Esta semana encontrei-me, mais uma vez, na situação de explicar como a
astrologia, como fonte de conhecimento, foi marginalizada pelo racionalismo
cartesiano. Lembrei-me de que não conhecia a carta de René Descartes em graças à
maravilhosa internet, imediatamente a encontrei. Tive um baque…. Pensei que me
tinha enganado. Cartesianamente fui controlar as fontes de informação mas ele
tinha mesmo nascido em 31 de Marco de 1596, em Descartes, França. A vilória mudou de nome posteriormente para
celebrar o seu mais distinto conterrâneo. Enfin!
O meu olho astrológico descobriu a verdadeira causa da filosofia cartesiana.
Para explicar a minha surpresa tenho que me debruçar sobre uma das bases da
interpretação astrológica, e juntar alguma psicologia.
Os elementos em astrologia são quatro: fogo, terra, ar e água. Para quem está
habituado a lidar com a tabela dos 118 elementos este número parece ridículo, mas faço notar que os estados da matéria que eram três – sólido, líquido e gasoso
(terra, água e ar) – são agora quatro porque incluem
plasma (fogo). De qualquer maneira, estes quatro elementos que se encontram na
natureza fornecem uma síntese relativamente à forma como nos relacionamos com o
mundo. Resumidamente:
Fogo (Carneiro, Leão e Sagitário) – irradia energia, anima, dinamiza, dá
impulso criativo, entusiasma, comporta-se com optimismo, alegria, virado para
acção.
Terra (Touro, Virgem e Capricórnio) – elemento voltado para o prático, o
fundamental, o físico nomeadamente para o corpo humano, aprecia permanência,
forma, estrutura. Deseja segurança, incluindo a acumulação de bens.
Ar (Gémeos, Balança e Aquário) – simboliza a mente, a vontade de comunicar
quer por escrito quer oralmente, o mundo dos pensamentos e das ideias.
Adjectivos como intelectual, teórico, racional, lógico aplicam-se a este
elemento.
Água (Caranguejo, Escorpião e Peixes) – representa o mundo dos sentimentos
e das respostas instintivas. A capacidade de se ligar emocionalmente, de ser
vulnerável, de sentir dor. Este elemento comporta-se com intuição e com
compaixão.
Pessoas com falta de fogo nos seus temas natais deveriam ter pouco confiança
na sua criatividade e terem uma certa aversão pela acção e agressão. Encontrei
logo excepções: Sean Connery célebre pelos filmes de acção 007 e Mozart, um
vulcão de criatividade cujo fogo se ouve no concerto para piano K 22, 3º
andamento… Acho até que se podem “ver” as chamas a subir.
Aliás, sua criatividade foi de tal maneira forte e precoce que o consumiu
muito depressa.
Outro exemplo, mais comezinho mas não menos interessante de uma carta com pouquíssima
terra, é o da modelo australiana Elle Macpherson que ficou conhecida por “The Body”.
Pessoas com falta de água deveriam ser pouco sensíveis… No mundo dos compositores
encontrei dois com muito pouca água: Claude Debussy que compôs “O Mar” e
Beethoven, onde a emoção não falta… basta ouvir a Sonata “Ao Luar“.
O universo diverte-se connosco quando não pôs água na carta de Mark Spitz,
nadador que ganhou 7 medalhas de ouro nos jogos olímpicos de Munique.
À primeira vista, uma pessoa sem ar estaria mais à vontade no mundo da acção
pura, ou no dos sentimentos e no dos assuntos práticos, mas já perceberam… o
Descartes não tinha ar na sua carta, aliás assim como Einstein e o grande escritor
de contos Guy de Maupassant.
Como se explicam estas excepções? Nós temos todos os elementos no
horóscopo mas a disposição dos planetas pelos elementos têm reflexo na psique
de cada um. Um elemento pode estar melhor ou pior representado. Se bem
representado pode ter uma expressão positiva ou negativa. Se pouco representado
lidamos psicologicamente com essa falta também de duas maneiras: ou ignoramos
as características desse elemento na nossa vida projectando-as nos outros e
dessas pessoas não reza a historia, mas, se estão presentes outros aspectos
reforçadores, entramos num mecanismo de (super) compensação tornando as características
desse elemento na nossa raison d’etre
e na fonte da nossa criatividade.
A frase cogito ergo sum isto é “penso
logo existo”, escrita pelo filósofo e matemático que alterou o pensamento científico
no séc. XVII, o pai da geometria analítica e do sistema de coordenadas foi, sem
sombra de dúvida, causada pela obsessão pelo racionalismo cuja raiz é a falta do
elemento ar no tema natal e, consequentemente, na psique de René Descartes…
Uma coisa tão simples como a falta de um elemento faz com que esta vossa astróloga, malgré tout cartesiana, ainda esteja a
escrever sobre ele… 362 anos depois da
sua morte (11 de Fevereiro de 1650).
Luiza Azancot
As coisas que vais buscar.
ResponderEliminarDe facto, a experimentação a verificação e a confirmação são coisinhas da razão, mas podem estar associadas à objectividade da acção, à reposição do equilíbrio. O ar envolve mais subjectividade, mas jogo de cintura.
Descartes racionalizou o mundo da ideias - apostou na dúvida metódica e orientou a razão para atingir o verdadeiro conhecimento. Pegou fogo ao status quo!