10 março 2015

Duas Últimas

Nada ligo ao Dia Internacional da Mulher, tanto que não sei se é internacional ou mundial. Nem sequer percebo a diferença entre uma designação e outra... No entanto, sou sensível à violência sobre as mulheres. Talvez prefira dizer que sou sensível à violência, independentemente de quem a pratica e sobre quem a pratica. Parece-me que este raciocínio é do mais elementar bom senso. Também sei que, por via da diferença de força humana, a violência física se exerce mais sobre as mulheres do que sobre os homens. As estatísticas não mentem, e mesmo essas só revelarão a violência que se exerce no corpo, não no espírito. 
No  final da semana passada mostraram-me o vídeo com o (novo) hino da APAV, intitulado “Cansada”. Não me debrucei sobre a letra, confesso, pois estava distraído a fazer outras coisas. Achei a música bonita e bem interpretada. Por isso, e também por um certo imperativo de consciência, a divulgo.




Depois lembrei-me de um fado com que me cruzei há uns tempos. A letra, que reproduzo abaixo, é de Linhares Barbosa [1893 – 1965], um torneiro mecânico que terá produzido, apesar de ter a instrução primária, cerca de três mil letras.  Vamos supor que o letrista a escreveu no último ano de vida. Entre esse momento e o ano de agora distam 50 anos. É muito ou pouco? Não sei. Mas há meio século ninguém se chocaria que uma mulher (penso que a Lucília do Carmo interpretou o fado) dissesse em público bate naquilo que é seu / ninguém tem nada com isso.
Curiosidades...

JdB


O meu (um homem a meu jeito)

Amo um homem a meu jeito
Valente, como os que o são
Tem tatuagem no peito
E lá dentro, um coração

Com ciúmes, são de lume
Seus olhos que me consomem
Gosto de o ver com ciúme
Acho-o mais belo, mais homem

Com seus lábios de veludo
Com que amor eu sou beijada
Beija-me às vezes por tudo
Bate-me às vezes por nada

Dizem, porque me bateu
Que o seu amor é postiço
Bate naquilo que é seu 
Ninguém tem nada com isso


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