Aliás,
está já em rodagem um filme sobre um dos grandes descobridores – Vasco da Gama. Trocando
a película pela pedra, o PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS desfia um pouco da narrativa
desses séculos gloriosos. Um monumento muito marítimo, que fica especialmente deslumbrante visto do mar, com a proa a flutuar acima da linha de água. Assim navegam para sempre os heróis da maior
gesta da nossa história.
Trinta e três figuras dispõem-se em
fila indiana, numa complementariedade ascendente, que assume uma hierarquia explícita,
iniciada (como é expectável) pelo Infante D.Henrique. Ali estão reunidos, em
pedra lioz, cientistas, navegadores, governantes, estrategas e os artistas que
registaram o feito, ao longo de várias gerações. A lista completa inclui: Infante
D.Henrique – o Navegador, a segurar uma nau na mão direita, de velas enfunadas
ao vento, D.Afonso V (o Africanista), Vasco da Gama, Afonso Gonçalves Baldaia
(navegador), Pedro Álvares Cabral (descobridor do Brasil), Fernão de Magalhães,
Nicolau Coelho (navegador), Gaspar Côrte-Real (navegador), Martim Afonso de
Sousa (navegador), João de Barros (escritor), Estêvão da Gama (capitão
marítimo), Bartolomeu Dias (descobridor do Cabo da Boa Esperança), Diogo Cão
(navegador), António Abreu (navegador), Afonso de Albuquerque (o maior Vice-Rei
da Índia), São Francisco Xavier (Jesuíta, patrono dos missionários), Cristóvão
da Gama (capitão), Infante D.Pedro – Duque de Coimbra (filho de D. João I) e
sua mãe – a rainha Filipa de Lencastre, Fernão Mendes Pinto (aventureiro, autor
de a «Peregrinação»), Frei Gonçalo de Carvalho, Frei Henrique Carvalho, Luís
Vaz de Camões, Nuno Gonçalves (pintor, a quem são atribuídos os Painéis de
S.Vicente), Gomes Eanes de Zurara (cronista), Pêro da Covilhã (viajante),
Jácome de Maiorca (cosmógrafo), Pêro Escobar (navegador), Pedro Nunes
(matemático), Pêro de Alenquer (navegador), Gil Eanes (navegador), João
Gonçalves Zarco (navegador) e D.Fernando – o Infante Santo (outro dos filhos da
Ínclita Geração, martirizado em Marrocos). Olham o Tejo, alinhados nesta
sequência:
A caravela de pedra abraça um padrão estilizado, com uma cruz
saliente e o escudo de Portugal. Obra do escultor Leopoldo de Almeida, foi
inaugurado em 1960 para comemorar o quinto
centenário da morte do Infante D.Henrique. Corresponde à réplica definitiva do
monumento que tinha sido erigido, em materiais frágeis, para a magnífica
Exposição do Mundo Português (1940), como «Pavilhão
dos Descobrimentos». Nesse primeiro Padrão tinham colaborado Leopoldo de
Almeida e o Arquitecto Cottinelli Telmo. Mas tivera de ser desmontado no final
dos anos 50. Há imagens sugestivas dessa Exposição e dessa construção efémera,
no gin de 19 de Maio de 2010, a propósito do filme «Fantasia Lusitana».
No interior do Padrão, há
vários espaços expositivos, auditórios e um miradouro no último andar, a 50m de
altura.
Painel na Assembleia da
República, a representar Diogo Cão junto ao padrão que indica a presença portuguesa
no estuário do rio Zaire. O navegador foi o primeiro a colocar marcos, com
inscrições eloquentes. Reza o seguinte no «Padrão de Sto.Agostinho» (implantado
a 1482-83): «Era da criação do Mundo de
6681 anos, do nascimento de Nosso Senhor Jesus de 1482 anos, o mui alto, mui
excelente poderoso príncipe, el rei D. João II de Portugal mandou descobrir
esta terra e pôr estes padrões por Diogo Cão, escudeiro da sua casa.»
Avisava o célebre mentor
da descolonização e independência dos povos da América Latina, Simón Bolívar
(1783-1830): «Um povo ignorante é um instrumento cego da sua própria
destruição.» Nesse sentido,
relembrar a história dos povos é crucial para inspirar e dar substância ao
futuro. Não menos para Portugal, nesta hora difícil.
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico,
para daqui a 2 semanas)
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(1) Sociedade de Geografia de Lisboa, http://www.socgeografialisboa.pt,
na Rua das Portas de Santo Antão (perto do
Coliseu dos Recreios), nº 100. Tel. 213 425 401.
Muito interessante, como sempre.
ResponderEliminarfq
É sempre bom sermos relembrados dos nossos monumentos - e da nossa História. Bem-haja, Dra. MZ! pcp
ResponderEliminarObrigadíssima aos queridos leitores tão atentos e sempre com tanta boa vontade, MZ
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