25 novembro 2008

História de um desencontro

O futuro talvez não o merecesse.

Não é fácil a realidade estar à altura das expectativas que temos para ela.

Na abundância das intenções, faltavam-lhe acontecimentos.

No seu caso, as coisas simplesmente não se proporcionavam.

Outras vezes era o instinto só, a poupar a acção, economizando o risco.

A verdade é que um ou outro drama alheio lhe confirmava às vezes, cedo ou tarde, as intuições.

E, depois do prognóstico negro, o “eu não tinha dito?” permitia então um moderado sucesso alternativo.

Os fundamentos sólidos da fama de prudente ganham-se, com frequência, nestes desencontros com a vida.

As circunstâncias do que tem de ser e vai acontecendo foram, de qualquer maneira, cumprindo o seu destino.

Quase sempre facilitando muito a vida aos outros.

Mas isso já tem a ver com a sorte.

JCN

3 comentários:

  1. adeus ate ao meu regresso

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  2. ...analítico, interessante...do ponto de vista de quem observa, de fora

    talvez ensaie, essa perspectiva do lado de dentro, de quem (como eu ) sente na pele, já que me habituei a algum distanciamento - à posteriori, diga-se - em relação ao tema,

    "estão verdes" diria o lobo,

    uma frase do texto lembrou-me um poema magnífico de Ana Vidal ( a quem felicito ), "O que eu queria de ti":

    ..."O que esperei em vão?
    Quem sabe um pouco menos de certezas…
    Ver-te brilhar nos olhos, indefesas
    invioladas fontes de ilusão"...

    ...se os desencontros com a vida proporcionarem encontros connosco próprios, não está tudo perdido...

    à esquina de um encontro, um abraço por todos os perdidos

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  3. Obrigada, a.

    Passamos a vida inteira à esquina de encontros. Às vezes, com sorte, dobramos a esquina e está lá alguém. E essas vezes valem por todas as outras em que a esquina, do outro lado, estava deserta.

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