Esta semana li algures uma definição de “ética” de que gostei muito. Dizia o autor que o princípio da ética é respeitarmos as regras, sem ser por obrigação. Em termos universais, estas regras, genericamente, são o bem e o mal, o egoísmo e o altruísmo, a consciência colectiva ou o individualismo, o amor à natureza ou a destruição da mesma, a liberdade ou escravidão da humanidade, etc… Em termos cívicos, estas regras poderão ser o cumprimento dos sinais de trânsito, a formação de uma fila para entrar no cinema, o não deitar lixo para o chão, contribuir para o desenvolvimento da comunidade, etc. Em termos familiares, também a ética aí se manifesta através de regras naturais como o respeitar os parentes mais velhos, ensinar os mais novos, colaborar nas tarefas da família, partilhar o que se tem, com naturalidade, sem que a isso sejamos obrigados.
Em termos religiosos, quando leio os evangelhos e escuto os ensinamentos de Jesus, não posso deixar de reparar que a ética é transversal a todos eles. Todos os princípios, todas as regras e normas que Jesus ensina e pede aos discípulos e, consequentemente, a nós todos, até aos dias de hoje, não são cumpridos por obrigação, com imposição de pena, multa ou coima, mas sim são acatados por opção, por amor. Obviamente, quando Jesus diz “quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la” não se refere à morte física. Pelo contrário, o que Jesus nos diz é que a verdadeira vida é a que vem de dentro de nós, é a quem nos vem da alma e das coisas do espírito e não a que nos vem do mundo. Precisamos das coisas do mundo, claro, é nele que vivemos, é dele que desfrutamos, mas quando nos apegamos demasiado a elas, ficamos muitas vezes escravizados e não conseguimos seguir em frente, porque o peso das nossas coisas e o medo de as perdermos, como se perdêssemos a própria vida, impede-nos de avançar. As coisas do mundo, os bens materiais existem para nos servir, não para nos subjugar. Valem o que valem, enquanto têm uso, enquanto não se esgota o fim a que se destinam; mas quando já não nos servem, devem sair da nossa posse, devem rodar. Não devem nunca ocupar espaço a mais na nossa vida e no nosso tempo; o tempo é finito e se o ocupamos na totalidade com as coisas do mundo, garanto-vos que não vai sobrar espaço para as coisas da alma e do coração.
Domingo Se Fores à Missa …. Desapega-te !
maf
Evangelho segundo S. Mateus 16,21-27.
A partir desse momento, Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar. Tomando-o de parte, Pedro começou a repreendê-lo, dizendo: «Deus te livre, Senhor! Isso nunca te há-de acontecer!». Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: «Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um estorvo, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens!»
Jesus disse, então, aos discípulos: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Ou que poderá dar o homem em troca da sua vida? Porque o Filho do Homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme o seu procedimento.
Bom comentário, Maf.
ResponderEliminarBjs
fq
Muito bonito, Maf! Obrigada. pcp
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