“Prepare um escrito” lançou-me, de chofre, o Mestre, num destes dias, numa qualquer esquina de Lisboa. Aquele seu jeito confiante e autoritário não deixou margem para dúvidas; não era um pedido, não era um convite, era uma ordem precisa e concreta: eu deveria preparar um escrito para ser publicado aqui, quando muito bem lhe aprouvesse. E assim fiz.
Perguntarão vocês qual o objectivo desta introdução, o que tem isso a ver com o tema deste escrito? Pois, tem tudo a ver, porque na amizade tudo é relativo, tudo se desculpa, tudo se entende e aceita. Até uma ordem dada, sem preâmbulos, por um amigo pode soar como música aos ouvidos do seu amigo.
Vou falar-vos de amizade, mas não daquela que se apregoa, se imagina, se deseja, mas sim de amizade concreta, que se vivencia, se experimenta, se partilha. Tenho um grupo de Amigas (com A grande): somos sete, as 7 Magníficas. Cada uma de nós tem uma de nós para cada dia da semana, o que, vendo bem, significa que nos temos umas às outras em qualquer dia, em qualquer hora.
Várias pessoas nos têm questionado como é possível uma amizade entre mulheres (note-se a ironia…) sobreviver durante 8 a 10 anos sem mácula, sem mágoa, sem ruptura. Sete mulheres, tão diferentes umas das outras, pertencentes a gerações que abarcam mais de uma década, altas, baixas, gordas, magras, extrovertidas, tímidas, inseguras, confiantes, mais ou menos bonitas, clássicas, desportivas, solteiras, viúvas, com e sem filhos, trabalhadoras, reformadas, de tudo há um pouco neste Grupo. Yet (muito gosto eu desta interjeição!) apesar da heterogeneidade ou, quem sabe, talvez por causa dela, esta amizade apresenta-se coesa, indestrutível. Há como que um elo invisível, um fio mágico que nos une. Esse fio tem a grande vantagem de ser elástico, tolerante, adaptável. Estica quando é necessário, encolhe quando é preciso. Esse fio também é bom condutor de calor e é sensível ao som. Sabe quando deve soar ou quando deve calar.
Aqui o lema é, verdadeiramente, “todas por uma, uma por todas” . A alegria de uma é a alegria de todas; a angústia de uma é a angústia de todas. Esta amizade não conhece mentira, não é egoísta, não inveja, não se irrita. Não pense o leitor que não há discórdia, divergência ou discussão, claro que há. Mas nenhum desses sentimentos supera a força do fio invisível. Ao invés, as divergências e discórdias têm surtido efeito contrário ao que se esperaria e têm fortalecido os alicerces desta amizade.
Esta amizade baseia-se essencialmente na confiança, na certeza de que a outra me ama assim mesmo, com todos os meus defeitos; baseia-se na entrega, na certeza de que a outra já se pôs a caminho, quando peço ajuda; baseia-se na partilha, na certeza de que a outra não vai medir se deu mais ou menos para a sustentação do grupo; baseia-se na aceitação, na certeza de que a outra não vai julgar os meus maus-humores; baseia-se na alegria, na certeza de que a outra me vai animar quando estou triste; baseia-se na unidade, na certeza de que a outra nunca irá dividir para reinar; baseia-se na atenção, na certeza de que a outra está atenta às minhas necessidades de hoje. Esta amizade baseia-se, acima de tudo, nos valores éticos que vão muito para além da sociedade, do materialismo, do ter ou do ostentar.
Queira Deus que amizades assim se construam por esse mundo fora e que abarquem cada vez maior número de pessoas. Dá trabalho, claro que dá trabalho, mas o fruto é rico e saboroso.
Convido os leitores a reverem, com honestidade, as vossas próprias amizades e a assumirem, como compromisso, dar o primeiro passo para fazer dessas amizades verdadeiras mais-valias da vida.
maf
maf: em boa hora nos cruzámos numa esquina de Lisboa, em boa hora lancei o desafio naquele meu jeito "confiante e autoritário". Eu, Mestre? Só se for por ter a sorte da vossa companhia, bloguistas de eleição. Obrigado.
ResponderEliminarmaf,
ResponderEliminarQue grande fortuna possui.
Na minha opinião essa amizade entre vós só prevelece e fortalece, porque regem esse sentimento com profundo RESPEITO.
Agora adorei a sua introdução.
É tão bom ter um amigo que nos dá uma ordem, e nós sem refutar, obedecemos.....
Amigos assim que nos dão estas ordens são optimos, pois, confiam nas nossa capacidades, sem limites.
Que bom......
Agora espero que aceite muitas mais ordens dessas, volte sempre.
maf amiguita não podias ter descrito melhor a nossa amizade: o fio mágico invisível que se mantém inquebrável, e que assim se mantenha por muitos, bons e divertidos anos!
ResponderEliminarContinuemos nós, na diversidade, a cuidar dele.
(espero que consiga enviar agora porque já vou na 3ª tentativa, com a minha conhecida paciência isto é mesmo uma boa prova de amizade)
Uma das 7 magníficas - mja
JB, obrigada pelo voto de confiança.
ResponderEliminarCRIS, tem toda a razão. O respeito é de facto o fio invisível, o elo transversal a todos os outros sentimentos. Obrigada pela sua visita e por partilhar a sua visão.
MJA, dá-le amiga, dá-le :-)
Maf,
ResponderEliminarAtenção que essa esquina não é uma qualquer!
fq
Maf! das costas quentes. Sete, é muita gente :))
ResponderEliminar7 noivas para 7 irmãos ou os tantans de África sempre que é necessário: é bonito e há muito mais entre mulheres que entre homens: é a diferença entre os senhores da guerra (marte) e as senhoras do amor (vénus). Oiça-se Holst ("The Planets"), por exemplo, para se compreender a diferença. Às vezes é bom ser de Vénus...
ResponderEliminarskjgeiçu
fq, Dalhe, skjgeiçu - obrigada pelo comentários. Sim, é bom ser de Vénus.
ResponderEliminarAmiga Magnífica,
ResponderEliminarNão poderia deixar de passar por aqui. É mesmo bom! Não sei se é mais de mulheres ou homens. Pouco me importa. A amizade que temos, umas pelas outras, é incrível! Não houvesse mais nada e, só por ela, valeria a pena viver.
xhc