Bom dia.
Tudo magnífico.
Regresso de umas férias em Família (restrita) na qual a regra de ouro é concentrarmo-nos recíproca e intensamente uns nos outros, sem cuidar de mais nada que não de nós os quatro.
Por esse compromisso de exclusividade e dedicação não escrevi para o nosso Blogue, tendo tido a condescendência do Editor e Dono do Estabelecimento, JdB. Fico-lhe grato pela compreensão destas prioridades sazonais.
Registo, porém, que ser ausente custa menos quando, como sucedeu, fui substituído por dois textos excepcionais, destacando o de PCP a quem convoco – na medida da minha reduzida autoridade - para escrever sempre e quando quiser em minha vez.
Mas eis-me de volta, sentado no meu banco deste Largo da Boa-Hora, palco de meditação e cogitação, para partilhar, como sempre, o que me vai na alma e no coração (que são coisas distintas).
Como é de supor, o tema elegido não poderá ser outro que não o da concentração existencial de afectos que sucede numa viagem de família.
À semelhança de todos nós, vivo uma vida, sistemática e quotidianamente, apartada do meu núcleo essencial: a minha mulher e os meus filhos.
Todos sabemos e sentimos que o desenrolar de cada dia vulgar separa mais do que une, atentas as tarefas, preocupações e prioridades diárias que se vão impondo.
A vida real atribui, a cada um, um papel quotidiano, uma missão diária que é necessário ser cumprida e que, no melhor, gera uma oportunidade ao fim do dia de balanço partilhado do que com cada um se passou.
Tudo magnífico.
Regresso de umas férias em Família (restrita) na qual a regra de ouro é concentrarmo-nos recíproca e intensamente uns nos outros, sem cuidar de mais nada que não de nós os quatro.
Por esse compromisso de exclusividade e dedicação não escrevi para o nosso Blogue, tendo tido a condescendência do Editor e Dono do Estabelecimento, JdB. Fico-lhe grato pela compreensão destas prioridades sazonais.
Registo, porém, que ser ausente custa menos quando, como sucedeu, fui substituído por dois textos excepcionais, destacando o de PCP a quem convoco – na medida da minha reduzida autoridade - para escrever sempre e quando quiser em minha vez.
Mas eis-me de volta, sentado no meu banco deste Largo da Boa-Hora, palco de meditação e cogitação, para partilhar, como sempre, o que me vai na alma e no coração (que são coisas distintas).
Como é de supor, o tema elegido não poderá ser outro que não o da concentração existencial de afectos que sucede numa viagem de família.
À semelhança de todos nós, vivo uma vida, sistemática e quotidianamente, apartada do meu núcleo essencial: a minha mulher e os meus filhos.
Todos sabemos e sentimos que o desenrolar de cada dia vulgar separa mais do que une, atentas as tarefas, preocupações e prioridades diárias que se vão impondo.
A vida real atribui, a cada um, um papel quotidiano, uma missão diária que é necessário ser cumprida e que, no melhor, gera uma oportunidade ao fim do dia de balanço partilhado do que com cada um se passou.
Cumprimos o dia-a-dia, com contas do sucedido ao jantar; naturalmente e saudavelmente, aplaudimos o bom, anima-nos o menos conseguido e censuramos o mal que aconteceu. Uma reza, uma palavra, uma ternura, um beijo, a meias com as modernices da comunicação e as invasões dos media, e outro dia se passou…, recolhendo cada um ao seu “coito” de pernoita.
Na verdade, cada jornada não é vivida por todos e com todos. O que acontece, na realidade, é cada um partir na sua cruzada diária, solitária, a fazer o que tem de ser feito, reunindo-se a tribo pela noite, mais para aferir o como individualmente se passou do que para apreciar o como passámos.
Não é, nem está errado, nem sequer pode ser de outra forma. Mas este isolamento, distanciamento, que arrasta todos é um somatório de solidões, e não a conjugação de uma vivência comunal, no sentido romântico, literário e infantil do um por todos e todos por um.
Ora, nestas viagens em que não se consente diverso do que a comunhão plena de estados de alma, de vivências, de quereres, de “ à uma”, a vida é totalmente em grupo, em matilha, em uníssono.
Tudo acontece e vai sucedendo com uma preocupação natural de conveniência e adequação a todos os envolvidos. É a preocupação pelo máximo denominador comum, não serve o que serve a uns, só é querido o que serve a todos, ainda que cada um tenha de condescender um pouco nas suas apetências individuais.
Esta conjunção gera um grupo, cuja existência e identificação como tal traz felicidade, bem-estar, realização, “à uma” entramos e jornamos nos restaurantes, nas lojas, nos museus, nos transportes, nos hotéis, em todo o lado.
Somos “e pluribus unum” e é bom. Confere-nos sentido de família, de história, de presente e futuro, de continuidade, de transmissão de valores, de partilha de presentes, de legado para o futuro.
Estarmos por uns dias concentrados uns nos outros, em exclusividade, em intimidade e cumplicidade, e libertarmo-nos, também, de tudo quanto nos é estranho e que, no fundo, invectivamos, porque no subconsciente sabemos que esse estranho é aquilo que nos separa quotidianamente dos nossos.
Por mim, não tenho dúvidas: o meu lugar é no seio destes quatro que formam o meu bando. Por estas razões quedava-me com eles na gargalhada fácil que brota naturalmente, no afago que acontece, na cumplicidade permanente, na repetida companhia e encontro.
Nestes quadros de conjunção, a realidade do mundo exterior – profissional, social – parece-nos tão longínquo, pouco importante, despiciendo, que até surge como descartável. Não é, só que esta sensação de autonomia e auto-suficiência para a felicidade é realmente gratificante, muito retemperadora, dando-nos ânimo, coragem e até vontade de voltar ao real, na esperança de repetir estes momentos de família e em família, inesquecíveis e marcantes na alma e no coração.
Gostei de Nova Iorque, como gostei de tantos outros lugares que vivi com os meus.
ATM
que bom seria que todas as famílias partilhassem o que descreve. eu não sei o isso é. e nunca saberei. obrigada. de todos os seus muito bonitos textos, este foi aquele que mais me tocou. ainda bem que voltou, atm.
ResponderEliminarobrigada pelo elogio, atm. é bom saber que a sensibilidade comunista também é apreciada!!
ResponderEliminargd bj e viva a big apple e o consumo (com regras, claro)!
pcp
Years fly. Moments last for ever.
ResponderEliminarparece que este textos são para mim, tocam os meus momentos, impregnam-me como se fossem uma pele...
Leitor atento dos seus textos, notei uma incorrecção: não é "et pluribus unum" mas sim "e pluribus unum".
ResponderEliminarSdB
SdB: Obrigado pela atenção. O erro já foi corrigido. Diga-se, em abono da verdade, que o editor e dono do estabelecimento é sportinguista, pelo que a frase, roubada ao latim pelo SLB, é sempre tratada com desdém. Haja respeito pela língua morta, se não tiver de haver pelo clube que perde.
ResponderEliminarATM;
ResponderEliminarEstou contente por o ter de volta.
Desta vez no meu comentário, vou usar um poema de um rapaz que conheço de 22 anos, e espero que ele me perdoe por não lhe ter pedido para o fazer.
A DOIS
Rir a dois
Olhar a dois
Perceber a dois
Viver a dois
Beijar a dois
Festejar a dois
Gostar a dois
Ser a dois
Amar a dois
Pois também
Chorar a dois
Empalidecer a dois
Temer a dois
Sofrer a dois
dar a dois
Existir, começar, acabar, regressar, exprimir, apetecer, querer, desejar, anelar, efectuar, agir, fecundar, respirar, tanto, tanto relacionar e fazer ver o mundo a dois.
Sempre a dois
Eternamente a dois
Dois dois dois dois
Dois a dois
E a Vida multiplica-se
Em inúmeros dois
Que dão fogo à água
E a água ao fogo
sem deixarem de ser dois
Mas muito perto de Um
O único dois que merece respeito é aquele que adora ser Um
Um único ser, resultante da ternura A DOIS
Sempre A DOIS.
(SAULO CHANOCA)
Pois, é dois, que a nossa prol, se gera.
Os lugares, onde estamos com os nossos não importam, o "estarem" é que é importante.
Bons "estares" até sempre, para si e para os seus.
Até para a semana.....
ATM, seja bem voltado, que o seu voltar tem graça .... Invejo o seu bando. Também eu, na infância, fiz parte de um desses bandos. Mas, hélàs, na fase adulta, não fui capaz de criar o meu próprio bando. Essa "cruzada diária solitária" de que fala, realidade do mundo de hoje, encontra o seu pleno sentido quando, à noite, a tribo reune à volta da fogueira (leia-se mesa de casa de jantar).
ResponderEliminarComo nota final, deixo uma palavra de louvor a si, como chefe do bando, pois digam o que disserem, se não for o "homem" da casa a lutar por unir o seu bando, o bando dispersa-se.
Maf, desculpe, mas não acho que seja só mérito do "homem da casa" o reunir o bando. A "mulher da casa" tem tanto, ou mais, esse papel. Até diria mais.
ResponderEliminarAnónimo, obrigada por partilhar a sua opinião. Concordo consigo quando diz que a mulher tem tanto ou mais esse papel. É exactamente por isso que fiz aquele comentário. Talvez não me tenha explicado bem. Esse papel faz parte integrante da natureza da mulher/mãe e ela pratica-o com toda a naturalidade. Já o mesmo não se passa, com tanta força, no homem, acho eu. Do meu humilde ponto de vista, mesmo que a mulher tudo faça para manter o bando unido, se o homem/pai não quer, a coisa pode complicar-se. Mas se o homem se esforça e luta por isso, a mulher só estará a agir segundo a sua própria natura.
ResponderEliminarSenti, no post de hoje, essa força de união no ATM. :-)
Percebo, maf. Obrigada pela sua explicação. Mas, mesmo assim, na minha modesta opinião, não sei se o homem não terá também em si, muito mais do que se julga, esse desejo de união e de proteger o rebanho. Cada um à sua maneira, por serem seres necessariamente diferentes, homem e mulher têm o mesmo desejo de protecção, de união, de criar um bando. A expressão exterior é que é diferente. Acho eu....
ResponderEliminarÉ isso aí.... 100% de acordo :-) :-)
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