06 agosto 2008

Potpourri do primeiro dia


Simpatia. Tudo na Embaixada (residência ou escritório) se faz sob o signo da simpatia e disponibilidade. A mala não chegou, o computador tem um casamento difícil com a internet zimbabueana, se almocei bem, se preciso de alguma coisa, etc. Há sempre gente com um sorriso, uma amabilidade, um telefonema (ou vários) para resolver imbróglios. O nosso embaixador (de ora em diante referenciado como JdC) está bem acompanhado.
Energia. Há, em Harare - nos mais diversos pontos da cidade - cortes pontuais de energia. Ao que parece, a electricidade não chega para as encomendas. Almoçámos ao som do gerador, acordei hoje com o mesmo maquinar de fundo. Entre refeições houve abastecimento normal, mas só um adivinho saberá dizer quando aparece e desaparece a energia. Podem ser umas horas, podem ser uns dias. O gerador é um equipamento sujeito a desgaste, pelo que deve ser usado com parcimónia, evitando o pior. Aposte-se na prevenção vs reparação, o que significa algumas horas à moda antiga, confiando no isolamento de arcas firgoríficas para conservar os perecíveis.
Jantar. Jantei ontem com JdC e dois colegas da embaixada. Restaurante normal, que poderia existir em qualquer parte do mundo. Recomenda-se carne, particularmente boa. Há quem leve duas garrafas de vinho, que presumi serem para oferta a quem parte de férias. Não! O vinho é para ser servido no nosso jantar. Quando for cear ao Gambrinus levarei um Monte da Ravasqueira tinto, que eu próprio me encarregarei de adquirir a preços mais em conta.
Dinheiro. A nossa refeição de ontem custou vários triliões de dólares zimbabueanos. Para os puristas da matemática (que alegarão não existir essa grandeza) imaginem um entrecosto com molho de barbecue que custa 17 + 12 zeros. O jantar talvez tivesse sido mais económico se fosse de manhã, porque a economia do país é dinâmica, e a conversão para o dólar americano vai sofrendo variações sucessivas. Aumento do preço da gasolina em Portugal? Uma brincadeira de meninos quando comparado com o frenesim cambial no país de Mugabe.
Internet. Tal como disse no início, o casamento entre a internet nacional e o meu portátil state of the art é difícil. Socorro-me, enquanto a amabilidade e a eficiência não resolvem o problema, dos computadores existentes na embaixada e na residência. A lentidão é notória, quando comparada com o que temos em Portugal. Neste momento, skype, fotografias no blogue, acesso ilimitado à velocidade costumeira são miragens. Não encarem a minha ausência de respostas como desinteresse - mas como limitação tecnológica.

5 comentários:

  1. Ponha-me essa criadagem a bufar para uma qq central energetica mas nunca deixe de dar notícias.
    Sem mala? sem roupa? a partilhar com Câmara?
    Ai meu Deus....

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  2. 12 zeros?????? Mas o que é que usam aí como carteiras... carrinhos de mão?

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  3. carrinhos de mão só para o pequeno almoço, quando chega o jantar já vamos em carrinhos do "continente"..Não há como o 3º mundo para que o nosso rabo burguês dê valor ao mais elementar dos gestos.acender um botão!!!!!!!!!!!
    Parafraseio o anonimo....tudo a bufar mas sem noticias não.........
    Quem sabe não vira novela na TVI???? Tribo toca a inventar.negocio tá mau...Aceita-se casting para a novela " Os Triliões de Harare"
    E a mala?????
    Osculos
    Rocha

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  4. Portugal continua a ser um País de aventureiros.

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  5. Resposta para Anónimo, Ana V. Rocha e Cristina Ribeiro: a grande aventura é a de quem cá vive, com preços que revelarei proximamente, sem água suficiente, com luz que falta, com ordenados que não chegam para meia dúzia de ovos, empilhados em Nissans de caixa aberta para irem não se sabe para onde.

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