30 junho 2013

13º Domingo do Tempo Comum

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.

É muito fácil, estou em crer, um homem afastar-se da igreja nas desditas da vida. É demasiadamente simples a forma como qualquer um de nós pode sair de uma missa e dizer para dentro de si mesmo ou para o seu interlocutor: não volto mais, nada disto me diz o que quer que seja. Não conhecemos uma, duas ou três pessoas que fizeram isto. Conhecemos mais, seguramente. É demasiadamente simples, repito. Deveria haver formas metafóricas de prender pessoas aos bancos da igreja, agarrá-las e incitá-las a não desistirem, a ficarem mais um pouco, a olharem para além da espuma imediata de uma má experiência quiçá prematura.

A escuta de um evangelho ou de uma homilia nem sempre é um exercício fácil, sobretudo quando se está numa encruzilhada, na iminência de uma decisão - ou mesmo na ressaca da decisão. Falo, obviamente, de quem escuta a Palavra para dela aproveitar ensinamentos, regras, indicações de percurso. Os outros, que da missa tiram quem lá está, tanto lhes faz o que ouvem, que os olhos são órgão mais importante que os ouvidos.   

Deus interpela-nos em permanência, seja por via da nossa consciência, seja por via da escuta de uma Palavra que ressoa dentro de nós. O que é isso do caminho que devemos seguir? É o do Amor? É o da regra? Quando ouvirmos hoje o evangelho do dia, como reagiremos ao desafio que Cristo lança a quem Ele encontra na estrada para Jerusalém: segue-Me. Como entenderemos o sentido da frase quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus? 

Para alguns tipos de dúvidas não há respostas certas. Ouvir as leituras, escutar a homilia, interiorizar  e aplicar tudo à vida própria é um exercício, repito, difícil. É desafiante. Dizem que a melhor forma de calar um bebé que chora passa por desligar o intercomunicador. Talvez a forma mais simples de apaziguar uma consciência seja ensurdecê-la ao exterior, e o afastamento da Igreja pode ser um caminho. Simplista e errado, direi eu, mas, não obstante, um caminho. Talvez o outro passe por proferir-se até à exaustão esta fórmula mágica: Deus não é senão Amor. Parece deslocado deste contexto? Talvez não. Afinal, é isso que Deus é. E é também isso que faz muitos ficarem de livre vontade numa cadeira de Igreja, semana após semana.

Bom Domingo para todos.

JdB   

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EVANGELHO – Lc 9,51-62

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo,
Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém
e mandou mensageiros à sua frente.
Estes puseram-se a caminho
e entraram numa povoação de samaritanos,
a fim de Lhe prepararem hospedagem.
Mas aquela gente não O quis receber,
porque ia a caminho de Jerusalém.
Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus:
«Senhor,
queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?»
Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os.
E seguiram para outra povoação.
Pelo caminho, alguém disse a Jesus:
«Seguir-Te-ei para onde quer que fores».
Jesus respondeu-lhe:
«As raposas têm as suas tocas
e as aves do céu os seus ninhos;
mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça».
Depois disse a outro: «Segue-Me».
Ele respondeu:
«Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai».
Disse-lhe Jesus:
«Deixa que os mortos sepultem os seus mortos;
tu, vai anunciar o reino de Deus».
Disse-Lhe ainda outro:
«Seguir-Te-ei, Senhor;
mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família».
Jesus respondeu-lhe:
«Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás
não serve para o reino de Deus».

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