Tic. Tic. Tic.
Oiço a torneira pingar desde que fechei os olhos. Viro-me para um lado, viro-me para o outro, e ainda me viro para um terceiro, porque nenhum dos outros dois serviu. O tempo vai brincando com o meu sono. Como eu, não tem para onde ir.
Tic. Tic. Tic.
Continuo a ouvir o pingar, lá ao fundo. Fecho os olhos, e acompanho o compasso das gotas com o indicador da mão direita. Tento fazer um padrão, um ritmo, uma música. Já tenho o indicador da mão esquerda em contraponto, a encher os espaços vazios. Respondo ao tic da água com um toc surdo, numa qualquer dança estranha. Não me parece que isto vá dar em nada. A dança, o sono muito menos.
Tic. Tic. Tic.
Fecho os olhos, mas hoje não é o meu dia. Tento esvaziar as ideias, enrolá-las todas numa bola entre os dedos, e atirá-las para o canto do quarto. Acerto num vulto de contorno suspeitos. Na luz é um tão prosaico candeeiro de pé, mas no escuro tem uma vontade própria. Mas, ainda assim, o sono não chega. Vou continuar nesta dança até o sol chegar.
Tic. Tic. Tic.
Não há nada mais solitário do que uma insónia...
Oiço a torneira pingar desde que fechei os olhos. Viro-me para um lado, viro-me para o outro, e ainda me viro para um terceiro, porque nenhum dos outros dois serviu. O tempo vai brincando com o meu sono. Como eu, não tem para onde ir.
Tic. Tic. Tic.
Continuo a ouvir o pingar, lá ao fundo. Fecho os olhos, e acompanho o compasso das gotas com o indicador da mão direita. Tento fazer um padrão, um ritmo, uma música. Já tenho o indicador da mão esquerda em contraponto, a encher os espaços vazios. Respondo ao tic da água com um toc surdo, numa qualquer dança estranha. Não me parece que isto vá dar em nada. A dança, o sono muito menos.
Tic. Tic. Tic.
Fecho os olhos, mas hoje não é o meu dia. Tento esvaziar as ideias, enrolá-las todas numa bola entre os dedos, e atirá-las para o canto do quarto. Acerto num vulto de contorno suspeitos. Na luz é um tão prosaico candeeiro de pé, mas no escuro tem uma vontade própria. Mas, ainda assim, o sono não chega. Vou continuar nesta dança até o sol chegar.
Tic. Tic. Tic.
Não há nada mais solitário do que uma insónia...
SdB (III)
SdB,
ResponderEliminarTem razão. Nada melhor do que acender a televisão nas televendas sem som. Ao fim de 5m o sono vem e que sono!!!!!.
Até para a semana.
Óptima descrição de insónia!
ResponderEliminarNão lhe desejo mais mas tenho que admitir que foi uma boa fonte de inspiração.
Parabéns! Está a escrever muito bem.
Beijinhos
Que texto fantástico. Que original descrição de uma insónia. Que figuras de estilo tão conseguidas. Escreve lindamente, SdB. pcp
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