As cartas astrológicas de Portugal
Ilustres astrólogos
e astrólogas portugueses, incluindo Fernando Pessoa, têm-se debruçado sobre o
momento do nascimento de Portugal. A data de 8 de Março de 1143, (calendário
juliano) isto é, 15 de Março em calendário gregoriano ou actual, em Guimarães,
parece ser a mais provável para marcar o dia em que D. Afonso Henriques declarou a
independência.
Quem leu o post anterior sobre a China sabe que não
é fácil encontrar a carta certa de um país, sobretudo um tão antigo como Portugal.
Sem desprestígio para o trabalho dos meus colegas, sou demasiado cartesiana
para me debruçar sobre “as brumas da memória”.
Outro momento
importante da história de Portugal foi a Restauração: reza a crónica que, na
manhã de 1 de Dezembro, por volta das nove horas, inúmeros fidalgos
introduziram-se no Paço Real, liderados por D. Miguel de Almeida. Entre o início
do assalto e a proclamação do novo rei mediou apenas um quarto de hora. A carta
do 1 de Dezembro de 1640, às 9.15h, em Vila Viçosa onde se encontrava D. João IV,
tem uma sólida base histórica. Assim como a de 5 de Outubro de 1910, quando D.
Manuel II embarcou no iate real e deixou Portugal. Este acontecimento marcou o
fim do reino de Portugal iniciado por D. Afonso Henriques. Com vários soluços
pelo caminho apesar de tudo vivemos desde então num regime republicano.
Estas duas cartas, vistas em conjunto, são interessantíssimas, e ajudam à compreensão histórica, sobretudo através de dois aspectos: a posição da Lua e o eixo dos nós lunares.
Na de 1640 a Lua (população) encontra-se no lado esquerdo, indicando que o povo não teve qualquer interferência na Restauração. Está em oposição a Júpiter (os nobres e a religião personificada pela Companhia de Jesus). Na carta de 1910 a Lua encontra-se do lado oposto, reflectindo o envolvimento popular na implantação da república. Infelizmente, está em oposição a saturno (autoridade) o que ajuda a compreender porque aceitou ser dominado por uma longa ditadura.
Mesmo
convivendo com estes símbolos diariamente, acreditando na validade da astrologia,
há momentos que cortam a respiração e a análise do eixo dos nós lunares destas
duas cartas foi um deles. A imagem que visualizei foi a de uma estafeta, o
passar do baton. Os nós lunares
representam de uma forma sintética o destino, neste caso, de um país. O nó
lunar sul referente ao passado, e o nó lunar norte ao futuro. Nestas duas cartas, o eixo é precisamente o mesmo, mas com a direcção invertida. É como se a carta
de 1640 dissesse à carta de 1910: “Já fiz
o que tinha a fazer, agora é a tua vez de levar para a frente o destino de
Portugal”.
Outro aspecto
que me convence que o testemunho foi passado e que a carta de 1910 tem relevância
é a casa 3 habitada por Urano e assinalada por um círculo. A casa 3 refere-se
às estradas de um pais e à maneira como o seu povo guia. Urano tem uma energia
de imprevisibilidade, de rebeldia às regras. Os Portugueses, normalmente calmos,
ao volante adquirem qualidades uranianas, na forma como ultrapassam, como
estacionam, como apitam. A nossa rede rodoviária ficou “esquizofrénica” porque passou
no espaço de poucos anos de uma condição praticamente rural para uma densidade
de auto-estradas (quase vazias) superior a muitos países mais avançados e mais
ricos do que nós.
Mas a
astrologia serve, sobretudo, para prevenir, baseando-se nas lições do passado
aplicadas à situação actual. A carta de 1910 tem uma grande concentração de
planetas do lado esquerdo, o que implica que os sectores regidos por estes
planetas são atingidos de uma forma sequencial, afectando o Pais desproporcionadamente.
Neste caso é o trânsito de Saturno que interessa analisar. Saturno, o planeta
das restrições, das dificuldades, que ensina dureza, responsabilidade, entrou
nesta zona mais activa da carta no fim de 2008. Durante todo 2012 até Agosto de
2013 Saturno por trânsito está sobre o ascendente e a Lua. A carta de 1640, para
mim ainda activa, mostra a importância do trânsito de Plutão - planeta da transformação
profunda – sobre o ascendente, Júpiter e oposição à Lua durante estes próximos
anos.
Dado que o Plutão
tem uma órbita de 248 anos este transito só aconteceu uma vez no passado,
durante o reinado de D. José I, sincronicamente com as grandes transformações da
sociedade implementadas pelo Marquês de Pombal. Saturno tem um ciclo de 29 anos
e há mais acontecimentos a ter em conta. No próximo post analisarei o que se passou nas anteriores passagens de Plutão
e Saturno sobre a Lua (população), Ascendente (identidade nacional, imagem da nação)
e nós lunares (destino) e sobretudo que
ensinamentos aprender para não repetir a história.
Luiza Azancot
Oportuno como sempre. Preocupa-me, porque não percebi, o ciclo de 29 anos de saturno, mas alivia-me o Agosto de 2013. Espero ansiosamente pelo próximo post.
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ResponderEliminarPara mim, pobre leigo, o que Luiza Azancot escreve, ou o livrinho de Mao Tse Tung,é o mesmo:não percebo nada.Mas há uma diferença: enquanto o livrinho é de cair em catalepsia, o que LA escreve deixa-me fascinado. Leio sempre 2 vezes, não para perceber mas pelo gozo que me dá a leitura.
O comentário que fala da catalepsia é meu
ResponderEliminarSdB(I)
SdB muito obrigada. O proximo sera' menos obscuro e mais pratico... amantes da historia vao gostar das tais coincidencias significativas.
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