglês, teatro zimbabweano e fado portuguesíssimo interpretado por Jorge Fernando e Fabia Rebordão, acompanhados por Guilherme Banza. E a mais não posso ir porque há vários espectáculos a ocorrerem ao mesmo tempo e eu não tenho o dom da ubiquidade.

O post de hoje é de alguém que, para minha pena, não vai estar no HIFA. A voz é do melhor, a presença muito agradável à vista e a interpretação do "Come Together" dos Beatles de arrepiar. Minhas senhoras e meus senhores: "Sugarland".



JdC

25 abril 2011

Vai um gin do Peter’s ?

A dupla dos manos Coen está de volta com um filme que viu fugir-lhe tudo o que era Óscar, embora fosse candidato a dez. «INDOMÁVEL»(1) corresponde à tradução do original «True Grit», um osso (um pedregulho) duro de roer, bem à maneira daqueles realizadores.

Genericamente, o segmento dos indomáveis está sempre na mira dos manos. Mais do que os inteligentes e sobredotados, interessa-lhes o engenho aguçado pela necessidade, os homens de vontade férrea – essa força intrépida e muito pragmática que parece modelar o rumo da história. Escolhem sistematicamente os impermeáveis às contrariedades, erradicando-as à velocidade da luz, sem hesitar. Mas não se confunda com violência gratuita. Tudo reside no uso de meios de defesa/ataque desproporcionados, na lógica de eliminar mosquitos à pistola, se for essa a arma de estimação do indomável. Trata-se, portanto, de um problema de escala, e nem tanto de um combate sem motivos.

É hábil o título adoptado em Portugal, cingindo-se a um adjectivo de género indefinido, que omite o artigo definido para manter o desejável ecletismo. Porque permanece a dúvida sobre a personagem a quem melhor se aplica. Isso é óbvio nas primeiras cenas, mal a adolescente assume o comando da aventura, embora o atributo seja usado, a primeira vez, para caracterizar um US Marshal recomendável para a caça ao homem. Correspondia ao candidato preferido por Mattie (já irredutível aos 14 anos!), embora não fosse o primeiro na hierarquia do xerife. Simplesmente era o perfil do perseguidor destemido, implacável, que melhor se adequaria ao trabalho em questão, no entender dela.

Wayne (séc. XX) vs Jeff Bridges (séc. XXI) no papel de Marshal Reuben

O comportamento daquele true grit no tribunal confirmou a preferência da miúda, apesar de envelhecido, cego de um olho tapado à pirata (sem o menor complexo) ou o feitio áspero, a roçar a insolência. Basicamente: truculento, provocador e insensível ao perigo, como se pretendia. Claro que a vivacidade já hiper profissional dos advogados americanos, num povoado perdido do faroeste, no remoto século XIX, também estimulava o exercício da defesa e a aplicação eficiente da autoridade. Aliás, para imprimir maior celeridade ao processo judicial, a população também fazia justiça por mãos próprias, reclamando a pena capital e engrenando rapidamente na espiral de vingança, com a óbvia escalada de violência. Um western ao gosto dos manos Coen!

Intencionalmente, o filme dispara na cena da forca de três fora-da-lei, aplaudida por uma multidão justiceira. Percebe-se que é um momento inspirador para Mattie, obcecada por vingar o assassinato do pai, perpetrado por um ajudante traidor.

Estamos na era da corrida ao ouro e da ocupação de um território imenso, no interior do Novo Mundo. Ali proliferam os desordeiros, os colonos ávidos de dinheiro fácil, os aventureiros dispostos a tudo e uma polícia igualmente rápida a disparar o gatilho… Matar ou morrer decidia-se em centésimos de segundo, sem o menor prurido.

O humor cáustico dos Coen percorre toda a narrativa, sobretudo no irreverente Marshal contratado por Mattie. O seu estilo impiedoso parece uma extensão natural da paisagem agreste, pedregosa e árida do faroeste, onde acabamos contaminados pela sede aflitiva que nos atinge do lado de cá do ecrã... Sobrevive-se a custo naquele universo estéril, quase letal.

Ou sol ardente ou saraivada de granizo.

A primeira readaptação ao cinema, em 1969, valeu um Óscar a John Wayne, um senhor cowboy. Ou será ao contrário? Em 2010, o argumento trabalhado por Joel e Ethan Coen, a partir do livro de Charles Portis (1968), repõe o ambiente do Oeste e o difícil entendimento entre aqueles cavaleiros solitários, que apenas se dispõem a coordenar esforços para actuar em quadrilha nos assaltos e nas emboscadas. De resto, cada um por si e todos contra o xerife. Individualismo puro e duro.

Sobejava-lhe em irreverência e coragem o que lhe faltava em experiência e idade.

Foi nesse cenário inóspito que a adolescente – com a copa do chapéu do pai recheada a papel para lhe assentar bem na cabeça– se arvorou em polícia e se viu forçada a gerir os egos dos seus imprescindíveis colaboradores na caça ao homem. Ela própria era indomável, pelo que o trio só podia resultar no expoente da indomabilidade. A ponto de compensarem apenas com indomabilidade os inúmeros handicaps da sua equipa, completamente disfuncional! Incapazes de dialogar, ficavam-se por negociações ferozes ou monólogos egocêntricos. Qualquer tentativa de organização esbarrava no espírito fracturante de todos contra todos. Imprevistamente, sintonizavam de imediato na frente de combate, ao assumir o mesmo inimigo e dar prioridade absoluta à defesa mútua. Redundavam, assim, nos melhores aliados, mal o perigo espreitava. Sem lamechices nem afinidades e com muitíssimas razões de queixa do parceiro. Mas nem por isso menos capazes de gestos nobres em favor de um dos três, constantemente a arriscarem a vida sem a menor prudência. Por isso, quase no final sobressai o heroísmo generoso na luta, até ao limite das forças, para salvar um dos irritantes do trio.

Apesar da crueza genérica de mais um filme assinado pelos Coen, percebe-se que sejam poéticas as imagens pós-tiroteio, numa corrida desigual contra o tempo. A silhueta do true grit a cavalgar num deserto infindável, com Mattie nos braços, esfuma-se em tons azuis, que quase recortam no horizonte glacial uma Pieta do faroeste, claro que bem menos majestosa, mas muito empenhada em debelar o inimigo mais indomável – a morte!

Nota - esta imagem com pouca resolução não faz jus à qualidade da fotogr. original.

Percebe-se a decisão do Marshal de desistir da segunda tranche dos seus merecidos honorários, depois do trabalho cumprido. Aquela aventura sangrenta e justiceira tinha-se convertido numa missão de certo modo fraterna, a três. O dinheiro negociado para a caçada perdera a razão de ser. A lei da bala esgotara o seu alcance e já não servira o último empenho do seu coração – talvez o mais positivo de uma longa carreira de pistoleiro de sucesso. Assim, percebe-se que um atirador tão mortífero tenha mudado radicalmente de profissão (só podia) depois de uma aventura que culminara num esforço em favor da vida. Passou a dedicar-se a um circo itinerante, apostado em divertir as criancinhas do faroeste.

Insólito mas verosímil, como as flores raras que despontam por entre as pedras. No fundo, acreditamos bem pouco no ser humano, capaz de volte-faces incríveis. Não será esse o desafio da quadra pascal, porque Alguém reinveste em nós, ano após ano? Boa Páscoa a todos!




Maria Zarco

(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas, numa Segunda)

__________________________

(1) FICHA TÉCNICA

Título original: True Grit

Título traduzido em Portugal: Indomável

Realização: Joel Coen, Ethan Coen

Argumento: Joel Coen, Ethan Coen

Produtores: Steven Spielberg (entre outros)

Produção: Paramount Pictures

Banda sonora: Carter Burwell

Edição de som: Skip Lievsay e Craig Berkey

Fotografia: Roger Deakins

Duração: 110 min.

Ano: 2010
País: EUA

Elenco
Jeff Bridges (US Marshal, apelidado de «true grit»)

Matt Damon (Ranger texano)

Hailee Steinfeld (a mais precoce dos 3 indomáveis)

Josh Brolin (o assassino na mira dos justiceiros)

Site official - http://www.truegritmovie.com/



24 abril 2011

Domingo de Páscoa

Hoje é Domingo (de Páscoa) e eu não esqueço a minha condição de católico.

Por todo o mundo cristão se celebra a vitória sobre a morte e sobre o pecado. É dia de alegria, de sinos que tocam, de aleluias cantados universalmente. Nada faria sentido para nós se não houvesse este Domingo em que se celebra a ressurreição de Cristo.

Termina o Tríduo Pascal. Desde 5ª feira que, ao longo das várias celebrações, vamos ouvindo expressões como serviço, humildade, conversão, reconciliação, amor sem limites. As cerimónias podem ser pesadas, demoradas, tristes, para um mundo que confunde vagar com ineficácia, elevação com maçada. Fica-nos o desafio da lembrança e da vivência do que é verdadeiramente relevante.

Teologicamente, nada é mais importante do que celebrar o Domingo de Páscoa. Mas - e vão perdoar-me a aparente heresia - a ressurreição de Cristo está no domínio do transcendental, do divino, da fé. É importante? Claro que é, mas a um nível sobre o qual nem me atreveria a perorar, porque me falta sabedoria para tanto.

No entanto, para efeitos de orientação da minha conduta no dia-a-dia, prefiro socorrer-me do que é mais tangível, está ao nível da minha relação com o próximo. Essas orientações vou buscá-las (porque aplicá-las é obra para a qual me faltará força e vontade) ao que referi acima: o serviço e a humildade representados pelo lava-pés de 5ª feira Santa, o amor sem limites e o despojamento radical retratados na Paixão.

Temos as balizas para o nosso comportamento, já não nos falta tudo. Boa Páscoa para quem me lê.

JdB


EVANGELHO – Jo 20,1-9

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

No primeiro dia da semana,
Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro
e viu a pedra retirada do sepulcro.
Correu então e foi ter com Simão Pedro
e com o discípulo predilecto de Jesus
e disse-lhes:
«Levaram o Senhor do sepulcro,
e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo
e foram ambos ao sepulcro.
Corriam os dois juntos,
mas o outro discípulo antecipou-se,
correndo mais depressa do que Pedro,
e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira.
Entrou no sepulcro
e viu as ligaduras no chão
e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus,
não com as ligaduras, mas enrolado à parte.
Entrou também o outro discípulo
que chegara primeiro ao sepulcro:
viu e acreditou.
Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura,
segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

23 abril 2011

Pensamentos impensados

Os Pensamentos Impensados costumam ser publicados aos Sábados, mas, atendendo a que este é um especial, decidi nada publicar, pois a data não se coaduna nem com um simples sorriso. Desejo a todos os frequentadores deste blog uma Santa Páscoa centrando os nossos pensamentos na ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

SdB (I)

22 abril 2011

Páscoa

Aos meus queridos colegas de blogue e fiéis leitores desejo uma Santa Páscoa.

Deixo-vos com a magnificência de Bach, neste dia em que se lembra o amor sem limites de quem deu a vida por nós.

JdB


epifania suave

é domingo no civil mundo dos homens,
mas não para mim, que ajoelho perante outros deuses.
escuto-te, em repeat, até ao fim dos tempos,
ou seja, até ti
; ou seja, até Ti,
e é como se descesse sobre esta cidade,
um cristo-rapaz, atravessado por espinhos e luz,
poesia e música pop, alta e baixa literatura.
tudo é agora um suave manto branco,

um rio delicado
, flores selvagens domesticadas.

e no ar um indecifrável e delicado aroma a jasmim.
é do mundo?, pergunto-me, ou é de mim?

gi.

21 abril 2011

5ª Feira Santa

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também».

Palavra da salvação.


20 abril 2011

Moleskine

Nigéria. Oiço que o presidente eleito deste país africano se chama Goodluck Jonathan, o que me pareceu interessante. Replicado para Portugal poderia ser algo como Vaitaeles Sócrates ou Abreaboca Aníbal. Ou ainda Boasortepratitambém Portas.

Livros. Com o esforço de um cérebro que, como referi ontem, entrou numa atrofia irreversível, equilibro o sagrado e o profano. Na mesa ao meu lado encontram-se As Sete Últimas Palavras, de Timothy Radcliffe OP e A Tia Julia e o Escrevedor, de Vargas Llosa. O primeiro é particularmente adequado para esta época: uma meditação sobre as sete últimas frases proferidas por Cristo na Cruz. O outro - e cito - é uma história de amor em tom shakesperiano entre o jovem escritor Varguitas e as sua Tia Julia.

Política. O espectáculo a que assistimos diariamente é degradante: a vacuidade das ideias, a ausência de rasgo, a briga trauliteira num país onde a escassez é excessiva. Eu sei que este parágrafo é um lugar-comum mas, de facto, o panorama humano que nos dirige é de uma pobreza confrangedora. A seguir ao 25 de Abril quando, ainda jovem, iniciei uma militância política assente na colocação de cartazes e na pintura de paredes, havia vultos que nos inspiravam. Na Europa seria o mesmo. Agora, esta gentinha que por aí pulula segue, com certeza, uma definição com que me cruzei um dia: política é comer, beber e pôr um pouco de lado.

Crise. Almoço com amigos que me ficaram da vida profissional. A abordagem a alguns temas é bastante consensual, pese a diferença de enquadramentos familiares / sociais / económicos - a necessidade de uma nova atitude perante a vida: dizer não ao desperdício, ao consumismo excessivo; interromper uma cultura do ter, mais do que do ser; privilegiar a moderação e a atenção ao que se passa à volta. Aprenderemos alguma coisa com a crise? O almoço era leitão e eu fui o primeiro a dar a nota de potencial incoerência: comi bastante. Mas será que comi de mais?

JdB

19 abril 2011

Duas últimas

Não serei um melómano, nem me revejo na singeleza adolescente de uma amiga que suspirava de olhos em alvo: não sei viver sem música. De facto, ar e víveres desempenham um papel mais imprescindível. Tenho uma relação específica e pessoal com vários tipos musicais, que partilharei - talvez para horror de quem me lê.

Desde sempre que gosto fado - até por questões familiares - mas sou um fã tardio da Amália, com quem aprendi a tomar muita atenção às letras. Oiço fado, independentemente do meu estado de espírito. Não consigo ouvir enquanto leio porque, muito embora tenha dois hemisférios cerebrais, ambos juntos já não perfazem uma totalidade. Atentar simultaneamente nuns versos que oiço e numa história que leio é tarefa hercúlea para uma mente que atrofia sem retorno.

Se me falam em música mundial olho de imediato para a América do Sul, exibindo o mesmo enlevo babado com que, vítima de uma quebrazita de açúcar, olharia para um mil-folhas. Dêem-me tangos, boleros, milongas, colectâneas de Carlos Gardel ou Lucho Gatica e a minha alma suspira, exalando um sopro agradecido a quem ofereceu estes vultos à humanidade. A explicação para esta bizarria? Não tenho... Quantas pessoas somos dentro de nós?

Tenho um lado kitsch - talvez mesmo possidónio. Adoro as chamadas melodias de sempre, a época de ouro da música portuguesa. Noutro âmbito, quiçá, ouvir o nome Tony de Matos provoca-me um frémito de emoção que as classes superiores olhariam com um misto de nojo e desprezo - nunca curiosidade. Entre o artista que imortalizou o Vendaval e um bom prato de favas mon coeur balance.

A música clássica revela, talvez, uma parte importante de mim - a gravidade, o peso, o não horror às coisas tristes. Poderia facilmente (talvez apenas ingenuamente) defender a existência de Deus pela sublimidade de alguns trechos musicais, alegando a quase impossibilidade de terem sido compostos sem uma intervenção divina. Ouvir Bach, por exemplo, é um exercício de elevação, de sensibilidade, de fé em algo muito superior a nós. A música clássica, em particular a coral sinfónica (religiosa, sobretudo) inspira-me para aquilo que eu gostaria de fazer mais e melhor: escrever.

Oiço a chamada música pop, não porque goste muito, mas porque ela me dá referências temporais relativamente à minha vida pessoal - e eu sou um nostálgico. Há músicas que me fazem lembrar as férias algarvias; outras recordam-me raparigas com quem dancei num assomo de sensualidade, encostando uma face imberbe a um cabelo perfumado de champô floral; outras ainda trazem-me à memória um tempo despreocupado durante o qual travei amizades, algumas das quais se mantêm há mais de trinta anos. A romagem de saudade de hoje é a essa fase.

JdB

18 abril 2011

Fórmula para o caos

Esta semana, em lugar do habitual comentário sobre a actualidade política, aproveito este meu espaço na blogosfera para fazer publicidade a uma plataforma que, tendo sido recentemente criada, já se tornou num espaço razoavelmente conhecido no mundo da politologia. Chama-se Perspectiva Política. Consiste numa empresa que trabalha na área da Ciência Política e das Relações Internacionais. Funciona como consultora, informadora e analista de política internacional. É dotada da maior abragência ideológica possível. Como espectador interessado nestas matérias, também o meu comentário e análise é publicado pontualmente. Aqui fica o link: www.perspectiva-politica.pt.

Pedro Castelo Branco

17 abril 2011

Domingo ....... Se Fores à Missa !

O Evangelho de hoje é longo, pesado e triste e, no entanto, é um dos mais importantes da liturgia cristã. O Evangelho da Paixão de Cristo. Relata-nos, passo a passo, a forma como Jesus viveu os seus últimos dias de vida enquanto Homem. Não espero que vocês o leiam, até porque só o tamanho assusta, mas certamente já o ouviram em outras ocasiões e conhecem-no. Ao lê-lo, várias palavras vieram-me, imediatamente, à ideia : confiança, coragem, entrega e amor.

Só uma confiança cega em alguém, permitiria que algum de nós saltasse de uma ponte ou se atirasse de uma janela, ao encontro da morte. Uma criança, de tenra idade, talvez o pudesse fazer se instigada pelo pai ou pela mãe. Cristo avança para o Calvário, sabendo de antemão o tormento que o espera e fá-lo porque tem uma confiança cega no Pai; fá-lo por amor a todos nós; fá-lo porque sabe que o Pai só se pode revelar através da sua própria morte ..... e confia, entrega-se. “Faça-se em mim a tua vontade”. É o derradeiro acto que alguém pode fazer por amor: morrer para que o outro viva.

E o engraçado é que dei por mim a pensar que, numa escala diferente, também nós podemos fazer morrer partes em nós, partes do nosso carácter, partes do nosso conforto, partes do nosso património, para que outros vivam. Posso matar o egoismo que há em mim, ficando de imediato mais centrada nos outros; posso matar a preguiça que há em mim, ficando mais activa para os outros; posso matar a intolerância, ficando mais receptiva a aceitar os outros; posso matar o comodismo, ficando com mais tempo para os outros. E assim sucessivamente.... cada um de nós sabe o que deve matar em si. A morte não é o fim, mas sim a transformação para algo melhor. Até a morte física, a que de longe mais nos assusta, mais não é do que uma passagem para outro estado, para outro nivel. Quem tem a sorte de ter fé, como eu, acredita que o outro estado será melhor, mais puro, mais pacífico. Cada vez mais acredito que, na morte, poderemos encontrar paz. Apesar de os sentimentos, de quem fica, serem normalmente de dor, desespero, revolta, incompreensão, acredito que quem parte encontra finalmente a paz. E isso ajuda-nos, a nós que cá ficamos, a encarar a morte com outros olhos. Sem dúvida que Cristo assim o fez.

Domingo, Se Fores à Missa ...... Transforma-te !

Evangelho segundo S. Mateus 26,14-75.27,1-66.


Então um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse-lhes: «Quanto me dareis, se eu vo-lo entregar?» Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. E, a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus. No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?» Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de um certo homem e dizei-lhe: 'O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo; é em tua casa que quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos.’» Os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa. Ao cair da tarde, sentou-se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, disse: «Em verdade vos digo: Um de vós me há-de entregar.» Profundamente entristecidos, começaram a perguntar-lhe, cada um por sua vez: «Porventura serei eu, Senhor?» Ele respondeu: «O que mete comigo a mão no prato, esse me entregará. O Filho do Homem segue o seu caminho, como está escrito acerca dele; mas ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue. Seria melhor para esse homem não ter nascido!» Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: «Porventura serei eu, Mestre?» «Tu o disseste» respondeu Jesus. Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: «Tomai, comei: Isto é o meu corpo.»Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: «Bebei dele todos. Porque este é o meu sangue, sangue da Aliança, que vai ser derramado por muitos, para perdão dos pecados. Eu vos digo: Não beberei mais deste produto da videira, até ao dia em que beber o vinho novo convosco no Reino de meu Pai.» Depois de cantarem os salmos, saíram para o Monte das Oliveiras. Jesus disse-lhes, então: «Nesta mesma noite, todos ficareis perturbados por minha causa, porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho serão dispersas. Mas, depois da minha ressurreição, hei-de preceder-vos na Galileia.» Tomando a palavra, Pedro respondeu-lhe: «Ainda que todos fiquem perturbados por tua causa, eu nunca me perturbarei!» Jesus retorquiu-lhe: «Em verdade te digo: Esta mesma noite, antes de o galo cantar, vais negar-me três vezes.» Pedro disse-lhe: «Mesmo que tenha de morrer contigo, não te negarei!» E todos os discípulos afirmaram o mesmo. Entretanto, Jesus com os seus discípulos chegou a um lugar chamado Getsémani e disse-lhes: «Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou além orar.» E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes, então: «A minha alma está numa tristeza de morte; ficai aqui e vigiai comigo.» E, adiantando-se um pouco mais, caiu com a face por terra, orando e dizendo: «Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não seja como Eu quero, mas como Tu queres.» Voltando para junto dos discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro: «Nem sequer pudeste vigiar uma hora comigo! Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é débil.» Afastou-se, pela segunda vez, e foi orar, dizendo: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade!» Depois voltou e encontrou-os novamente a dormir, pois os seus olhos estavam pesados. Deixou-os e foi orar de novo pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. Reunindo-se finalmente aos discípulos, disse-lhes: «Continuai a dormir e a descansar! Já se aproxima a hora, e o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos! Já se aproxima aquele que me vai entregar.» Ainda Ele falava, quando apareceu Judas, um dos Doze, e com ele muita gente, com espadas e varapaus, enviada pelos sumos sacerdotes e pelos anciãos do povo. O traidor tinha-lhes dado este sinal: «Aquele que eu beijar, é esse mesmo: prendei-o.» Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: «Salve, Mestre!» E beijou-o. Jesus respondeu-lhe: «Amigo, a que vieste?» Então, avançaram, deitaram as mãos a Jesus e prenderam-no. Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada, desembainhou-a e feriu um servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe uma orelha. Jesus disse-lhe: «Mete a tua espada na bainha, pois todos quantos se servirem da espada morrerão à espada. Julgas que não posso recorrer a meu Pai? Ele imediatamente me enviaria mais de doze legiões de anjos! Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve acontecer?» Voltando-se, depois, para a multidão, disse: «Viestes prender-me com espadas e varapaus, como se eu fosse um ladrão! Todos os dias estava sentado no templo a ensinar, e não me prendestes. Mas tudo isto aconteceu, para que se cumprissem as Escrituras dos profetas.» Então, todos os discípulos o abandonaram e fugiram. Os que tinham prendido Jesus conduziram-no à casa do Sumo Sacerdote Caifás, onde os doutores da Lei e os anciãos do povo se tinham reunido. Pedro seguiu-o de longe até ao palácio do Sumo Sacerdote. Aproximando-se, entrou e sentou-se entre os servos, para ver o desfecho de tudo aquilo. Os sumos sacerdotes e todo o Conselho procuravam um depoimento falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte. Mas não o encontraram, embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas. Apresentaram-se finalmente duas, que declararam: «Este homem disse: 'Posso destruir o templo de Deus e reedificá-lo em três dias.’» O Sumo Sacerdote ergueu-se, então, e disse-lhe: «Não respondes nada? Que dizes aos que depõem contra ti?» Mas Jesus continuava calado. O Sumo Sacerdote disse-lhe: «Intimo-te, pelo Deus vivo, que nos digas se és o Messias, o Filho de Deus.» Jesus respondeu-lhe: «Tu o disseste. E Eu digo-vos: Vereis um dia o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu.» Então, o Sumo Sacerdote rasgou as vestes, dizendo: «Blasfemou! Que necessidade temos, ainda, de testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia. Que vos parece?» Eles responderam: «É réu de morte.»Depois cuspiam-lhe no rosto e batiam-lhe. Outros esbofeteavam-no, dizendo: «Profetiza, Messias: quem foi que te bateu?» Entretanto, Pedro estava sentado no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe: «Tu também estavas com Jesus, o Galileu.» Mas ele negou diante de todos, dizendo: «Não sei o que dizes.» Dirigindo-se para a porta, outra criada viu-o e disse aos que ali estavam: «Este também estava com Jesus, o Nazareno.» Ele negou de novo com juramento: «Não conheço esse homem.» Um momento depois, aproximaram-se os que ali estavam e disseram a Pedro: «Com certeza tu és dos seus, pois até a tua maneira de falar te denuncia.» Começou, então, a dizer imprecações e a jurar: «Não conheço esse homem!» No mesmo instante, o galo cantou. E Pedro lembrou-se das palavras de Jesus: «Antes de o galo cantar, me negarás três vezes.» E, saindo para fora, chorou amargamente. De manhã cedo, todos os sumos sacerdotes e anciãos do povo se reuniram em conselho contra Jesus, para o matarem. E, manietando-o, levaram-no ao governador Pilatos. Então Judas, que o entregara, vendo que Ele tinha sido condenado, foi tocado pelo remorso e devolveu as trinta moedas de prata aos sumos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: «Pequei, entregando sangue inocente.» Eles replicaram: «Que nos importa? Isso é lá contigo.» Atirando as moedas para o santuário, ele saiu e foi enforcar-se. Os sumos sacerdotes, apanhando as moedas, disseram: «Não é lícito lançá-las no tesouro, pois são preço de sangue.» Depois de terem deliberado, compraram com elas o «Campo do Oleiro», para servir de cemitério aos estrangeiros. Por tal razão, aquele campo é chamado, até ao dia de hoje, «Campo de Sangue.» Deste modo, cumpriu-se o que fora dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi avaliado aquele que os filhos de Israel avaliaram, e deram-nas pelo Campo do Oleiro, como o Senhor havia ordenado.» Jesus foi conduzido à presença o governador, que lhe perguntou: «Tu és o Rei dos Judeus?» Jesus respondeu: «Tu o dizes.» Mas, ao ser acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos, nada respondeu. Pilatos disse-lhe, então: «Não ouves tudo o que dizem contra ti?» Mas Ele não respondeu coisa alguma, de modo que o governador estava muito admirado. Ora, por ocasião da festa, o governador costumava conceder a liberdade a um prisioneiro, à escolha do povo. Nessa altura havia um preso afamado, chamado Barrabás. Pilatos perguntou ao povo, que se encontrava reunido: «Qual quereis que vos solte: Barrabás ou Jesus, chamado Cristo?» Ele sabia que o tinham entregado por inveja. Enquanto estava sentado no tribunal, a mulher mandou-lhe dizer: «Não te intrometas no caso desse justo, porque hoje muito sofri em sonhos por causa dele.» Mas os sumos sacerdotes e os anciãos persuadiram a multidão a pedir Barrabás e exigir a morte de Jesus. Tomando a palavra, o governador inquiriu: «Qual dos dois quereis que vos solte?» Eles responderam: «Barrabás!» Pilatos disse-lhes: «Que hei de fazer, então, de Jesus chamado Cristo?» Todos responderam: «Seja crucificado!» Pilatos insistiu: «Que mal fez Ele?» Mas eles cada vez gritavam mais: «Seja crucificado!» Pilatos, vendo que nada conseguia e que o tumulto aumentava cada vez mais, mandou vir água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo: «Estou inocente deste sangue. Isso é convosco.» E todo o povo respondeu: «Que o seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos!» Então, soltou-lhes Barrabás. Quanto a Jesus, depois de o mandar flagelar, entregou-o para ser crucificado. Os soldados do governador conduziram Jesus para o pretório e reuniram toda a coorte à volta dele. Despiram-no e envolveram-no com um manto escarlate. Tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e uma cana na mão direita. Dobrando o joelho diante dele, escarneciam-no, dizendo: «Salve! Rei dos Judeus!» E, cuspindo-lhe no rosto, agarravam na cana e batiam-lhe na cabeça. Depois de o terem escarnecido, tiraram-lhe o manto, vestiram-lhe as suas roupas e levaram-no para ser crucificado. À saída, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e obrigaram-no a levar a cruz de Jesus. Quando chegaram a um lugar chamado Gólgota, isto é, «Lugar do Crânio», deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas Ele, provando-o, não quis beber. Depois de o terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte. Ficaram ali sentados a guardá-lo. Por cima da sua cabeça, colocaram um escrito, indicando a causa da sua condenação: «Este é Jesus, o rei dos Judeus.» Com Ele, foram crucificados dois salteadores: um à direita e outro à esquerda. Os que passavam injuriavam-no, meneando a cabeça e dizendo: «Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és Filho de Deus, desce da cruz!» Os sumos sacerdotes com os doutores da Lei e os anciãos também zombavam dele, dizendo: «Salvou os outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é o rei de Israel, desça da cruz, e acreditaremos nele. Confiou em Deus; Ele que o livre agora, se o ama, pois disse: 'Eu sou Filho de Deus!’» Até os salteadores, que estavam com Ele crucificados, o insultavam. Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as trevas envolveram toda a terra. Cerca das três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: Eli, Eli, lemá sabactháni?, isto é: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Alguns dos que ali se encontravam, ao ouvi-lo, disseram: «Está a chamar por Elias.» Um deles correu imediatamente, pegou numa esponja, embebeu a em vinagre e, fixando-a numa cana, dava-lhe de beber. Mas os outros disseram: «Deixa; vejamos se Elias vem salvá-lo.» E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou. Então, o véu do templo rasgou-se em dois, de alto a baixo. A terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos corpos de santos, que estavam mortos, ressuscitaram; e, saindo dos túmulos depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. O centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o tremor de terra e o que estava a acontecer, ficaram apavorados e disseram: «Este era verdadeiramente o Filho de Deus!» Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia e o serviram. Entre elas, estavam Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que também se tornara discípulo de Jesus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos ordenou que lho entregassem. José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo e depositou-o num túmulo novo, que tinha mandado talhar na rocha. Depois, rolou uma grande pedra contra a porta do túmulo e retirou-se. Maria de Magdala e a outra Maria estavam ali sentadas, em frente do sepulcro. No dia seguinte, que era o dia a seguir ao da Preparação, os sumos sacerdotes e os fariseus reuniram-se com Pilatos e disseram-lhe: «Senhor, lembrámo-nos de que aquele impostor disse, ainda em vida: 'Três dias depois hei-de ressuscitar.’ Por isso, ordena que o sepulcro seja guardado até ao terceiro dia, não venham os discípulos roubá-lo e dizer ao povo: 'Ressuscitou dos mortos.’ E seria a última impostura pior do que a primeira.» Pilatos respondeu-lhes: «Tendes guardas. Ide e guardai o como entenderdes.» E eles foram pôr o sepulcro em segurança, selando a pedra e confiando-o à vigilância dos guardas.

16 abril 2011

Pensamentos impensados

Nesse dia, Epaminondas Silvino acordou mais cedo que o costume; estava excitado, tomou banho mas não foi capaz de tomar o pequeno almoço. Antes de sair de casa verificou se tinha todos os documentos que, achava, poderiam ser necessários: bilhete de identidade, cartão de eleitor, cartão de contribuinte, cartão da segurança social e mais uns quantos de menor importância.
Quando chegou à Repartição de Finanças, estranhou não estar mais gente que o habitual. Tirou a sua sua senha e esperou. Quando chegou a sua vez, dirigiu-se ao funcionário.
- Bom dia.
- Bom dia, faça o favor.
- Podia dizer-me se já está a pagamento?
- A pagamento, o quê?
- O dinheiro de Bruxelas; são 80 mil milhões de euros e como em Portugal há 10 milhões de pessoas, dá 8 mil euros a cada português; como tenho mulher e dois filhos, mais a minha sogra que é inválida, penso que tenho a receber 40 mil euros.
- Mas esse dinheiro não é para distribuir pelas pessoas; no entanto diga-me: é filiado nalgum partido? Não? Se fosse talvez houvesse alguma possibilidade. Assim... Bom dia
- Bom dia.

O ouriço do mar não precisa de "parceiro" para se reproduzir; é auto-suficiente e a esse fenómeno chama-se partenogénese. Também se poderia chamar unissexo.

Fazia "strip tease" e tinha um "show" erótico que se chamava sonho de uma noite no varão.

No congresso do PS, o "eng." Sócrates entendeu dar uma saudação à mesa. Lamentavelmente esqueceu-se das cadeiras, do psiché e da peniqueira.

SdB (I)

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