10 setembro 2009

Deixa-me rir...



Conheci o Dr. John por intermédio do PO. Vi-o, pela primeira vez, sentado a um piano, no vídeo The Last Waltz, sobre os The Band, um grupo canadiano que ao fim de 16 anos de tocarem juntos, resolveram juntar todos os amigos/artistas que os tinham inspirado ao longo do tempo e fazer um mega concerto/celebração no Winterland Ballroom de São Francisco no dia 25 de Novembro de 1976 (gosto muito deste dia!). O vídeo, considerado pelo New York Times como o mais belo vídeo de rock jamais produzido, foi realizado por Martin Scorcese (que já tinha feito um sobre o Bob Dylan e que, entretanto, fez outro sobre os Rolling Stones, o fabuloso Shine a Light, que passou nos cinemas há cerca de um ano).

E foi amor à primeira vista. Dos muitos e famosíssimos artistas que acompanharam os The Band naquele memorável concerto (basta fazer um google para ter uma ideia da “dimensão” dos intervenientes), nenhum me encantou mais do que o Dr. John. A voz, o talento, a figura, a descontracção, o puro gozo de quem sabe que tem graça, que é bom no que faz e GOSTA do que faz, conquistaram-me por completo.

Nasceu Malcolm John Rebennack, Jr, em 1940. Guitarrista durante algum tempo, sobretudo pianista, compositor e cantor, tornou-se conhecido pela sua excentricidade e por um estilo de música que, ao longo dos anos, se foi repartindo pelos blues, boogie woogie e rock n’ roll (com algumas fusões destes estilos, também).

Gris-Gris, o seu primeiro album a solo de 1968, que misturava, com grande criatividade, ritmos e sons voodoo com música tradicional de New Orleans, foi extremamente bem recebido pela revista Rolling Stone, que o colocou numa posição de destaque num ranking dos 500 melhores álbuns de sempre.

Tornou-se um cantor e músico de culto, tendo tocado com Mick Jagger e Eric Clapton no álbum The Sun, Moon and Herbs. Este álbum fez a ponte para uma nova fase, mais ligada ao rhythm and blues e ao funk. E que veio dar origem ao álbum seguinte, Dr. John’s Gumbo (1972), um dos seus álbuns mais conhecidos. Mais uma vez, foi aclamado pela Rolling Stone, que o colocou entre os 500 maiores álbuns of all times.

Em 1973 produziu um novo álbum, desta vez dedicado ao funk de New Orleans, In the Right Place, álbum que o transformou numa espécie de embaixador do funk produzido na Louisiana. Such a Night, a música interpretada no concerto dos The Band, faz parte deste álbum.

Ao longo da sua carreira trabalhou com músicos como Sonny & Cher, Bob Dylan, Brian Wilson, The Band, Lou Reed, Eric Clapton, Mick Jagger, Carly Simon, Neil Young, James Taylor e Rickie Lee Jones, entre muitos outros.

Entre 1981 e 1983, gravou dois álbuns a solo, sobretudo com composições suas, em que demonstrou o enorme talento enquanto intérprete de boogie woogie. Seguem-se vários álbuns gravados em 1998 (Anutha Zone), 2000 (Duke Elegant), 2001 (Creole Moon), 2004 (N’awlinz: dis, dato r d’udde), 2005 (Sippiana Hericane – a seguir ao furacão Katrina que arrasou a cidade de New Orleans), 2006 (Mercenary) e 2008 (City that care forgot).

Não pertencendo ao mainstream da música, nunca tendo tido uma projecção a nível global como tantos outros com quem colaborou, há quem o considere injustamente underrated. Na minha opinião, porque fui eu que o escolhi, totalmente underrated! O domínio das teclas, o ritmo, a originalidade das misturas, o reconhecimento que lhe foi dado pela major Rolling Stone … não percebo. Mas isso sou eu …

Para quem quiser saber mais, tem uma autobiografia, publicada em 1994, intitulada Under a Hoodoo Moon.

pcp + po

2 comentários:

  1. Queridos, queridas, ou ambos. Estamos no século XXI.

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  2. Caro(a) anónimo(a), não percebi bem o seu comentário. A música tocada pelo Dr. John não tem época ou tempo, não será? É um "clássico"... não gostou, é isso? pcp

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