22 fevereiro 2011

Duas últimas

Odeio o culto da nostalgia. Havia uma estação de rádio com esse nome que eu sempre me recusei a sintonizar, por me enervar o conceito que tinha subjacente. Gosto de música de todas as épocas e, se tenho alguns períodos favoritos, é porque nesses ouvi mais música do que noutros. O post de hoje é exactamente de um desses meus períodos musicais mais intensos: o princípio da adolescência, em que, com uma memória ainda muito folgada, tudo, do bom ao mau, se retém. Quase 40 anos passados apenas uma pequena percentagem das músicas de então (e tal aplica-se igualmente aos livros que li e aos filmes que vi nessa altura) sobreviveu ao meu crivo crítico e integra a selecção musical desta coisa nova para mim chamada ipod.

É o caso do "Teach Your Children" dos "Crosby, Stills, Nash & Young", mais concretamente da autoria do britânico Graham Nash. Foi uma música que, quanto a mim e ao contrário do conjunto que a canta, envelheceu magnificamente e que oiço hoje com tanto ou mais prazer do que nos idos anos 70.

Na altura achava divertida a noção defendida na cantiga de que os filhos pudessem ensinar alguma coisa aos país. Agora enternece-me a sugestão de que pais e filhos possam alimentar-se mutuamente com os seus sonhos, e a ideia de que na relação ascendente/descendente não deve haver lugar a muitas perguntas, "just look at them and sigh and know they love you". Que coisa mais reconfortante!

JdC


5 comentários:

  1. O seu último parágrafo é lindo de morrer! Obrigada. pcp

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  2. Muito obrigado, mas é a letra que é lindíssima.

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  3. Está enganado, eu queria mesmo dizer o português que está à volta da letra em inglês. pcp

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  4. JdC fiquei comovida. Tentei várias linhas, mas só me sai um abraço.

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  5. João,
    Grande escolha!
    Uma coincidência bastante curiosa: o Graham Nash fez 69 anos no dia do teu post!
    Um abraço,
    fq

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