19 maio 2013

Solenidade de Pentecostes

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.
Pelas leituras de hoje perpassa a existência do Espírito Santo; nos Actos dos Apóstolos conta-se o milagre das línguas; S. Paulo fala da diversidade; S. João relata o sopro. É Domingo de Pentecostes, o contrário da Torre de Babel, porque hoje é o dia em que a linguagem se tornou uma.
Celebramos hoje também a Festa dos Povos, e em vários sítios se lembram os inúmeros imigrantes que vieram para cá trabalhar, que contribuíram para o enriquecimento de um Portugal, terra de Nossa Senhora, que teima em subsistir. 
Somos um país cosmopolita. Fomos exílio de reis, local de procura de melhores condições de vida, terra aprazível que se visita em turismo. Por esta altura, as ruas da nossa zona são o lugar geométrico de línguas diversas, ponto de encontro de turistas e imigrados. Um olhar distraído não verá mais do que uma profusão de idiomas que se entendem apenas na geografia comum que procuraram. Um olhar mais atento verá que a linguagem é diversa, mesmo entre gente que se crê herdeira das mesmas palavras e da mesma construção frásica. 
Todos conseguimos ser estrangeiros uns dos outros - nos empregos, dentro de casa, na convivência com os nossos mais próximos. Todos usamos palavras inadequadas, que os outros não entendem. E esses outros fazem o mesmo connosco, tenham nascido nos Urais ou neste rosto com que a europa fita o mundo. A linguagem que usamos é própria dos tempos, imprópria da santidade. Assenta num código de egoísmo, orgulho, rancor, indiferença, cegueira de alma. É uma linguagem que existe desde sempre, mas que não tende para a eternidade.  
Que haja, no coração de todos, a utopia cristã do Império do Espírito Santo, pois só ele torna possível a fraternidade universal, só ele transforma a babel na linguagem única do Amor.   

Bom Domingo para todos.

JdB



Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, colocou Se no meio deles e disse lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou,
também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser lhes ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».

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