Tenho uma camisola
grande demais para toda a gente,
aparentemente.
Serve para o inverno
e para o verão
e tem de estar sempre à mão.
Se me perguntassem,
eu já sabia,
a minha camisola tinha magia.
É a camisola das memórias,
das cores e dos cheiros,
das viagens e dos pequenos passeios.
É a toalha,
quando calha,
e é a almofada,
quando bem enrolada.
Até de chapéu serviu,
e já fez de cachecol,
aqueceu-me do frio
e tapou-me do sol.
No bolso da frente
dá para guardar
tudo o que quisermos levar,
já guardou o lanche,
dentro dum saquinho,
e houve um dia
em que escondeu um cãozinho.
A minha camisola era
a minha namorada,
até ao dia em que foi emprestada.
Vestiste-a morena
e salgada do mar
sorriste e disseste
para te abraçar.
Cheiraste-me no carapuço
e nas mangas sem fim,
sorriste outra vez
e beijaste-me enfim.
zdt
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