05 fevereiro 2012

5º Domingo do Tempo Comum

Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico. 

Não estou acamado, não tenho lepra, não sou atormentado por doença nenhuma, pelo menos que mereça ser referida. E no entanto, todos os dias, de uma forma mais ou menos clara, mostro a minha febre ao Céu na esperança de que me estendam uma mão divina. Na esperança, no fundo, que me levantem, como Jesus fez à sogra de Simão.
O mundo está cheio de doenças que não provêm de vacas loucas ou de aves cacarejantes. Os nossos tormentos prendem-se com a intolerância, com o orgulho, com o egoísmo, com o rancor, com a falta de reconhecimento, com a ausência de caridade, com a indisponibilidade, com a manutenção de uma imagem que esconde um ser fragilizado por baixo de uma aura de ouro falso. Refiro-os, não como quem menciona uma lista teórica de pecados mortais do nosso quotidiano, mas porque os vejo, sinto e sou deles protagonista.
Não somos melhores porque somos crentes, porque a perfeição - ou santidade - não é exclusiva de uns. Cada Homem de boa vontade procura, à sua maneira, um caminho que o leve a viver bem consigo próprio e com os que o rodeiam, de acordo com um modelo, um código de princípios, uma prática. A partir do momento em que tive autodeterminação suficiente para o fazer, escolhi o caminho do cristianismo, no seio de uma igreja católica que é a minha, onde me revejo apesar (ou será antes por causa?) das suas fragilidades.
A minha aprendizagem sobre a vida - ou, quem sabe, o meu caminho para uma espécie de aproximação à sabedoria - não se esgota numa igreja, porque isso seria diminuir a influência de todas as pessoas que se cruzaram comigo e me vão deixando um pouco de si, sejam crentes ou não, praticantes ou não, donas de uma fé que tem dias ou que não esmorece. De todas recebi, com todas aprendi e hoje, estou certo, serei um homem que tenta ser melhor. Querer olhar para dentro com a ajuda da espiritualidade e da amizade é meio caminho andado. Falta só o mais difícil... 
A sogra de Simão tinha febre. Jesus tomou-a pela mão, ela curou-se e começou a servi-los. Se conseguirmos olhar para além de óbvio pequenino da frase que sublinhei abaixo, teremos encontrado uma mensagem importante para quem quer caminhar na igreja e, com isso, caminhar na vida. Tudo se pode resumir a uma mão que se estende, um serviço que se oferece.         
Bom domingo para todos.

JdB
***


EVANGELHO – Mc 1,29-39

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo,
Jesus saiu da sinagoga
e foi, com Tiago e João, a casa de Simão e André.
A sogra de Simão estava de cama com febre
e logo Lhe falaram dela.
Jesus aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a.
A febre deixou-a e ela começou a servi-los.
Ao cair da tarde, já depois do sol-posto,
trouxeram-Lhe todos os doentes e possessos
e a cidade inteira ficou reunida diante da porta.
Jesus curou muitas pessoas,
que eram atormentadas por várias doenças,
e expulsou muitos demónios.
Mas não deixava que os demónios falassem,
porque sabiam qual Ele era.
De manhã, muito cedo, levantou-Se e saiu.
Retirou-Se para um sítio ermo
e aí começou a orar.
Simão e os companheiros foram à procura d’Ele
e, quando O encontraram, disseram-Lhe:
«Todos Te procuram».
Ele respondeu-lhes:
«Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas,
a fim de pregar aí também,
porque foi para isso que Eu vim».
E foi por toda a Galileia,
pregando nas sinagogas e expulsando os demónios.

1 comentário:

  1. Só hoje cá vim e gostei muito da sua meditação reveladora.
    Continue com os olhos postos no céu...
    Obrigada e beijinhos

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