Surpreendentes leitores,
Durante muito tempo, o Max era, para mim, o homem que cantava A mula da cooperativa ou o Casei com uma velha / da ponta do suoli / o raio da velha rasgou-me o lençuoli... Tinha, portanto, uma valência cómica.
Mais tarde vim a descobrir um Max fadista - e também autor - que muito aprecio, nesta minha apetência musical, quiçá bizarra, de escutar as melodias de sempre. Perdi a paciência para a comicidade madeirense, privilegiando outras facetas de mais bom gosto.
À hora a que me escutarem hoje (os sobreviventes que ainda visitam este estabelecimento) estarei a voar - ou já terei aterrado - na ilha que viu nascer Maximiano de Sousa. Conto assistir ao celebérrimo fogo de artifício (para o ano a população contentar-se-á em levantar e agitar isqueiros bic numa ilusão de insularidade rica) e gozar uns dias de merecidas (desculpem-me a presunção) férias.
Deixo-vos com Max em dois fados, o último dos quais tem letra dele. Atentem no carácter nacionalista e bélico do Fado do Zé Ninguém, perante o olhar atento e vigilante de um dos ícones do 25 de Abril.
Relaxem e pensem em mim no Funchal. Se vos assaltar um pouco de inveja não se importem. No fundo é natural...
Façam o favor de ser felizes.
JdB
Soldado que foste às sortes
Vai p’ro quartel, não te importes / Que lá, ninguém te faz mal
Não temas, que não te comem
Vais aprender a ser homem / P’ra defender Portugal
Se Deus quiser ainda hás-de voltar à terra
Mas se tiveres que ir p’ra guerra / Não temas, que és português
É teu dever saber viver como um forte
Não tenhas medo da morte / Que só se morre uma vez
Ó Zé ninguém que és militar
Se a pátria-mãe tu queres honrar
Segue o exemplo dum soldado com ralé
Que morreu e está num templo, mas ninguém sabe quem é
Soldado, lá na trincheira
Se vires o porta-bandeira / Tombar com ela no chão
Levanta-a logo, soldado
Num trapo verde-encarnado / Tu tens a pátria na mão
Que a pátria vem nessa bandeira imponente
Da côr do sol, do poente / Da côr do mar e da esperança
Defende-a bem, p’ra isso tens a espingarda
E vestes aquela farda / Com que vencemos em França
Não temas, que não te comem
Vais aprender a ser homem / P’ra defender Portugal
Se Deus quiser ainda hás-de voltar à terra
Mas se tiveres que ir p’ra guerra / Não temas, que és português
É teu dever saber viver como um forte
Não tenhas medo da morte / Que só se morre uma vez
Ó Zé ninguém que és militar
Se a pátria-mãe tu queres honrar
Segue o exemplo dum soldado com ralé
Que morreu e está num templo, mas ninguém sabe quem é
Soldado, lá na trincheira
Se vires o porta-bandeira / Tombar com ela no chão
Levanta-a logo, soldado
Num trapo verde-encarnado / Tu tens a pátria na mão
Que a pátria vem nessa bandeira imponente
Da côr do sol, do poente / Da côr do mar e da esperança
Defende-a bem, p’ra isso tens a espingarda
E vestes aquela farda / Com que vencemos em França
Para os mais distraidos: Max é dos dos maiores fadistas do nosso tempo.
ResponderEliminarSdB(I)
Umas boas férias e um bom ano! Que o conhecido fogo de artifício seja a metáfora para um ano explosivo de coisas boas para todos nós. Bjs. pcp
ResponderEliminarSendo eu um leigo na matéria, registo o comentário de SdB.
ResponderEliminarFeliz conjugação, a do herói de Abril com a letra do 1º fado!
Espero que usufruas ao máximo, aí pelas terras de Max.
Abr
fq