11 março 2010

Deixa-me rir...

Adorei o filme “Hairspray” (não gostando nada de musicais). Não sei se o viram, se passou cá em Portugal. Vi-o em Londres em 2007. É absolutamente brilhante do ponto de vista musical, coreográfico, de montagem, de ritmo … e no que transmite de boa disposição. Lembro-me de ter sorrido (e rido) do princípio ao fim do filme. Saí da sessão da noite com uma energia sem limites, com uma sensação de alegria e de gosto pela vida como não me lembro de alguma vez ter sentido ao abandonar um cinema.

Tudo se passa em Baltimore, EUA, no ano de 1962, por altura do aparecimento dos concursos televisivos. Não me lembro dos detalhes da história, confesso, mas sei que as questões do racismo e do corpo são a base do filme. Tratados, obviamente, da maneira mais ligeira possível.

Racismo porque tudo se passa numa comunidade tradicional e preconceituosa em que o “black power” se encontra em processo de afirmação (e ascenção) através da música, da dança e de uma cultura própria (não esqueçamos que se viviam os dias das conquistas de Martin Luther King). São também abordadas questões da imagem e do corpo, duas das grandes problemáticas do século XX, alimentadas à exaustão pela mítica Coco Chanel nos anos 20: ser magra é ser gira, sexy, chique e ter sucesso. Ser gorda é o oposto. Neste filme temos uma (espécie de) líder dos negros que é grande, poderosa e imponente (Queen Latifah) e uma actriz principal baixinha, gordinha e com pretensões a ganhar um concurso de dança muito popular, no qual participa também uma jovem loira, magra e atractiva, cuja mãe, a maquiavélica Michelle Pfeiffer, é esquelética e podre de chique. Adivinhem quem triunfa no fim do filme?!

No meio disto tudo vemos um John Travolta travestido de mulher, um Christopher Walken numa valsa delirante por entre lençóis estendidos ao luar, um Zac Efron a iniciar os seus primeiros passos como actor e um realizador (Adam Shankman), de quem nunca ouvi falar, mas que sabe muito bem o que faz.

Nos EUA, o sucesso do “Hairspray”, adaptado de um musical homónimo da Broadway de 2002, só foi ultrapassado pelo Grease, Chicago e Mamma Mia.

Se puderem alugar o filme, façam-no. É ideal para uma noite em família.

Há n músicas giríssimas e nem todas estão disponíveis no Youtube. Por isso vi-me mais ou menos restringida a estas duas. Vejam-nas até ao fim porque em ambos os casos há surpresas engraçadas (uma visão do John Travolta quase irreconhecível e a extraordinária mudança de ritmo, na interpretação da mesma música, ao ser cantada por brancos e pretos).

Have fun.




pcp

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