22 maio 2013

Diário de uma astróloga – [52] – 22 de Maio de 2013


O homem em Bogotá e as quadraturas Úrano - Plutão

Recentemente li um conto da escritora americana Amy Hempel chamado “O Homem em Bogotá”. Aqui está a tradução da parte que mais me impressionou como astróloga: 

“Ele era um homem rico, um industrial que foi raptado e pedido um resgate...  A sua mulher não podia ligar para o banco e, em vinte e quatro horas, não conseguiu um milhão de dólares. Demorou meses. O homem tinha um problema no coração, e os sequestradores tinham de manter o homem vivo… Os seus captores fizeram-no parar de fumar. Mudaram a sua dieta e obrigaram-no a fazer exercício todos os dias. Mantiveram-no dessa forma durante três meses. Quando o resgate foi pago e o homem foi libertado, o médico examinou-o. Encontrou o homem de excelente saúde. … O médico disse que o rapto foi a melhor coisa que aconteceu ao homem em Bogotá. Ele pergunta-se como sabemos nós que o que nos acontece não é bom?”

O panorama astrológico de longo prazo tem sido dominado pelo quadratura entre Úrano e Plutão. Estes dois planetas encontraram-se pela terceira vez anteontem, precisamente a 90° um do outro.  Por questões de mecânica celeste, este encontro angular ainda se repete mais quatro vezes, sendo a última quadratura em Março de 2015. Estes dois personagens estiveram muito próximos em Agosto de 2011 e voltarão a avizinhar-se a 1° de distância no princípio de 2016. Por isso, podemos considerar um espaço de 6 anos em que este aspecto está operativo.


Sabemos que estamos a viver uma época tensa da história da humanidade a nível político e económico: Urano em Carneiro aponta para uma mudança activa, para a capacidade de lutar por um mundo mais justo,  igualitário, onde as pessoas têm maior possibilidade de viver livremente. Plutão em Capricórnio aponta para completa transformações dos sistemas económicos, políticos, sobretudo aqueles que não nos são úteis, que já não servem. Com a quadratura, estas duas energias entram em conflito e os governos e o grande capital agarram-se ao poder e o povo sofre e revolta-se.

Este acontecimento astronómico  excepcionalmente longo vai afectando durante seis anos os graus 5 a 17 dos Carneiro e Capricórnio, signos onde se encontram Urano e Plutão. Por oposição, toca também os mesmos graus de Balança e Caranguejo. A nível colectivo muitos países estão a ser afectados, mas deixo esses comentários para os meus colegas da astrologia politica.

A nível pessoal, a quadratura de Urano e Plutão afecta sobretudo quem tem o Sol, Lua ou ascendente na zona do Zodíaco onde estes dois planetas se cruzam. De uma forma menor, mas em certos casos não menos intensa, afecta também as pessoas que têm outros planetas do seu tema nestes graus e signos críticos.

É muita gente a sentir o tsunami de mudança (Urano)  e transformação (Plutão) na sua vida emocional, relacional, laboral. Muita gente está a sofrer com o estado da economia, com as medidas de austeridade, com o desemprego. Mudança e transformação, como palavras, podem meter medo, ou fazer prever uma vida melhor mas, enquanto vivemos os processos de mudança e, sobretudo, de transformação, descemos ao inferno. 

Na mitologia, Plutão rapta Perséfone e arrasta-a para o seu submundo. Não foi com certeza uma experiência agradável, nem para Perséfone, nem para o homem em Bogotá quando foi raptado. Ambos voltaram à superfície, livres mas mudados, transformados.

O rapto de Perséfone (pormenor) de Bernini (1598 – 1680) Galleria Borghese, Roma

Tal como os raptores do homem em Bogotá o obrigaram a deixar de fumar, a mudar a dieta, a fazer exercício, a energia da quadratura de Urano / Plutão está a obrigar-nos a viver de forma diferente. 

Não tenho palavras de alívio, somente tenho simpatia e empatia pelos que passam mal devido aos efeitos desta quadratura. Sei que vão sofrer perdas, ficar despojados de muitas coisas que julgavam essenciais, nalguns casos passar as penas do inferno, mas com alguma esperança pergunto: como sabemos nós que o que nos acontece não é bom?

Luiza Azancot

3 comentários:

ANA CC disse...

A tua escrita e energia mostram que há sempre uma janela aberta quando sabemos que se nos fechou uma porta.

No entanto, regatada pelos impostos e pela crise em que estamos afundados, só me resta recomeçar a fumar, sentar no sofá e desatar a comer para engordar. Quem sabe assim fico mais roliça e pachorrenta como um belíssimo s. bernardo!
Belíssima reflexão, pois é disto mesmo que estamos todos a precisar.

JdB disse...

Bom dia Luiza: hoje fui matutinamente à Missa, como vou todas as 4ªs feiras. A 1ª leitura falava de sabedoria. Depois lembrei-me de uma história que repeti muito, talvez porque numa dada altura ela tivesse feito um sentido especial.
Por causa da minha história pessoal, há largos anos pediram-me para rezar por uma criança (que eu não conhecia) que poderia ter cancro. As suspeitas vieram a ser infundadas, mas não me esqueço da frase que a avó terá dito na altura, e que fez um clic na minha cabeça: "às vezes não devemos perguntar porquê, mas para quê."
Obviamente que poucos serão os que se despojam de muito do que têm em nome do que quer que seja. Mas quando somos "forçados" à perda de qualidade de vida, quando somos atirados para uma existência em cativeiro, quando somos confrontados com um qualquer drama, percebemos que há sempre uma janela que se abre. O grande desafio é encontrá-la, sobretudo neste tempo em que tantos vêem portas a fechar.
O desafio é grande, mas a recompensa pode ser maior.

LA disse...

Boa tarde JdB, li agora o teu post de ontem e parece-me que estavamos numa onde semelhante... coincidencias ou nao!

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