Ai gi, perdoe-me a franqueza, perdoe-me a ousadia, pois nem sequer a minha opinião foi pedida, mas por mais que leia o seu poema, over and over again, não o consigo perceber :-( Falta de sensibilidade a minha, certamente, mas gostava de perceber, identificar qual o sentimento (seu, claro !)que está por detrás de tão ricas palavras. Maf
era uma vez um rapaz que passava mal. quer dizer: por fora, não se via. por dentro, era toda uma outra história. as dores invisíveis são sempre difíceis. o rapaz era conhecido por declinar constantemente a palavra inverno, para si próprio, e as palavras primavera e verão para os outros. um dia, ali na exacta esquina onde ainda é inverno, mas também já cheira a primavera, sentou-se ao teclado, decido a abarcar tudo, numa espécie de abraço metafórico: frio e calor, inverno e verão, passado e futuro, unidos pelas pontas dos dedos. dir-se-ia uma constelação, assobiavam alguns. nada disso, é um coração, sopravam outros. mas não era. era antes um homem vergado sobre si próprio, aceitando as estações do ano, as curvas do calendário, os espinhos e as rosas. um homem-estátua, suspenso. sentia saudades. quase morria de saudades. sabia-se hesitante. quase morria ao ter disso inteira consciência, agora. as saudades eram uma palavra feminina, vinda lá de trás. a hesitação, pelo contrário, era uma palavra exuberantemente masculina, mas também ela retrospectiva. o homem levantou-se, causando espanto e admiração aos mirones, aos passantes de ocasião. entendeu finalmente a aceitar todas as estações - e a libertar-se, talvez, da redoma das saudades e da angústia da hesitação. o homem sentou-se, já em casa, e escreveu um poema. chamou-lhe 'cuidados intensivos'. ainda hoje se diz que poeta e poema se salvaram por um triz.
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melhor, não sei dizer. ou melhor, sei, mas não posso.
Ai gi, perdoe-me a franqueza, perdoe-me a ousadia, pois nem sequer a minha opinião foi pedida, mas por mais que leia o seu poema, over and over again, não o consigo perceber :-( Falta de sensibilidade a minha, certamente, mas gostava de perceber, identificar qual o sentimento (seu, claro !)que está por detrás de tão ricas palavras.
ResponderEliminarMaf
era uma vez um rapaz que passava mal. quer dizer: por fora, não se via. por dentro, era toda uma outra história. as dores invisíveis são sempre difíceis. o rapaz era conhecido por declinar constantemente a palavra inverno, para si próprio, e as palavras primavera e verão para os outros. um dia, ali na exacta esquina onde ainda é inverno, mas também já cheira a primavera, sentou-se ao teclado, decido a abarcar tudo, numa espécie de abraço metafórico: frio e calor, inverno e verão, passado e futuro, unidos pelas pontas dos dedos. dir-se-ia uma constelação, assobiavam alguns. nada disso, é um coração, sopravam outros. mas não era. era antes um homem vergado sobre si próprio, aceitando as estações do ano, as curvas do calendário, os espinhos e as rosas. um homem-estátua, suspenso. sentia saudades. quase morria de saudades. sabia-se hesitante. quase morria ao ter disso inteira consciência, agora. as saudades eram uma palavra feminina, vinda lá de trás. a hesitação, pelo contrário, era uma palavra exuberantemente masculina, mas também ela retrospectiva. o homem levantou-se, causando espanto e admiração aos mirones, aos passantes de ocasião. entendeu finalmente a aceitar todas as estações - e a libertar-se, talvez, da redoma das saudades e da angústia da hesitação. o homem sentou-se, já em casa, e escreveu um poema. chamou-lhe 'cuidados intensivos'.
ResponderEliminarainda hoje se diz que poeta e poema se salvaram por um triz.
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melhor, não sei dizer. ou melhor, sei, mas não posso.
flores,
gi.