E vós também, pindéricos jornalistas
que fazeis cócegas e outras coisas
à opinião pública! (...)
Almada Negreiros
***
Na minha qualidade de Presidente, ou de simples membro da Direcção, representei a Acreditar inúmeras vezes nos últimos anos: recebi cheques, prémios; falei, conversei, discursei; estive em farmacêuticas, bancos, escolas, empresas, torneios de golfe, etc. Nalguns eventos fui sozinho ou acompanhado social ou profissionalmente; nalguns eventos estavam figuras públicas - presidentes de bancos, administradores, directores, jornalistas, actores de telenovela. Nalguns eventos havia comunicação social - televisões ou jornais.
Em grande parte do mundo, Setembro é dedicado ao cancro pediátrico. A Acreditar associou-se à campanha Setembro Dourado, que pretende sensibilizar a opinião pública para a doença que, excluindo os acidentes, mata mais crianças a partir do primeiro ano de vida. Teremos vários eventos durante o mês, e ontem conseguimos a visita de Marcelo Rebelo de Sousa. Durante a hora que esteve connosco mostrámos-lhe a casa, conversou longamente com crianças, jovens e Pais, beijou e deixou-se fotografar, interessou-se genuinamente por tudo, dando sempre a sensação que estava lá, sem pressas nem agendas. Sempre de mão dada com ele, três ou quatro crianças a que se juntou uma jovem. Se uma ou outra poderiam não suscitar a atenção, numa adolescente e numa criança os sinais de doença eram evidentes.
Na qualidade de presidente da Acreditar falei do nosso próximo e grande projecto: a ampliação (duplicação, no fundo) da casa de Lisboa para dar resposta a uma permanente e dolorosa lista de espera, já que não conseguimos albergar todos aqueles que nos procuram. Um desafio que orçará 1.700.000€, talvez, que terá de ser suportado principalmente por mecenato. Um pai, cabo-verdeano, falou a seguir a mim, mencionando a importância que a Acreditar e a casa têm no processo de doença e recuperação. Falou então Marcelo Rebelo de Sousa, demorando-se na campanha, na importância da Acreditar, na luta das crianças.
Depois os jornalistas quiseram fazer perguntas. Penso que estaria tudo organizado, porque só a RTP 1 se dedicou a essa tarefa por três vezes: a primeira para falar de Tancos, a segunda para falar de Tancos, a terceira para falar da Coreia do Norte. Nenhum jornalista me fez perguntas, nenhum jornalista fez perguntas a qualquer elemento da estrutura profissional ou voluntária da Acreditar, nem sequer a um Pai. Diz-me quem sabe que só vieram porque o presidente não fez declarações no quartel, pelo que no jardim da Acreditar, rodeados de Pais e crianças e profissionais e voluntários, os jornalistas quiseram saber dos morteiros roubados e do louco norte-coreano.
Estive várias vezes com actores de telenovelas em eventos onde a Acreditar se fez representar, fosse por mim, ou por outra pessoa. Fomos sempre ignorados pela comunicação social, porque entre uma associação que trabalha com crianças com cancro (e que é protagonista de um evento) e uma carinha laroca que fala do seu último e grande amor não há dúvida sobre o que prevalece.
JdB
Actualização hoje, às 09.00h: não tiro uma palavra ao que escrevi ontem; mas, em abono da verdade, diga-se que o Observador deu uma notícia correcta e simpática, o jornal das 20.00h da TVI idem. Dos outros não sei. Talvez não precisassem de perguntas, que as imagens falariam por si.
Actualização hoje, às 09.00h: não tiro uma palavra ao que escrevi ontem; mas, em abono da verdade, diga-se que o Observador deu uma notícia correcta e simpática, o jornal das 20.00h da TVI idem. Dos outros não sei. Talvez não precisassem de perguntas, que as imagens falariam por si.
Crianças com cancro ou crianças a morrer à fome em África, o oue é que isso interessa?
ResponderEliminarO que tem interesse é se a Vanessa Qualquer Coisa já tem outro namorado, se o gatinho encontrado na rua já tem almofada ou se a mula da cooperativa já deu dois coices no telhado.
SdB (I)