O “Grupo de Baile”, composto por rapazes amigos da outra banda (Seixal) teve, no início dos anos 80, um êxito retumbante com esta música, com vendas superiores a 100 mil cópias. Que eu saiba, foi um assinalável mas efémero sucesso, já que nada mais fez de relevante, tendo desaparecido como apareceu, tipo cometa. Reapareceu apenas muito episodicamente, em ocasiões especiais, em festivais ou na televisão. Os músicos que o compunham têm profissões tão parecidas como membro das orquestras do Exército, da Marinha ou da GNR, funcionário camarário, entertainer de cruzeiros turísticos ou engenheiro da Lisnave!
Sempre gostei desta música, sobretudo da parte instrumental, faz-me lembrar os bailaricos das várias terrinhas a que o “pessoal” ia no Verão, nas noites quentes, nos largos térreos engalanados, nas barraquinhas de fritos, bifanas e bebidas, nos pares dançantes homem/mulher e, as mais das vezes, mulher/mulher, face à crónica indecisão masculina ou, pior, à escassez do género. Lá estavam também, como diria o Sérgio Godinho, as “moças mais lindas do bairro operário”, sob os olhares atentos das mãezinhas e das vizinhas, que com gosto e ingenuidade observávamos e os mais ousados convidavam para um pé de dança no terreiro.
A letra é qualquer coisa! Só poderia vir da mente iluminada de um nativo de uma destas áreas periféricas. Atendendo a que há uma palavra dispensável, procurei uma versão censurada (que a havia, lembro-me bem), mas não a encontrei. Assim, peço ao dono deste estabelecimento e às senhoras que me lêem (poucas, por certo!), que relevem esta falta. De qualquer forma, não resisto à graça fácil de realçar a curiosidade de esta mesma palavra ter levado a que uma eminência graúda deste País tenha, por causa dela, sido recentemente remetida com urgência para o Brasil, a benefício dos votos por que o seu próprio partido espera e desespera.
Espero que gostem, apesar de tudo!
fq
4 comentários:
Bela época fq. Que saudades!
Cheiro enjoativo que trazia a reboque um andar gingão ilustrado por uma suburbana peúga branca, ou um olhar ganzado dum "menino bem" que hesitava entre uma tarde deitado na relva do jardim público a fumar haxixe, ou uma sanduíche aparada na piscina da avó.
A happy 80s tune! This grupo and their song were not on my radar before. The brass introduction immediately reminded me of Dexy's Midnight Runners (Geno, Come On Eileen), and the slightly anarchic vocal style reminded me of a french gipsy band Les Negresses Vertes (Zobi la Mouche, La Valse). Nice for me to hear a "new" Portuguese artist. PO
Excelente post como sempre, fq. A letra é divinal e só a margem sul poderia produzir poetas assim. Nunca fui amante do perfume em questão, mas talvez a minha vida tivesse sido diferente se o tivesse sido...
Quem será o desgraçado que escreverá o duas últimas depois deste post? A seguir a um sucesso só o cadafalso...
Viva a margem sul! E parabéns aos que aí são adeptos do Belém.
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