Hoje, deparamo-nos com
obras de arte, que ainda não têm lugar nos museus ou noutros locais consagrados. Mas nem por isso deixam de cumprir a sua função de transmitir
beleza ao mundo, interpelar e iluminar-nos
por dentro.
Por exemplo, os bons
filmes publicitários deviam constar no património da Sétima Arte. Muitas
daquelas pequenas narrativas são obras marcantes. Não é por acaso que nos
ficaram gravadas na memória.
Quem não se lembra dos spots
da Martini, com imenso glamour, a transportar-nos até aos monumentos lindos da
Itália medieval ou até aos circuitos da Fórmula 1, cheios de beautiful people, ou
até aos últimos andares dos arranha-céus de Manhattan, de acesso reservado a
CEOs e a um catering especial de cálices de Martini Rosé, servidos por uma
modelo em patins?
Outro caso de sucesso foi
a campanha de divulgação da Expo’98, num filme com bebés muito redondinhos a
nadar animadamente entre algas e peixes de todas as cores, explorando o fundo
dos oceanos. O segundo spot da mesma série acrescentava à geração do futuro,
maravilhosamente representada pelos recém-nascidos, um desfile de habitantes de
todo o planeta a passear-se pelo universo subaquático, vestidos com os fatos tradicionais,
milenares.
Recentemente, uma empresa
britânica(1) promoveu os seus serviços com enorme sentido de humor.
Aliás, já é considerada a melhor curta-metragem publicitária da Grã-Bretanha,
em 2011. Imagina-se uma velhinha, com aspecto de avó amorosa, entrar numa
missão de policiamento arriscado? E tudo em velocidade relâmpago, à maneira dos
thrillers?
Depois da emoção da
velhinha, tão despachada, uma outra emoção aconteceu no Brasil, no final de
2011, também a ver com arte… fotográfica! Naturalmente, com o excelente
contributo da natureza, que criou um cenário irrepetível.
Num dia especial, em que
as condições atmosféricas ofereciam um espectáculo único, na espantosa baía do
Rio de Janeiro, a estátua do Cristo do Corcovado parecia pairar acima das
nuvens. Aconteceu numa manhã abençoada do último dia de Outubro, imortalizada
pela câmara de um fotógrafo atento:
Volto à publicidade, com um
outro par de filmes memorável. O primeiro é da Honda (2006) e recorre à música
para demonstrar rigor e precisão: um coro estacionado
numa garagem gigantesca replica os sons bem cadenciados do último modelo da
marca japonesa. Escusado será dizer que os silêncios são tão determinantes
quanto os variadíssimos timbres da super máquina.
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Parodiando, deliciosamente,
com a Honda e a ideia de um motor musical a merecer um coro profissionalíssimo,
uma carrinha modelo pão-de-forma
também arranjou um coro à altura da sua música…
A terminar: um
contributo da chamada arte urbana, feita por pintores que, a pouco e pouco, têm
vindo a ganhar alguma visibilidade. Alguns assinam trabalhos brilhantes, que
ajudam a melhorar o aspecto das cidades… e até dos carros. Em Moscovo, murais
lindos cobrem as empenas de inúmeros prédios antigos, com ícones e telas
gigantescas. Arte sofisticada, nada a ver com o estilo urbano-depressivo dos grafitti comuns.
Deve ser bem
gratificante espalhar imagens bonitas pelas ruas por onde todos passam. Nesse
aspecto, é bem louvável o efeito dos magníficos painéis de arte bizantina que
forram as principais estações do metro moscovita. Como tudo o que é belo,
lava-nos até à alma.
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico,
para daqui a 2 semanas)
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(1) St John Eye Care Centre, a publicitar o rastreio oftalmológico dos reformados.
Bom giro, Emi! O primeiro, uma delícia, típico British humour! Os outros dois muito conseguidos também, não fora a voz o primeiro instrumento musical do Homem. Já estas pinturas murais, à partida não me agradariam (odeio as da Fontes Pereira de Melo). Mas estas são francamente giras e devem bem animar o cinzentismo (atmosférico) de Moscovo. Boa! Bjs. pcp
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