08 agosto 2023

A JMJ, o Papa e a Acreditar


Fruto de um golpe de sorte, de uma grande credibilidade de que gozamos e ainda, mas não menos importante, daquilo para que existimos, a Acreditar foi convidada para um encontro com o Papa no Centro Paroquial de S. Vicente de Paulo, uma obra fantástica liderada pelo cónego Francisco Crespo. Comigo, como presidente da instituição, iam 25 pessoas, entre pais / mães, doentes e sobreviventes. Enquanto católico, este encontro foi uma benção para mim e, estou certo, para todos aqueles que fui acompanhar, para quem este encontro foi um motivo de alegria e alento para a jornada que vão fazendo com os seus filhos doentes. Eis o meu breve discurso, cuja "construção" teve uma intervenção decisiva de membros da equipa da Acreditar:

"Santo Padre, 

Somos um grupo de crianças e jovens com cancro, de crianças e jovens que o ultrapassaram, e também de pais. Em conjunto formamos a Acreditar que há trinta anos fomenta a esperança na cura e tenta minorar o sofrimento durante os tratamentos, na sobrevivência e nas famílias cujos filhos não sobrevivem. 

Damos apoio emocional, psicológico, material e escolar, e acolhemos nas nossas Casas quem vive longe do hospital. A nossa missão é estar com todas as crianças e jovens, procurando que o cancro nunca os defina e que a evolução da cura e a melhor qualidade de vida sejam uma realidade. Sabemos que nos fortalecemos nas vidas partilhadas e na defesa dos direitos, por isso criamos elos entre os sobreviventes, doentes e pais para que, com esperança, nunca se sintam sós. 

Gracias, Santo Padre, por tener los niños com cancer y sus famílias en su corazón y en sus oraciones."


“Queridos irmãos e irmãs, bom dia! 

Agradeço ao pároco as suas palavras, e saúdo a todos vós, em particular aos amigos do Centro Paroquial da Serafina, da Casa Família Ajuda de Berço e da Associação Acreditar. E agradeço as vossas palavras, que mostraram o trabalho que se faz. Obrigado. É lindo estarmos aqui juntos, enquanto, no contexto da Jornada Mundial da Juventude, olhamos para a Virgem Maria que Se levanta e vai ajudar Isabel, sua parente idosa. De facto, a caridade é a origem e a meta do caminho cristão, e a vossa presença, realidade concreta de ‘amor em ação’, ajuda-nos a não esquecer a rota, o sentido daquilo que fazemos. Obrigado pelos vossos testemunhos, dos quais quero destacar três aspetos: fazer juntos o bem, agir no concreto — não só com ideias, mas concretamente — e estar próximo dos mais frágeis.

Primeiro, fazer juntos o bem. ‘Juntos’ é a palavra-chave, que ouvi repetir muitas vezes nas vossas intervenções. Viver, ajudar e amar juntos: jovens e adultos, sãos e doentes… juntos. O João disse-nos uma coisa importante: é preciso não se deixar ‘definir’ pela doença, mas fazer dela parte viva do contributo que prestamos ao conjunto, à comunidade. É verdade! Não devemos deixar-nos ‘definir’ pela doença ou pelos problemas, porque não somos uma doença nem um problema. Cada um de nós é um dom, um dom único com os seus limites, um dom precioso e sagrado para Deus, para a comunidade cristã e para a comunidade humana. E, assim como somos, enriquecemos o conjunto e deixamo-nos enriquecer pelo conjunto!

(...)"

Para um católico, estar com o Papa é uma alegria indizível. Acompanhar estes pais, estas mães, algumas crianças doentes que foram connosco é, passe a ligeireza da expressão, a cereja em cima do bolo. É imaginar-lhe o boost de alento, de força, de esperança. Imagino o quanto pode valer um encontro destes; sei a importância de um encontro destes para o reforço da fé em dias melhores. 

Que estes 25 que foram comigo sejam o lugar geométrico de toda a comunidade da oncologia pediátrica e daqueles que não puderam ir porque era impossível levar todos. E que esta Jornada Mundial da Juventude dê alegria e esperança a quem percorre um caminho cheio de espinhos.

JdB 


1 comentário:

Anónimo disse...

Comovente.

Parabéns por tudo.

Abraço,

fq

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