06 agosto 2014

Das distâncias entre as pessoas

prrrrr, fotografia de JMAC, o homem de Azeitão


Da ronda de blogues habituais aprendo uma palavra que não conhecia, mas a cujo sentido sou particularmente sensível: proxémica. Cunhada pelo antropólogo Edward T Hall, em 1963, significa o estudo das distâncias físicas  que os indivíduos estabelecem entre si quando interagem socialmente e do significado e possíveis razões da variação dessas distâncias (da Infopédia). 

Um banco de jardim. Sento-me numa ponta e se algum estranho se aproxima, senta-se onde? Na outra ponta, deixando um espaço vazio, ou no meio? Uma praia quase vazia (e tirei este exemplo de outro blogue). Estende-se uma toalha num espaço sem ninguém. Dez minutos depois, um magote de gente instalou-se ao lado, numa proximidade muito enervante e despropositada. Porque será?

Para Hall há quatro tipos de distâncias:

  • distância mínima: 15 a 45 cm
  • distância pessoal: 45 a 120 cm
  • distância social: 1,2 m a 3,5 m
  • distância pública: acima dos 3,5 m

Ora, parece-me esta informação de uma rara importância. Talvez sugerisse mesmo que ela fosse ensinada nas escolas, nas empresas, nos cursos de formação profissional, nos certificados de aptidão profissional que muitos de nós frequentam para, passadas umas horitas, podermos ensinar os (supostamente) ignorantes. Estou em crer que o catecismo também podia tomar isto em consideração.

Tenho, já o confessei, uma visão muito sensível da proxémica. Tenho incómodos com o contacto físico sem nexo (ia referir "gratuito" mas poderia dar origem a más interpretações), fico à beira de um ataque de nervos quando alguém se aproxima excessivamente e, num gesto de cordialidade dispensável, nos toca repetidamente num braço querendo contar anedotas de humor duvidável. Roço a má-criação quando, numa fila de espera para um banco ou repartição alguém entende querer saber o que me leva a um balcão, espreitando por cima do meu ombro.

O caso do BES enoja-me, deprime-me, incomoda-me e sobre ele não falarei. Mas não resisto a acrescentar que tudo se resume ao desconhecimento da proxémica. Não fosse esse o caso e os banqueiros potencialmente delinquentes teriam mantido a distância certa. De quem? Dos empreiteiros, dos políticos, das ambições desmedidas, da falta de carácter e de honra, de algumas ex-colónias. Talvez, muito simplesmente, mantivessem uma distância de um lado de si próprios.

Pronto, é isto, no fundo.

JdB



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