No rescaldo da época de férias (onde elas já vão?...), que muitas vezes foi
hora de viagens com a irresistível descoberta de novas paragens, vale a pena convidar
também a explorar, mais e melhor, o que está próximo – Portugal. Sim, Portugal
vale a pena, como reza um dos títulos das curtas-metragens que o instituto do
Turismo de Portugal tem vindo a lançar e que alguns terão visto no final dos
comentários do Prof. Marcelo, há uma semana, na TVI (Domingo, 30 de Outubro).
Situada na ponta sudoeste da Europa, a estreita faixa de terra lusa estende-se
de Norte a Sul, desfrutando de uma portentosa orla marítima, pejada de areais
paradisíacos, sob uma luminosidade única. Em concreto, Lisboa é considerada das
capitais do mundo com melhor luz para fotografias!
Pelo menos, exibe um passado inigualável, onde Ulisses e tantos outros terão
acostado, ou não fosse um porto por excelência, aberto ao mundo. Cidade impregnada
de ecos ancestrais, puro elo de ligação entre povos longínquos. A artista
contemporânea, Joana Vasconcelos, costuma compará-la a Istambul, por
contraponto a cidades auto-centradas, como Paris e Londres, dobradas sobre si
próprias.
É assombrosa a variedade de climas e micro-climas de que o país goza, muito
diferenciado entre a costa atlântica e a raia espanhola, entre as proximidades
do cabo galego de Finisterra e a ponta de Sagres, sem esquecer os arquipélagos
da Madeira e dos Açores – este último, símbolo perfeito da lendária Atlântida.
As imagens aéreas falam por si condensando, em escassos minutos, mil anos
de história pátria. Sente-se o pulsar de tempos mais recuados, que se perdem no
desfiar da memória.
A partir da metrópole adivinha-se um mundo imenso ali contido: do Oriente
a África, passando pelas Américas. Persistem, claramente, os vestígios de um
império onde o sol quase não se punha (de Timor ao Brasil), abarcando cerca de
doze fusos horários.
Assim sobrevoamos magníficos monumentos da grande gesta das Descobrimentos,
enriquecidos pelo colorido festivo do folclore nacional ou o fogo de artifício
e a animação soft das festas populares portuguesas. País de brandos costumes,
que Miguel Torga retratava, sem explicar, ser
um conjunto de indivíduos vulcânicos num colectivo estranhamento brando. Ou «subtil»,
segundo o filósofo basco, Miguel de Unamuno.
Online, percorremos pedaços expressivos do património artístico, sem nos
confinarmos às incontáveis jóias em pedra, com zooms cirúrgicos a fachadas de
azulejos, ou a recantos mágicos onde se canta fado, ou à arquitectura
vanguardista das principais urbes portuguesas, cheia de transparência e de
volumetrias ousadas. Tradição e modernidade entrelaçam-se harmoniosa e
imprevistamente.
Em pano de fundo, lavamos a vista no recorte verde da fronteira ocidental
do país, maravilhosamente bordejada pelo Atlântico. Uma imensidão azul cantado,
desde a primeira hora, pelos portugueses – povo de poetas. Dali se rasgam novas
fronteiras, se acumulam lágrimas de todas as gerações, se eleva o magno hino da
nossa história, composto por Camões. Num verso modesto e muito sentido, Afonso
Lopes Vieira gravou em azulejo a sua divisa, de sabor a maresia: «A minh’alma é só de Deus e o corpo da água
do mar.». Dificilmente se encontrará um português que não seja apaixonado
pelo mar.
Compreensivelmente, este retrato cinematográfico – de temática sugestiva:
«The beauty of simplicity» – foi galardoado, em 2011, no Festival de Cinema,
Arte e Turismo, decorrido na Polónia, merecendo o segundo prémio da melhor
promoção nacional. Digamos que filme e Portugal estão de parabéns! Assim como todos
quantos tenham escolhido este jardim à beira-mar plantado para gozar férias
inesquecíveis, com muita história. Com os feriados que aí vêm, ainda estamos a
tempo de escolher óptimos programas…
Portugal Promotional Tourism Film | 2011,
Produção da Krypton e música de Nuno Maló
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico,
para daqui a 2 semanas)
The Beauty of Simplicity - ora aí está um magnífico título. Thanks, MZ. Bjs. pcp
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