Relacionamentos a dois – uma cábula astrológica
Esta cábula
destina-se a todos que querem luz nos seus relacionamentos, que querem viver a
vida a dois com mais satisfação sabendo que, sem relacionamentos, o caminho
para o auto-conhecimento fica incompleto.
As questões
relacionais ocupam grande parte das consultas astrológicas e, como neste
momento o Sol e Vénus estão em Balança, chegou a altura de enfrentar o tema. Sendo
Vénus o planeta mais associado a atracção e relacionamentos, e Balança o signo
das relações a dois e do casamento, temos agora uma overdose do arquétipo relacional.
Muitas pessoas, quando ouvem falar do planeta Vénus, confundem-no com a Vénus mitológica, a
versão romana de Afrodite, a deusa do amor. Não vou falar de amor, porque amor é
demasiado sublime para ser analisado astrologicamente. Ainda por cima, existem vários
tipos de amor: o amor à pátria ou o amor incondicional de uma mãe pelo seu
filho, que são diferentes do amor-paixão que inspirou Camões quando escreve “Amor é fogo que arde
sem se ver…”
O que preocupa a maioria das
pessoas é o funcionamento da sua principal relação – marido, companheiro,
namorado, amante. É assunto de casa 7, o terceiro componente do arquétipo relacional, por
representar a área de vida dos relacionamentos a dois e do casamento. Mas é
também a casa espelho, regida por Vénus, cujo símbolo parece um espelho. É a
casa do “outro” por estar oposta à casa 1 e ao Ascendente que simbolizam a
personalidade que mostramos, a nossa janela aberta para o mundo.
O homem não conhece a sua imagem até se ver reflectido
num espelho, e esta simples verdade não se aplica apenas à realidade física,
mas também à realidade psíquica. Liz Greene, astróloga e analista
Jungiana.
O que
procuramos nos outros (casa 7) contribui para mais tarde encontrarmos essas
qualidades em nós próprios e nos tornarmos mais inteiros. O grande problema é
que o que procuramos nos outros, portanto muito do que se passa num
relacionamento, vem do material inconsciente. Em linguagem psicológica chama-se
projecção - o mecanismo inconsciente pelo qual atribuímos ao outro qualidades e
defeitos que não possuímos ou não queremos aceitar em nós próprios.
A coisa não se
fica por aqui! Jung disse: “Todas as projecções provocam uma contra-projecção
quando o destinatário está inconsciente da qualidade projectada sobre ele pelo projector”.
Na vida real, manifesta-se normalmente
numa discussão violenta, onde todos os 6 personagens (contando com as
projecções e contra-projecções) gritam e ninguém tem razão.
Tenho
experiência pessoal do assunto. Em pleno desmoronar do meu primeiro casamento
li um pequeno poema de Jacques Prévert “Os
amantes traídos” com o qual me identifiquei:
Moi j’avais
une lampe Eu tinha uma
lamparina
et toi la
lumière e
tu a luz
Qui a vendu la
mèche ? » Quem vendeu o pavio ?
Partindo do
princípio de que há amor, como é que astrologia pode ajudar num relacionamento?
Fazer uma sinastria entre Sol,
Lua e Ascendente do casal – A sinastria é a técnica habitual para analisar o
relacionamento entre duas pessoas que produz um nível de compatibilidade
baseado em factores de personalidade, e indica onde é mais provável que haja
entendimentos e desentendimentos. Se num casal há alguma compatibilidade entre
elementos destes pontos, temos uma plataforma de entendimento.
Paul Newman e
Joanne Woodward estiveram casados 50 anos – só a morte os separou. No mundo do
espectáculo um perfeito recorde. Ambos tinham o mesmo ascendente com os
regentes em sextil, Paul Newman tinha o Sol em Aquário, a Lua em Peixe e Joanne
Woodward o Sol em Peixe e a Lua em Aquário. Compatibilidade como esta é raro.
Mais comum é, por exemplo, o ascendente de A ser do mesmo signo da Lua de B e/ou
os sois de ambos serem de signos do mesmo elemento.
Estudar a sinastria entre Vénus e
Marte – explica a atracção inicial e questões relativas a sexo, um
componente importante de qualquer relação amorosa.
Mas mais
importante do que as sinastrias é analisar
a casa 7 de cada um, os planetas que aí habitam e o signo e regente do descendente.
É na descoberta das nossas projecções, do nosso material inconsciente, do
que julgamos ser possível subcontratar ao outro em vez de assumir essa
característica em nós próprios, que reside a resposta a Jacques Prévert. Foi o
inconsciente deixado inexplorado que vendeu o pavio.
É claro que carregamos
mais complexos e “material-sombra” para além da casa 7 que vão afectar a nossa vida em geral,
incluindo os aspectos relacionais. Por isso chamei a este post uma cábula e não um guia. E é astrológica porque muitos outros
métodos de auto-conhecimento são úteis em questões relacionais, mas só a
astrologia dá uma visão imediata das zonas psíquicas onde se vendem pavios.
Luiza Azancot
A questão está nas projecções e no que entendemos que o outro nos deve dar.
ResponderEliminarTalvez ninguem venda o pavio, este apaga-se e já lá não está alguém para o acender (ou nunca esteve porque eram apenas projecções e alogramas)
Gostei.