Tentai apreender a vossa consciência e sondai-a. Vereis que está vazia, só encontrareis nela o futuro. Nem sequer falo dos vossos projectos e expectativas: mas o próprio gesto que surpreendeis de passagem só tem sentido para vós se projectardes a sua realização final para fora dele, fora de vós, no ainda-não. Mesmo esta taça cujo fundo não se vê - que se poderia ver, que está no fim de um movimento que ainda não se fez -, esta folha branca cujo reverso está escondido (mas poderia virar-se a folha) e todos os objectos estáveis e sólidos que nos rodeiam ostentam as suas qualidades mais imediatas, mais densas, no futuro. O homem não é de modo nenhum a soma do que tem, mas a totalidade do que não tem ainda, do que poderia ter. E, se nos banhamos assim no futuro, não ficará atenuada a brutalidade informe do presente? O acontecimento não nos assalta como um ladrão, visto que é, por natureza, um Tendo-sido-Futuro. E, para explicar o próprio passado, não será a primeira tarefa do historiador procurar o futuro?
Jean-Paul Sartre, in 'Situações I'
Regressei e vim aqui visitá-lo, gostei dos muitos pensamentos. "O feitiço virou-se contra o feiticeiro", lembrei-me doutros tempos em que tanto me aconselhou a escrever por mim e a não citar outros. No entanto, gosto das suas escolhas, espero que sejam tempos de pausa promissores de grandes inspirações.
ResponderEliminarBeijinhos e obrigada por continuar por aí...
Obrigado pela visita. Este blogue segue a tendência geral: descanso dos bloguistas, menor produção, menos inspirações. Espera-se que Agosto seja apenas interregno e que tudo e todos regressem em Setembro cheios de vontade. Um beijo.
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