Trabalho parte substancial do meu tempo na área do ambiente, num sector “pesado” e com mediatização qb: o da gestão e tratamento de resíduos (lixo, para algumas línguas viperinas!) industriais perigosos. Resíduos, ou seja, o que resta, o remanescente, resultado da actividade directa ou indirecta do homem; industriais, porque derivados das diversas actividades desenvolvidas pelas industrias existentes em Portugal – cada vez menos, desgraçadamente –; perigosos porque, não sendo convenientemente geridos, são de facto perigosos para o meio ambiente, água, ar, solos e, por essa via, para a saúde do homem e dos outros seres vivos.
É uma área em que Portugal evoluiu bastante nos últimos anos, sobretudo desde 2008, dispondo actualmente de instalações de tratamento modernas e eficientes, ao nível do melhor que existe lá fora e, tão ou mais importante, de uma consciencialização e informação em relação ao tema bastante avançadas. Com gosto o afirmo, numa época em que, infelizmente, há mais motivos para criticar do que para elogiar o que por cá se fez ou vai fazendo. Tratando-se de materiais muito sensíveis, em que qualquer falha, mesmo que menor, poderá ter imediata repercussão no exterior, a segurança e o apertado controlo das operações são essenciais em instalações deste tipo.
A letra da música que escolhi fala destas questões e de outras afins: a contaminação do mar e das praias, as condições de trabalho nalgumas fábricas, as famigeradas centrais nucleares.
Fausto Bordalo Dias, já anteriormente postado neste blogue por pessoas com bom gosto, é para mim claramente um dos maiores nomes da música popular portuguesa. Possuidor de uma obra vasta, com diversas grandes letras e músicas. Curiosamente, nasceu a bordo de um navio, daí, talvez, a sua apetência por estas questões da poluição!
Espero que não achem este texto (demasiado) maçudo e que gostem desta Rosalinda.
fq
Bom dia fq
ResponderEliminarOra aqui está o que eu chamo uma dissonância. Pois bem, a música é linda e embala, embala, a letra é verdadeiramente agreste, puxando-nos para uma realidade inegável e da qual todos somos responsáveis. Então o que fazer, ouvir a música e isolar a letra ou receber a letra (nada maçuda)e ignorar a música. Eu não consigo associar as duas e fico dividida entre a vontade de planar e de me isolar do mundo, ou intervir e fazer-me sócia da Quercus.
Boa escolha, porque não conhecia a música, que é linda, e este é, para mim, um caso estranho e ineficaz de passar mensagens.
Caro amigo: Fausto Bordalo Dias - como diz, e muito bem, que todos nós temos apelidos - é um nome já publicado neste estabelecimento. uma boa escolha, portanto, a relembrar-nos o que se faz de bom na música portuguesa.
ResponderEliminarHoje de manhã trabalhava numa tradução que falava de dragagens, de rochas, de solos sob o mar. A Deolinda era alertada para, se fosse à praia, não lhe descaísse o pé de cambraia. E a dragagem. E o Fausto a falar do nuclear chumbado em Itália. E a dragagem, como que a dizer que nada é por acaso.
Um abraço do dono do estabelecimento.
As minhas desculpas por andar um bocado arredado deste blogue e principalmente desta rúbrica semanal. Vou tentar reaplicar-me.
ResponderEliminarHá cerca de 25 anos atrás dizia-me um então membro do Governo que as indústrias do ambiente eram as indústrias do futuro. Mal eu sabia então que passados todos estes anos ia ter um dos meus maiores amigos como capitão de uma dessas indústrias. Grande orgulho!
Boa escolha a do Fausto. Apesar de pender para a canhota tem de facto músicas lindíssimas.
Abraço