já não frequento o invernal jardim
nem de noite, nem de dia - fui-me.
ninguém mais quer saber de mim,
azar meu e do que deixei ao lume.
perdi o meu gosto pela jardinagem,
por garimpar estrelas, pérolas novas.
antes: minério delicado; agora: vadiagem,
frequento os dias, não mais as covas.
a escrita que resta é só solavanco,
não mais ternura, espada, pregação.
deixei o génio sentado num banco,
e a mágoa numa qualquer canção.
onde luzia verso, prosa, às vezes fulgor,
há agora paz, mansidão, puro recato,
fui flor ébria, o mais fulminante amor,
sou só memória baça e ao desbarato.
gi.
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