Lembras-te? Naquele Verão em que era Inverno. Lembras-te? Os carros passavam por nós e os seus condutores ora zombavam, ora viravam a cara, ora faziam esgares de mal-escondida inveja. Lembras-te? Os vidros embaciados, denunciando-nos. Lembras-te? O medo de sermos apanhados. Lembras-te? O Verão florescendo em pleno Inverno. Lembras-te? Os dias longos, os relógios suspensos, as mãos desassossegadas, os corpos em colapso. Lembras-te? Hoje, lembro-te. És talvez a flor que cresce imperial em frente ao banco de jardim onde sózinho me sento. Desse Verão, não tardará, já só ela, a flor, se lembrará. Eu e tu, finalmente grãos de poeira, fundidos num abraço cósmico, rumo ao sol que em tempos nos prometêramos.
gi.
...haverá coisa mais bonita, do que 'grãos de poeira, fundidos num abraço cósmico', rumo ao sol?
ResponderEliminarah gi, continua a ser, um outro verão