31 outubro 2011

Fórmula para o caos

"Em casa onde não há pão, todos falam e ninguém tem razão". Este ditado popular aplica-se na perfeição a todos os comentários que se lêem e ouvem acerca da despesa do Estado português. Já há muitos anos que se tem vindo a bramar contra os salários dos políticos em exercício e contra as pensões atribuídas aos ex-governantes. É evidente que, num país com recursos limitados, débil clima económico e finanças públicas descontroladas, os políticos poderiam dar o exemplo ao cortarem nos seus salários e abdicarem das pensões vitalícias, quando ainda exercem uma profissão no privado. Contudo, é perigosa a ideia que paira. O povo está convencido de que o grosso da despesa é gasta para o efeito que enunciei. Para que se saiba, são 396 os ex-políticos com direito a pensão. No OGE 2012 estão previstos 7,8 milhões de euros para pagar as ditas pensões. A despesa do Estado ascende a 48,8% do Produtos Interno Bruto. Quero com isto dizer que, se o propósito for moral, o corte nos benefícios à classe política é meritória. Mas se essa for feita com um objectivo economicista, passa a irrelevante.

Pedro Castelo Branco

1 comentário:

  1. Tem toda a razão Pedro, no entanto é importante que haja bons exemplos e o povo não faz contas, porque não sabe. Olha apenas para os outros e só ouve o que percebe. Se um político ganha 3 ou 4 ordenados, mau, mau que é injusto. Quantos políticos são? Não interessa, basta um para se generalizar.

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