18 outubro 2010

Fórmula para o caos

Fica aqui apresentado o último texto relativo ao processo de anexação do Estado de Goa. Com este resumo fica, a meu ver, bastante nítido a total incapacidade do exército português face ao indiano.
Iniciou-se, em 1961, o desmantelamento do império português, que teve o seu final com a passagem de Macau para a administração chinesa em 1999.

Por fim…. A invasão

No final de 1960, foi conhecida finalmente a decisão do Tribunal Internacional de Haia relativa à acção interposta por Portugal. A instituição judicial deliberou que às autoridades portuguesas deveria ser concedido o direito de passagem entre Damão e os enclaves de Dadrá e Nager Aveli, com a excepção das forças de segurança, dado que as forças britânicas também nunca teriam disposto desse direito. Outra deliberação do tribunal foi a recusa de censurar a Índia pelo bloqueio. Posto isto, tanto Lisboa como Nova Delhi se sentiram vencedoras, “ agarrando-se “ somente ás decisões em que lhes foi concedida razão.

Em 1961 tem inicio a guerra em Angola, consequentemente a política colonial de Salazar é fortemente criticada pela comunidade internacional. Atento aos recentes acontecimentos, Nehru quer aproveitar o momento de fragilidade portuguesa para cumprir o desejo de anexar Goa à União Indiana, sabendo que seria o mais que provável vencedor de uma guerra com as reduzidas forças de segurança goesas. Outro factor que motivava Nehru a avançar para o Estado Português da Índia, era a constante pressão a que era sujeito por parte do seu próprio partido, que considerava que a política da não-violência não estava a servir os interesses nacionais. Também na conferência dos não-alinhados que teve lugar em Belgrado, o Primeiro-ministro indiano foi quase forçado a expulsar as forças estrangeiras presentes na península indiana.

Com a crescente descolonização do continente africano, já não havia qualquer razão para que a Índia não fosse totalmente independente.

Nehru reitera, novamente, uma posição pacífica face a Goa, depois de ser duramente criticado no Conselho indiano para África: foi acusado de ter perdido o fervor anti-colonialista.

Entretanto, a imprensa indiana denuncia uma possível cedência, por parte de Portugal, dos territórios de Damão e Diu ao Paquistão. Mais uma “ acha para a fogueira “.

Depois de uma visita de Estado a Washington, Nehru toma conhecimento que a Casa Branca não condenaria uma intervenção militar em Goa. Posição partilhada pelos principais centros de decisão europeus. Paralelamente, o governo de Lisboa mostra-se pouco disponível para levar o caso ao Conselho de Segurança, pois estava convencido que a URSS vetaria qualquer acção que beneficiasse um país colonizador.

Posteriormente à nova declaração do Foreign Office a reafirmar o não-alinhamento por nenhum dos lados do conflito, Salazar pede ajuda ao aliado, invocando de novo a Declaração de Windsor. “ O país de Sua Majestade “ considera a invocação da declaração inoportuna por achar que o ataque não é inevitável. Além disso, o representante inglês em Nova Delhi afirma que o sucesso do Reino Unido neste imbróglio passaria pela neutralidade, e que o mais que poderia fazer era levar o caso ao Conselho de Segurança (onde dispunha de assento permanente) e tomar uma atitude dissuasória junto de Nehru.

Depois de reafirmar a continua intransigência de Salazar, as forças militares indianas invadem Goa na madrugada de 18 de Dezembro de 1961, sem qualquer tipo de oposição por parte das tropas portuguesas (as diferenças de poderio militar eram gritantes), chegava ao fim a presença de Portugal na Índia, numa acção que foi baptizado de “ Operação Vijay “.

Pedro Castelo Branco

1 comentário:

  1. Não convém esquecer este Homem:


    Oliveira e Carmo
    Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


    Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo foi um oficial da Marinha Portuguesa que se distinguiu pela sua morte em combate depois de uma acção heróica contras as forças da União Indiana que invadiam a Índia Portuguesa.

    Em finais de 1961, o jovem 2º Tenente Oliveira e Carmo comandava a Lancha "Vega" baseada em Diu ao serviço do Comando Naval da Índia Portuguesa, quando se dá o ataque da União Indiana àquele território. No dia 18 de Dezembro, depois de tentar efectuar um ataque e reconhecimento ao cruzador indiano "Delhi", o Tenente Oliveira e Carmo decide entrar em combate com os caça-bombardeiros Vampire, da Força Aérea Indiana, que atacavam as forças portuguesas em Diu. Com o fogo da peça antiaérea de 20 mm da "Vega" são repelidos vários ataques aéreos. No entanto num derradeiro ataque os Vampire bombardeiam a lancha matando o seu comandante e dois marinheiros, acabando por afundá-la.

    Pelo seu acto heróico, a título póstumo, Oliveira e Carmo foi condecorado com a Ordem Militar da Torre e Espada e promovido ao posto de Capitão-Tenente. Em sua homenagem, a Marinha Portuguesa baptizou uma das corvetas da Classe Baptista de Andrade com o seu nome.

    fq

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