era no tempo das suaves raparigas
e era ainda e para sempre esse agosto
que de areia esculpia flores vestidas
de claridade salgada, acre como mosto.
era no tempo das suaves raparigas
andorinhas anunciando a alvorada
semeando palavras como espigas
preparando a colheita mais desejada.
era no tempo das suaves raparigas
forma poética e, bem sei, algo brutal
de declinar no plural a que me obrigas
aquilo que só pode existir no singular.
era no tempo das suaves raparigas
e novecentos era ainda tempo presente
tudo trocaria: agosto, espigas, mosto
por esse, de mim ausente, teu rosto
(e contudo em mim tão presente).
gi.
Um poema clássico, diferente dos habituais. Mas tão bonito! Como sempre, aliás. Obrigada. pcp
ResponderEliminarUm pequeno exercício mais classicista, na métrica e no resto, é bem verdade.
ResponderEliminarUm forma de homenagear uma das minhas 'fixações' - o rosto feminino (convenhamos que podia ser pior..) -, ao mesmo tempo homenageando esse imenso p(r)o(f)eta chamado ruy belo, autor do verso 'no tempo das suaves raparigas'.
Um poema de Verão, intemporal, vindo do passado e já apontando ao futuro.
Muito obrigado eu.
Flores ainda estivais,
gi.