08 outubro 2008

Poemas dos dias que correm

O QUE EU QUERIA DE TI

O que eu queria de ti?
Talvez não muito mais que o que me deste…
Apenas um perfume mais agreste
um ramo de ervas bravas, que não vi

O que esperei em vão?
Quem sabe um pouco menos de certezas…
Ver-te brilhar nos olhos, indefesas
invioladas fontes de ilusão

Eu queria essa aventura de encontrar-te
Sem ter de me perder dentro de mim
por labirintos, dúvidas sem fim
Sem ter sequer, amor, de procurar-te

Tão pouco… um gesto só me encantaria!
Tão fácil… bastaria uma palavra!
Mas a terra que sou, ninguém a lavra
Sem um arado feito de magia

Guardo de ti o quase que tivemos
Esboço de um mais que teimo em alcançar
E digo adeus, por não poder ficar
Onde tudo me diz que nos perdemos

(Ana Vidal, Seda e Aço, Edições DG, 2005)

2 comentários:

  1. Estou comovida, João... quanta honra!
    Um beijo

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  2. Lindo Ana, lindo...
    e bate tanto lá dentro, fundo...que doi

    (obrigada aos dois)

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