17 junho 2011

swans, à porta da aula magna

não sei se sonhei ou se falo de matéria viva,
mas sei que era decerto primavera nessa noite
em que desenhávamos tangentes e paralelas
n
essas nossas conversas de náufrágio,
que tão bem sabemos reconhecer à légua
.

lá dentro, e lá atrás, a música
noise musculada
servia apropriadamente de banda sonora
para mais uma noite n
uma cidade emprestada,
que calhou ser esta, mas bem poderia ser outra,
mesmo que não gostemos de o reconhecer.

pelo retrovisor e pelo oráculo, passado e futuro,
como
moving walls nos filmes de aventura,
ameaçando esmagar
este tempo presente (tudo o que temos).
falávamos do butão, da tailândia, da tua ilha, geografias precisas
(ou preciosas), por onde os nossos afectos vôam

quando nós, seus não donos e
ainda menos senhores,
precisamos de calor, de um ombro possível, de uma coisa qualquer
- de tudo o que nos afaste dos silogismos da amargura,
da tentação de
nos reduzirmos a um vale de lágrimas,
d
esse abismo que nos situa num teatro do absurdo.

era noite, primaveril, doce
. recordo-me bem
do seu abraço suave e dos seus lábios sobre os meus
e só por isso
sei que não falo de um sonho
em que entrássemos nós,
o passado e o futuro,
geografias próximas e longínquas, toda a
geometria

dos afectos, quando a conseguimos articular.
longe ou perto, ontem ou depois de amanhã, não sei
bem,
mas sei que dou
deveras graças por poder escrever isto,
principalmente a um domingo (dia em que me falta tudo),
tal como dou graças pela tua amizade e presença.

e é por tudo isto que te conto um segredo
(posso?):
voei
, nessa mesma noite, até ao grande templo das pedras;
dominei, finalmente, a grande geometria humana
;
encontrei
, acho, a coragem para deixar o sonho
e dizer-te que
"arqueologia futura" sôa-me bem,

nem tu sabes quanto
.
(suspiro)
it could still be a perfect world, i guess..

gi.

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