Há algumas semanas largas (o link está aqui, para quem tiver um inexplicável interesse em revisitá-lo) escrevi sobre Fátima, sobre a canonização dos pastorinhos, sobre a minha não devoção aos santos. De lá para cá muito se tem escrito sobre o tema, com posições mais ou menos radicais de gente do clero que é apelidada de comunista ou de maçon. Não sei se são, nem isso interessa para o tema em apreço.
A minha ideia de Fátima mantém-se igual: o milagre que ali se opera, de há 100 anos para cá, não é a aparição de Nossa Senhora ou a visão que três crianças tiveram de Nossa Senhora. O milagre é a mudança, o apelo à mudança - talvez mesmo o desejo de mudança. O milagre é o conforto que todos temos, independentemente das superstições, das fés menos esclarecidas, de uma espécie de auto-flagelo que supostamente conforta o coração ofendido de Deus, como se Alguém que não é senão amor se ofendesse com o que quer que seja... O milagre é uma espécie de irmandade universal, de compreensão pela angústia de quem está ao nosso lado e cuja vida desconhecemos, de partilha da alegria de outra pessoa, noutro lado, e cuja vida desconhecemos também.
Fui a Fátima hoje, mas há 16 anos, ano de todos os anos. Vi a imagem de Nossa Senhora a uns metros de mim, mas Nossa Senhora não estava ali. Estava no meu coração, no coração de quem, pequeno e indefeso, lutava uma luta cedo de mais. Estava no coração de todos os que me acompanharam, sobretudo os mais próximos de entre os mais próximos. Nossa Senhora não é uma imagem; a imagem é apenas a materialização para onde podemos olhar com os olhos de ver, porque os olhos que sentem estão voltados para o infinito, para a alma, para o interior dos que sofrem ou dos que se alegram. Olhamos na horizontal para podermos olhar na vertical - os olhos no andor, os olhos no céu. E dizer-lhe adeus não é dizer-lhe adeus, mas é empunhar uma vela que fica acesa sempre, porque todos os dias são dias de pedir e de agradecer discernimento e força, que com isso alcançamos o mundo.
Por diversos motivos não irei a Fátima neste dia 12 de Maio. Talvez me comova pela televisão, porque hoje, mas há 16 anos, lá fui pela primeira vez, ano de todos os anos. Talvez me comova percebendo tudo o que ganhei, apesar de tudo o que perdi.
JdB
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Salve Rainha,
bem-aventurada Virgem de Fátima,
Senhora do Coração Imaculado,
qual refúgio e caminho que conduz até Deus! Peregrino da Luz que das tuas mãos nos vem, dou graças a Deus Pai que,
em todo o tempo e lugar,
atua na história humana;
peregrino da Paz que neste lugar anuncias, louvo a Cristo, nossa paz,
e para o mundo peço a concórdia
entre todos os povos;
peregrino da Esperança que o Espírito alenta, quero-me profeta
e mensageiro para a todos lavar os pés,
na mesma mesa que nos une.
Ave o clemens, ave o pia! Salve regina rosarii Fatimæ. Ave o clemens, ave o pia! Ave o dulcis Virgo Maria.
Salve Mãe de Misericórdia, Senhora da veste branca! Neste lugar onde há cem anos a todos mostraste
os desígnios da misericórdia do nosso Deus, olho a tua veste de luz
e, como bispo vestido de branco,
lembro todos os que,
vestidos da alvura batismal, querem viver em Deus
e rezam os mistérios de Cristo para alcançar a paz.
Ave o clemens, ave o pia! Salve regina rosarii Fatimæ. Ave o clemens, ave o pia! Ave o dulcis Virgo Maria.
Salve, vida e doçura,
Salve, esperança nossa,
ó Virgem Peregrina, ó Rainha Universal!
No mais íntimo do teu ser,
no teu Imaculado Coração,
vê as alegrias do ser humano
quando peregrina para a Pátria Celeste.
No mais íntimo do teu ser,
no teu Imaculado Coração,
vê as dores da família humana
que geme e chora neste vale de lágrimas.
No mais íntimo do teu ser,
no teu Imaculado Coração,
adorna-nos do fulgor de todas
as joias da tua coroa
e faz-nos peregrinos como peregrina foste Tu. Com o teu sorriso virginal
robustece a alegria da Igreja de Cristo.
Com o teu olhar de doçura
fortalece a esperança dos lhos de Deus.
Com as mãos orantes que elevas ao Senhor
a todos une numa só família humana.
Ave o clemens, ave o pia! Salve regina rosarii Fatimæ. Ave o clemens, ave o pia! Ave o dulcis Virgo Maria.
Ó clemente, ó piedosa,
ó doce Virgem Maria,
Rainha do Rosário de Fátima!
Faz-nos seguir o exemplo dos Bem- aventurados Francisco e Jacinta,
e de todos os que se entregam
à mensagem do Evangelho.
Percorreremos, assim, todas as rotas, seremos peregrinos de todos os caminhos, derrubaremos todos os muros
e venceremos todas as fronteiras,
saindo em direção a todas as periferias,
aí revelando a justiça e a paz de Deus. Seremos, na alegria do Evangelho,
a Igreja vestida de branco,
da alvura branqueada no sangue do Cordeiro derramado ainda em todas as guerras
que destroem o mundo em que vivemos.
E assim seremos, como Tu,
imagem da coluna luminosa
que alumia os caminhos do mundo,
a todos mostrando que Deus existe, que Deus está,
que Deus habita no meio do seu povo, ontem, hoje e por toda a eternidade.
Ave o clemens, ave o pia! Salve regina rosarii Fatimæ. Ave o clemens, ave o pia! Ave o dulcis Virgo Maria.
Salve, Mãe do Senhor,
Virgem Maria, Rainha do Rosário de Fátima! Bendita entre todas as mulheres,
és a imagem da Igreja vestida da luz pascal, és a honra do nosso povo,
és o triunfo sobre a marca do mal.
Profecia do Amor misericordioso do Pai, Mestra do Anúncio da Boa-Nova do Filho, Sinal do Fogo ardente do Espírito Santo, ensina-nos, neste vale de alegrias e dores, as verdades eternas
que o Pai revela aos pequeninos.
Mostra-nos a força do teu manto protetor. No teu Imaculado Coração,
sê o refúgio dos pecadores
e o caminho que conduz até Deus.
Unido aos meus irmãos,
na Fé, na Esperança e no Amor, a Ti me entrego.
Unido aos meus irmãos, por Ti, a Deus me consagro,
ó Virgem do Rosário de Fátima.
E, enfim, envolvido na Luz que das tuas mãos nos vem, darei glória ao Senhor pelos séculos dos séculos. Amen.
Ave o clemens, ave o pia! Salve regina rosarii Fatimæ. Ave o clemens, ave o pia! Ave o dulcis Virgo Maria.
Fui então testemunha, e hoje continuo tetsemunho de que essa sua fé o salvou. Olhar na horizontal cruza-o com a imagem inspitadora, mas o olhar na vertical abraça-o ao seu Anjo velador e redentor.Emocione-se pois que estes encontros têm lágrimas que são os fios do tecer da eternidade no coração que e seu tear
ResponderEliminarO seu testemunho é a trave mestra. Tantos o confessam, mesmo sem vontade de o tornar público.
ResponderEliminarQue Deus continue a abençoa-lo.
Ao primeiro anónimo já respondi, que o anonimato dele me é conhecido e estimado.
ResponderEliminarAo segundo, que não saberei quem é, agradeço a visita e as desejos de bênção. Como disseram no primeiro comentário, a fé salvou-me por diversos ocasiões, mas tenho dificuldade em explicar isto, sobretudo a gerações mais novas. Há um tempo para tudo, estou certo...