A televisão debita informação ininterrupta sobre os Jogos Olímpicos, com Portugal arredado, para já, das medalhas e de Pequim, vítima do fuso horário, de um vento aziago, do sorteio desfavorável, do nervosismo de quem não se habituou, ainda, à roda da alta competição. Há pouco, uma jovem atleta, talvez eliminada, referia ao jornalista a importância que tinha estar-se em boa forma nas olimpíadas - não como uma justificação, mas como um tesouro do seu pensamento juvenil. Pareceu-me um lugar comum, mas talvez seja azedume da minha parte...
Observo uma coreana bonita, sossegada, com um panamá branco que lhe assenta elegantemente por cima de uns olhos rasgados, na modalidade de tiro com arco. Compete com ela uma marroquina que podia ter sido um homem noutra reencarnação ou, quem sabe, na década passada. Entendo que deve haver uma dimensão estética nas coisas e, por isso, também nas vitórias. Assim, não tenho dúvidas sobre a beneficiária do meu (pouco) entusiasmo.
Estava eu nestes preparos, pensando no tema do meu blogue de amanhã (por vezes escrevo na véspera) quando me chegou uma mensagem electrónica de uma pessoa de quem sou amigo há muitos, muitos anos – o RAV. Era uma mensagem alegre, bem-disposta, de alguém que tinha visitado pela primeira vez o meu espaço cibernético e o comentava com humor, referindo-se a mim como uma pessoa de quem gosta e que muito admira. Decidi, por isso, que o meu post de hoje se iria referir aos amigos – no sentido mais amplo da palavra.
Eu sei que esta afirmação é um cliché, mas as amizades sofrem um forte crivo em momentos de crise, de aflições, de maçadas, de desgostos, de choques. Há uma espécie de onda purificadora que varre da nossa praia, numa lógica tantas vezes injusta da lei do mais presente, os amigos que não sobreviverão ao desgaste do tempo. Tive esta visão mais criteriosa numa determinada fase da minha vida, durante a qual alimentei uma espécie de preto / branco, passa / não passa, fraco / forte. Hoje, tento o desafio da tolerância, sabendo que há muitos factores por trás de certos comportamentos e que, olhando para cima, me defrontarei com os meus próprios telhados de vidro.
Tenho sido um homem fortemente privilegiado nas minhas amizades, reconhecendo que a forma como lido com quem me dá o gosto de se afirmar meu amigo nem sempre será a mais correcta. Há exageros na convivência e naquilo que lhes exijo, falto-lhes, seguramente, em momentos importantes, nem sempre tenho paciência em stock suficiente. Mas, quando preciso, olho para o lado e tenho, por vezes, o embaraço da escolha. Gente que nunca me falta, sobretudo nos momentos mais determinantes da minha vida. Gente que tem, muitas vezes, as vidas ocupadas com preocupações próprias, que já se dariam por satisfeitas se lhes aliviassem a carga.
Daqui do Zimbabué onde estou, sei que muitos se preocupam comigo à distância. Uns perguntam por mim, outros escrevem-me ou visitam o meu blogue, interessam-se pelo meu ânimo e pela minha hérnia discal, contam-me boas novas do solo pátrio. De outros não vou sabendo - porque estão de férias ou porque entendem respeitar a minha distância -, mas estou certo que me levam nos seus pensamentos. Neste misto de exílio voluntário e férias em que me encontro, é um factor de consolo e uma fonte de companhia. Um conforto, digo-lhes!
Para eles, e para os que são família, não de sangue mas de afecto, e que me abraçam como um deles, vai este post de hoje. Para o RAV, um abraço especial e forte.
Estava eu nestes preparos, pensando no tema do meu blogue de amanhã (por vezes escrevo na véspera) quando me chegou uma mensagem electrónica de uma pessoa de quem sou amigo há muitos, muitos anos – o RAV. Era uma mensagem alegre, bem-disposta, de alguém que tinha visitado pela primeira vez o meu espaço cibernético e o comentava com humor, referindo-se a mim como uma pessoa de quem gosta e que muito admira. Decidi, por isso, que o meu post de hoje se iria referir aos amigos – no sentido mais amplo da palavra.
Eu sei que esta afirmação é um cliché, mas as amizades sofrem um forte crivo em momentos de crise, de aflições, de maçadas, de desgostos, de choques. Há uma espécie de onda purificadora que varre da nossa praia, numa lógica tantas vezes injusta da lei do mais presente, os amigos que não sobreviverão ao desgaste do tempo. Tive esta visão mais criteriosa numa determinada fase da minha vida, durante a qual alimentei uma espécie de preto / branco, passa / não passa, fraco / forte. Hoje, tento o desafio da tolerância, sabendo que há muitos factores por trás de certos comportamentos e que, olhando para cima, me defrontarei com os meus próprios telhados de vidro.
Tenho sido um homem fortemente privilegiado nas minhas amizades, reconhecendo que a forma como lido com quem me dá o gosto de se afirmar meu amigo nem sempre será a mais correcta. Há exageros na convivência e naquilo que lhes exijo, falto-lhes, seguramente, em momentos importantes, nem sempre tenho paciência em stock suficiente. Mas, quando preciso, olho para o lado e tenho, por vezes, o embaraço da escolha. Gente que nunca me falta, sobretudo nos momentos mais determinantes da minha vida. Gente que tem, muitas vezes, as vidas ocupadas com preocupações próprias, que já se dariam por satisfeitas se lhes aliviassem a carga.
Daqui do Zimbabué onde estou, sei que muitos se preocupam comigo à distância. Uns perguntam por mim, outros escrevem-me ou visitam o meu blogue, interessam-se pelo meu ânimo e pela minha hérnia discal, contam-me boas novas do solo pátrio. De outros não vou sabendo - porque estão de férias ou porque entendem respeitar a minha distância -, mas estou certo que me levam nos seus pensamentos. Neste misto de exílio voluntário e férias em que me encontro, é um factor de consolo e uma fonte de companhia. Um conforto, digo-lhes!
Para eles, e para os que são família, não de sangue mas de afecto, e que me abraçam como um deles, vai este post de hoje. Para o RAV, um abraço especial e forte.
Bom Dia, Amiguinho!
ResponderEliminarOlá jovem profeta. Nice to read you. Aguardo, via mail, histórias de personagens do paredão. Como vai a FTF?
ResponderEliminarOuvi dizer, ou li algures que 1143 é um nº historicamente entusiasmante e que,
ResponderEliminarprovavelmente, beberia uma cerveja local para festejar as mesmas espreitadelas
Com o tratado de Zamora e sem Castela permita-me que o acompanhe neste brinde
À saúde, Cheers, Salud, Salute, Slondge ou Skol (confesso que não sei como se diz em “Zimbabweano”)
À sua e de todos os amigos
Temo que, caso se repita o ritual a cada 1143 espreitadelas, no 5 de Outubro não
só o teremos de volta, como nos encontraremos todos, numa qualquer reunião dos
Alcoólicos Anónimos.
Tchim
Já que fala em Jogos Olímpicos houve uma judoca portuguesa que foi eliminada e se queixou da arbitragem. Pensaria ela que estava no país de Valentim Loureiro,Pinto da Costa ou Luis Filipe Vieira?
ResponderEliminarPai
RAV: deixei fugir o 1143, porque estava a almoçar um risotto de bacalhau, acompanhado com vinho tinto português. Vou adiar a cerveja para 1640, uma data igualmente entusiasmante, na qual se criou a expressão defnestrar.
ResponderEliminarPai: a rapariga estaria habituada ao sistema, e distraiu-se com o golpe que lhe terá parecido baixo.
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