14 maio 2013

Duas últimas


Anteontem, dia 12 à noite, a minha mulher e eu estivemos em Fátima, nas cerimónias religiosas evocativas da 1ª aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos, ocorrida em 1917. Tenho sempre a intenção de ir a Fátima nesta altura do ano, e de carro, o que não é propriamente muito difícil. Porém, várias vezes esse bom propósito tem esbarrado em questões e preocupações mundanas e prosaicas que me fazem desviar do caminho certo, o que felizmente não sucedeu este ano. Como já sabia, em boa hora voltei.

Refere o Pe. Tolentino de Mendonça no artigo publicado ontem neste blogue, que “à medida que o tempo passa, acredito mais no Segredo de Fátima”. E a MAF no artigo de Domingo, escreve em relação aos peregrinos: “olho-os com respeito e com amor. Sei que por detrás de cada quilómetro, por baixo de cada chaga, existiu um milagre na vida dessa pessoa”. Concordo e subscrevo na íntegra as duas opiniões. Acrescento que não se vai a Fátima sem emoção, não se está em Fátima sem um estremeção e não se sai de Fátima sem paz e ânimo redobrados. E os exemplos de tantas pessoas anónimas, as mais das vezes disponíveis e alegres, que nos entram persistentemente pelos olhos dentro só nos podem interpelar a melhorar.    

Enquanto observava o que me rodeava e me sentia contente e reconfortado por ali estar, sem notar o frio ou um ou outro encontrão mais brusco, não pude deixar de reflectir sobre Portugal e a Europa. Parafraseando um amigo meu: “desligámo-nos do transcendente, daquilo que nos uniu, e justifica a comunidade. A comunidade para além do interesse imediato, instintivo, de sobreviver como espécie ou indivíduo. Se for apenas isso, só isso, é curto”. Espero que Fátima se mantenha como uma reacção e uma resposta a este rumo suicidário e ruinoso, mostrando o que vale verdadeiramente a pena para lá de coisas óptimas, mas caducas, como o dinheiro, o poder ou o meu bem-estar.   

Deixo-vos com duas Ave Marias de que espero que gostem.

fq




2 comentários:

  1. Infelizmente não fui a Fátima. Embrulhei-me nas tais preocupações mundanas e prosaicas de que falavas e quedei-me no remanso do lar.
    Na realidade, nunca se vem igual de lá, mesmo que essa "não igualdade" dure pouco tempo, porque somos sempre homens falíveis. É por isso que voltamos todos os anos. Tenho memórias fortes do 12 de Maio em Fátima.
    Boa escolha musical, em particular do Aznavour, que me era mais desconhecido.
    Abraço,
    J

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  2. Muito bonito. E o seu texto, fq, não sei se é por serem tão amigos, se é da convivência bloguista também muito próxima, soou-me completamente ao dono do estabelecimento. Parecia que estava a ler o JdB. Que bonitas escolhas musicais! pcp

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