Já em ambiente de férias, partilho uma interpretação divertida de uma presidência que faz questão de estabelecer a máxima proximidade com os cidadãos. Disposto a mergulhar nos acontecimentos, procura estar sempre no terreno, acudindo a uns e a outros conforme a situação o dite. Num desempenho do cargo marcado pelo zelo e por um estilo garrido e efusivo, continua a somar recordes de popularidade. Chega a parecer incansável, sendo do domínio público que se contenta com poucas horas de sono.
Num humor suave e apartidário, alguém concebeu um encaixe perfeito da personalidade hiperactiva dos nossos dias nas situações imortalizadas em telas antanhas, todas elas célebres e plenas de significado: ora em solidão, ora em dor escancarada, ora a contar com um afecto explícito. Nesta paródia acrescenta-se ao dom da ubiquidade, a capacidade de viajar no tempo ou para lá do tempo… Segue-se a ordem cronológica das quatro telas postadas:
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1503-06, «A Gioconda», de Leonardo, a partir da modelo Lisa – possivelmente, a mulher do rico comerciante de sedas florentino Francesco del Giocondo. Nesta pintura sobre madeira de álamo, Leonardo estreia a técnica do “sfumato” e concebe um retrato portentoso, de sorriso enigmático, reservado e sedutor, carregado de subtilezas difíceis de dissecar, até ao pormenor. O desnível intencional na linha do horizonte, visivelmente mais baixo no lado direito (mas truncado neste zoom), faz com que Mona Lisa pareça muito maior vista a partir da esquerda. Napoleão Bonaparte ficou tão fascinado com a tela, que exigiu tê-la nos seus aposentos. No Verão de 1911, foi roubada ao Louvre, seguindo-se um processo de interrogatórios e prisões sumárias, que vitimou diversos artistas. Os suspeitos incluíram, por exemplo, Picasso (preso durante meses) e o poeta Apollinaire. Só anos mais tarde se descobriu o quadro e o ladrão – um italiano, ex-empregado do museu. |
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1893, «O Grito da Natureza», do norueguês Edvard Munch. Considerado «A Gioconda» da arte contemporânea. |
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1907-08, «O Beijo», do simbolista vienense Gustav Klimt, numa profusão dourada que evoca a arte bizantina. Os ornamentos curvos são, comummente, associados à feminilidade e os rectilíneos à masculinidade. |
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Jun.1937, «Guernica», de Picasso, com dimensões de mural: 3,49m X 7,76m. Pulverizando as figuras do Presépio, ergueu-se como manifesto contra a guerra. Em plena Guerra Civil espanhola, o pintor quis denunciar a razia causada pelos bombardeamentos maciços da Legião alemã-nazi Condor sobre a povoação basca de Guernica, na tarde de 26 de Abril de 1937. Em apenas 2 horas, a cidade-bastião das forças republicanas ficou reduzida a pó. Em termos bélicos, o ataque serviu para testar o alcance da Blitzkrieg, aplicada dois anos depois pela Luftwaffe. |
Óptimas férias aos que partem e bom trabalho aos que ficam, com maior sossego para aproveitar as cidades semi-esvaziadas dos residentes habituais. Na Gulbenkian, o ciclo de jazz tem uma programação apetecível (
https://gulbenkian.pt/jazzemagosto).
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
1 comentário:
Vá lá... Saíu da casca...
Post fora do vulgar. Sobretudo com Gustav Klimt.
Felicitações,
ea
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