Ontem, por motivos prosaicos que não vêm ao caso, passei 30 minutos na Decathlon. Em bom rigor, há muito tempo - talvez mais de 20 anos - que não estava tão próximo de uma ideia de desporto ou de artigos de desporto. Não tive nostalgia, não tive horror, não tive desejos de nada - de flexões, de bíceps desenvolvidos, de resistência fantástica no teste de Cooper para sexagenários. Tive, muito simplesmente, um pensamento diferente sobre a actividade desportiva.
São inegáveis as vantagens de se fazer desporto, acima de tudo uma melhor saúde física e mental. Pode haver quem defenda o convívio com amigos, com colegas, a troca de experiência ao nível da transpiração vs batimentos cardíacos, as virtudes do step ou do pilates, a qualidade deste ou daquele ginásio. Não nego nada disso. Há, no entanto, uma dimensão à qual os néscios não prestam atenção, como se o mundo se resumisse ao espaldar que já ninguém usa ou à cambalhota que já ninguém faz.
Ora, a actividade desportiva não se resume aos músculos trabalhados, ao emagrecimento saudável, ao endurecimento dos glúteos, ao gosto pelos sumos naturais e pela comida biológica. O desporto tem uma dimensão vedada aos incautos, aos distraídos - ou apenas aos arrojados. Atentemos na imagem acima, a de um ciclista. Podemos repetir o que alguém dizia do ciclismo, que é o único desporto em que a besta que puxa vai sentada. Mas vejamos melhor: os calções justos (short, na legenda), o capacete, a camisola (camiseta, na legenda) desafogada ao nível das axilas, feita em material que suscita a transpiração - ou não, sei lá eu...
Ontem, na Decathlon, estive com um capacete na mão, não para mim, mas para alguém que precisava de adquirir um. E pensei que o ciclismo estava arredado da minha lista de actividades físicas: vou a um prémio da montanha, vou a um contra-relógio, vou a uma prova de perseguição ou de resistência. Onde eu não vou é a uma camiseta e a um capacete daqueles, porque a minha noção de ridículo - obsessiva e sensível - não o permite. Não sou preguiçoso. À minha maneira sou um esteta, mesmo que ninguém (nem sequer eu) acredite...
JdB
Ontem, na Decathlon, estive com um capacete na mão, não para mim, mas para alguém que precisava de adquirir um. E pensei que o ciclismo estava arredado da minha lista de actividades físicas: vou a um prémio da montanha, vou a um contra-relógio, vou a uma prova de perseguição ou de resistência. Onde eu não vou é a uma camiseta e a um capacete daqueles, porque a minha noção de ridículo - obsessiva e sensível - não o permite. Não sou preguiçoso. À minha maneira sou um esteta, mesmo que ninguém (nem sequer eu) acredite...
JdB
1 comentário:
Como o compreendo. Veja a obesidade e...
Abraço
ea
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