13 setembro 2009

Perder e ganhar a vida

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de Católico.
Gostaria de ser simples, mais do que simplista. E, por isso, retenho (apenas) as últimas cinco linhas do Evangelho de hoje, que falam de renúncia, cruz, salvação, perda. Palavras na sua generalidade duras, difíceis, contraditórias com aquilo que o mundo actual persegue - os deleites tantas vezes sem critério, o gozo imediato, a satisfação oca, o contentamento egoísta.
Ninguém no seu perfeito juízo achará, hoje em dia, que a mensagem de Cristo nos condena a suportar cruzes sucessivas, nos impede dos pequenos e grandes prazeres, nos sugere que a virtude está no cumprimento cego e sem sentido de obrigações estéreis.
Temos todos, seguramente, um caminho de aprendizagem ainda longo: entender ao que podemos e devemos renunciar, qual a cruz que nos compete suportar, as renúncias que assumimos em nome de um bem maior, aquilo de que não faz sentido abdicar, os objectivos de plenitude e felicidade que perseguimos e que fazem de nós pessoas mais realizadas. Tudo isto, acredito, em nome do Céu, que é para onde os cristãos olham.
Perceber isto é um exercício desafiante, como desafiante é a tolerância com que devemos olhar a vida do nosso próximo, tantas e tantas vezes espartilhada entre vontades e deveres, desejos e obrigações, visões lúcidas e conceitos antigos. Vidas divididas, no fundo, vítimas amiúde de apreciações ligeiras.

EVANGELHO – Mc 8,27-35
Naquele tempo,
Jesus partiu com os seus discípulos
para as povoações de Cesareia de Filipe.
No caminho, fez-lhes esta pergunta:
«Quem dizem os homens que Eu sou?»
Eles responderam:
«Uns dizem João Baptista; outros, Elias;
e outros, um dos profetas».
Jesus então perguntou-lhes:
«E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Pedro tomou a palavra e respondeu: «Tu és o Messias».
Ordenou-lhes então severamente
que não falassem d’Ele a ninguém.
Depois, começou a ensinar-lhes
que o Filho do homem tinha de sofrer muito,
de ser rejeitado pelos anciãos,
pelos sumos sacerdotes e pelos escribas;
de ser morto e ressuscitar três dias depois.
E Jesus dizia-lhes claramente estas coisas.
Então, Pedro tomou-O à parte e começou a contestá-l’O.
Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os discípulos,
repreendeu Pedro, dizendo: «Vai-te, Satanás,
porque não compreendes as coisas de Deus,
mas só as dos homens».
E, chamando a multidão com os seus discípulos, disse-lhes:
«Se alguém quiser seguir-Me,
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.
Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á;
mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho,
salvá-la-á
».

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