Mesmo na varanda, o dia esperava para passar.
A sala velava a obscuridade dos cortinados corridos, coando pela cor em tempos definida um tom constante e vago e duas linhas finas de luz e de poeira.
Regressado ao maple, recostou os olhos no ponto brilhante onde uma das linhas encontrava o chão.
Passou da nódoa redonda no tapete puído ao quadro de sempre por cima do aparador.
Reparou que a figura ao fundo do lado da árvore maior tinha na mão um peixe.
Trincou de lado o indicador e vagueou o olhar até voltar ao peixe, cada vez mais nítido depois de anos e anos de ausência.
A hesitação, embora tranquila, deslocou-se da novidade impossível à tentação inerte do corpo feito pesado.
E do maple para lá.
Franziu a miopia, poupando as pernas.
O pequeno peixe rebrilhava, desviado agora para o centro do quadro, num protagonismo crescente que não podia ser.
E da mancha pincelada inicial definia-se, já não um peixe que parecia, mas claro e evidente robalo de três quilos que a mão do pescador, esse sim esboçado apenas, segurava em esforço.
O bicho pulava do fundo magenta forte, em riscos de sombra, avolumando o desenho por escamas e luz branca.
Era também novo o magenta ao fundo?
E o traço a vermelhão limpo que a mulher sobre o ribeiro nunca vestira?
Carregou um pouco mais no amarelo nápoles e segurou o céu num ponto de fuga firme e perfeito azul-cobalto.
Logo ele que não tinha grande jeito para pintar.
A sala velava a obscuridade dos cortinados corridos, coando pela cor em tempos definida um tom constante e vago e duas linhas finas de luz e de poeira.
Regressado ao maple, recostou os olhos no ponto brilhante onde uma das linhas encontrava o chão.
Passou da nódoa redonda no tapete puído ao quadro de sempre por cima do aparador.
Reparou que a figura ao fundo do lado da árvore maior tinha na mão um peixe.
Trincou de lado o indicador e vagueou o olhar até voltar ao peixe, cada vez mais nítido depois de anos e anos de ausência.
A hesitação, embora tranquila, deslocou-se da novidade impossível à tentação inerte do corpo feito pesado.
E do maple para lá.
Franziu a miopia, poupando as pernas.
O pequeno peixe rebrilhava, desviado agora para o centro do quadro, num protagonismo crescente que não podia ser.
E da mancha pincelada inicial definia-se, já não um peixe que parecia, mas claro e evidente robalo de três quilos que a mão do pescador, esse sim esboçado apenas, segurava em esforço.
O bicho pulava do fundo magenta forte, em riscos de sombra, avolumando o desenho por escamas e luz branca.
Era também novo o magenta ao fundo?
E o traço a vermelhão limpo que a mulher sobre o ribeiro nunca vestira?
Carregou um pouco mais no amarelo nápoles e segurou o céu num ponto de fuga firme e perfeito azul-cobalto.
Logo ele que não tinha grande jeito para pintar.
JCN
ai, não que não tem...
ResponderEliminartem o olhar, o desejo, a inquietação, as cores, o pretexto, as formas, o tempo, (...) e a vontade alquímica de tranformação na alma...